1991

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o homem acorda com o barulho de duas vozes briguentas no andar de baixo. ele olha para seu marido dormindo ao lado, cujo o braço está o prendendo pela cintura na cama. o menor sorri. não importa quanto tempo passe, seu marido jamais irá mudar.

— você é ciumento até quando está dormindo, né? — ele sussurra enquanto deposita um beijo na ponte do nariz do marido. com o cuidado e a experiência de anos acordando assim, o homem sai da cama sem despertar o outro, que se vira na cama, franzindo suas sombracelhas de forma descontente, sem acordar. Severus Snape ri, sentindo o peito explodir de amor pela figura grandalhona na cama.

o barulho no andar de baixo se intensifica, Severus abre a porta. no andar de baixo, duas figuras estão lutando com bastante afinco. duplamente surpreso, o homem primeiro se pergunta como conseguiram ultrapassar a barreira de proteção da casa Black, e depois arregala os olhos quando uma dessas figuras levanta a cabeça, com a intenção, aparentemente, de dar uma cabeçada no outro.  é como se ele estivesse olhando para uma fotografia que ganhou vida. seu queixo cai.

imediatamente, seu cérebro lógico entende o que está acontecendo ali, seus olhos capturam poeira de vira tempo nos cabelos dos dois garotos. e ele suspira pesadamente, logo no dia de folga dele?

quando ele se tornou um inominável, não imaginava que o trabalho iria segui-lo até mesmo em casa. ele coça o cabelo, ainda meio incerto sobre o que fazer. ele interrompe a briga do eu jovem dele com o eu jovem de Sirius?

— Sev? o que você está fazendo parad... — seu marido sonolento se engasga de surpresa ao ver a briga acontecendo no andar de baixo. ele olha para Severus, esperando uma resposta.

— acidente temporal, é o meu palpite. os nossos eus jovens foram expostos à poeira de vira tempo, e acabaram viajando no tempo de forma aleatória. — àquilo sai com tanta naturalidade da boca de Severus que tudo que Sirius pode fazer é assentir, fingindo que compreende o que o marido inominável disse. seus olhos se voltam para a sua figura derrotada no chão, e uma carente de dor se desenha na face do maior.

— nós deveríamos avisar eles? — Severus pergunta ansiosamente, e finca suas unhas ansiosas no braço de Sirius, sua expressão fofa o deixa com vontade de beija-lo, e é issp que Sirius faz, depositando um beijo casto, mas cheio de desejo nos lábios do marido.

— você é o inominável.

uma expressão séria toma conta do rosto antes ansioso de Severus. expressão que Sirius acha absurdamente sexy, que por pouco não surta e leva seu marido para dentro do quarto igual um daqueles homens das cavernas. ele morde a bochecha com força, tentando controlar sua parte de baixo. não é hora para isso. mais tarde.

— para de fazer essa expressão. — o moreno está corado, mas um brilho orgulhoso em seus olhos de ônix.

— que expressão? — Sirius se faz de desentendido.

— essa expressão de "eu quero comer você até a exaustão" não é hora para isso, amor. mais tarde eu deixo você fazer o que quiser comigo. primeiro precisamos lidar com esses dois problemas. 

o outro pisca, e desce às escadas na direção dos adolescentes briguentos. ele finge uma tosse, atraindo a atenção dos dois outros. Sirius se diverte quando vê seu eu mais jovem e o eu mais jovem do seu marido arregalando os olhos. ele senta no topo da escada, apreciando o show.

o homem lhes dá um sorriso confiante. àquela situação não é algo incomum para ele, lidar com questões temporais é algo corriqueiro no trabalho de um inominável. semana passada, vários bruxos da idade média apareceram no departamento em que trabalha, eles haviam tido o azar de serem salpicados com areia de vira tempo. foi um trabalho simples manda-los de volta porque não tinha tanta areia em seus corpos. mas esse caso, é mais complexo. seus eus jovens estão praticamente pintados de areia, suas roupas, rostos, cabelos... tudo cheio de areia temporal.

Don't blame me Onde histórias criam vida. Descubra agora