Em algum lugar

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Sol... Muito sol mesmo. Fecho os olhos com força e tampo os olhos. De imediato sinto o cheiro de mar, a brisa suave passando por todo o meu corpo e o som das ondas quebrando.
A última coisa que lembro é de estar com Sirius e então de ser puxado para cá.

  — Você está bem?  — Abro os olhos e pisco algumas vezes com as manchas que aparecem nos meus olhos.

— Onde estamos?  — Pergunto. Sinto Sirius se movimentando ao meu redor, olhando as coisas, quando escuto-o soltar um suspiro de prazer.

— Estamos numa praia, e para melhorar, uma praia no verão.  — Suas mãos vão até minha nuca, fazendo uma pequena massagem nela. Como... Como forma de me acalmar? Me afasto para longe dele e depois que minha visão se ajusta e melhora, vejo que estamos em uma praia, e está quente, o céu de um azul sem nuvens. Tento frear minha reação de admiração pelo lugar.

— Você gostou daqui? — Sirius pergunta, parecendo surpreso por eu gostar de uma praia. Lanço para ele um olhar de Duh. Sua reação automática é levantar os braços em defesa.

— É que de todas as pessoas que eu esperava gostarem de praia, você seria a última na minha lista. — Minha reação é mais forte do que eu, dou um tapa em seu braço e por um segundo me sinto uma mãe batendo em seu filho pestinha. Pego minha varinha e faço um feitiço protetor contra o sol em mim e nele.

— Para a sua sorte, ou azar, eu estou de bom humor. — Tiro as camadas de roupa que me cobrem até ficar apenas de cueca.
Tiro os sapatos de qualquer jeito e os deixo jogados ao lado das minhas roupas. Pelo canto do olho vejo o rosto dele corar com minhas ações. Saio em direção ao mar. Não penso, apenas me jogo na água. Sinto um sorriso brotar no meu rosto. É muito bom estar em um local quente.

Me viro para olhar Sirius na praia, ele está em pé, parece indeciso. Ha! Sirius Black indeciso, isso parece até piada. Mordo os lábios, tentando abafar uma risada. Se eu visse essa versão dele em hogwarts provavelmente pensaria ser uma alucinação, pois se existe uma coisa que não combina que Sirius Black, é indecisão. Nossos olhos se encontram, meu coração erra uma batida. Que coisa estranha.

Um breve momento se passa, então, prendo a respiração quando de forma decidida, Sirius começa a tirar a roupa, na minha frente, bem, não na minha frente, mas no meu campo de visão. Sinto uma sensação esquisita se rastejando pelo meu corpo, pois durante todo o processo seus olhos não me deixaram um segundo que fosse.

Quando este mergulha, preciso resistir a vontade de me esconder dele e de não ficar olhando o seu corpo. Tento manter meu foco em seus ombros, percebo que estes são lotados de pintinhas e por um segundo de insanidade me questiono como seria beijar elas.

— Cara, tem alguma coisa errada com os meus ombros? — Sua voz me causa um pequeno sobressalto. Sinto minhas bochechas esquentarem e minha primeira reação é ser ranzinza.

— Não seja idiota, Black. — Torço que ele não perceba a incerteza da minha voz. O meu nervosismo. Jogo água em sua cara quando vejo um sorriso sacana surgindo em seus lábios.

— Não estou sendo idiota! — Devolve. — A essa altura você já devia ter se conformado que nós dois iremos nos casar e que foi esse rostinho lindo aqui. —Ele aponta um dedo para o próprio rosto.

— Não ouse!

— Que conquistou o seu coração. — Não sei se foram muitos anos de raiva reprimida, mas quando ele diz isso, me jogo em cima dele. Meu lado racional me diz que eu estou sendo imaturo, pois Sirius não está falando nada além de verdades para mim, mas meu lado irracional que passou anos acumulando raiva me diz que Sirius merece mais um pouco de porrada. E eu escolho ceder a ele.

— Calma aí! Severus, você anda muito estressado! — Bufo, e o lanço um olhar mortal quando este consegue me conter segurando minhas mãos. Se aproveitando disso, ele me puxa para perto dele, solto um gritinho assustado quando nossos corpos se encostam.

— O que é que vo-

Paro de falar quando ele bota um dedo nos meus lábios, me silenciando. Minhas bochechas coram, engulo seco com a estranheza do momento, com a intimidade. Um olhar divertido cruza o rosto insuportavelmente aristocrático.

Suavemente, como se estivesse com medo de me assustar, ele passa a palma da mão pelo meu rosto, num carinho que eu jamais vi outra garota recebendo. Não que eu preste atenção nas pessoas que Sirius Black costuma ficar, mas sei o suficiente para saber que ele nunca seria carinhoso assim com qualquer uma ou um.

— Sev... Severus, vendo os nossos eu do futuro, eu percebi que talvez nossa linguagem de amor seja atos de violência. Ai! — Dou um tapa nele e reviro os olhos, me afastando dele.

— Por que eu ainda espero seriadade de você? — Uma gargalhada escapa de Black, me fazendo querer bater nele de novo.

— Estamos na praia, doce. Se um dia eu ficar algo que não seja feliz estando numa praia, pode pedir para me internarem na ala hospitalar. — Reviro os olhos com isso. Sirius Black conseguia me surpreender a cada segundo que passava. Mordo o interior da bochecha. Por fim, solto um suspiro, completamente resignado.

— Está certo, senhor Black felicidade.

Em um gesto brincalhão, Sirius aperta a ponta do meu nariz. Nossos olhos se encontram e dessa vez me permito tentar descobrir suas emoções. E o que vejo é esperado, vejo dor, felicidade, curiosidade e um misto de espanto. Um verdadeiro misto de emoções, eu diria.

Tenho certeza de que não estou muito diferente. Ainda não me conformei totalmente com a ideia de que este garoto está destinado a ser o amor da minha vida. Não é como se eu tivesse perdoado ele por tudo que me fez, Sirius Black, como metade dos Blacks que conheci e ouvi falar, fez por merecer a fama que tem.

Ele é considerado um bastardo por metade da escola e não é à toa.

Inspiro e respiro fundo, sinto o cheiro do mar e no meio disso, o cheiro dele. Não vindo dele, mas consigo sentir o cheiro do perfume dele em mim. Se eu me concentrasse, tenho quase certeza de que iria encontrar vestígios da magia de Sirius impregna no meu corpo. Faço uma careta, imbecil possessivo. E de repente, eu começo a lembrar de coisas sutis que aconteceram comigo quando brigava com ele.

"Por que você está cheirando dessa forma?" Lucius se virou para mim, com o nariz enrugado enquanto abria um frasco de uma poção cor de mel. Soltei um gemido de dor ao tocar no meu olho inchado.

"Que cheiro? Os das bombas de bostas que jogaram em mim!?" Lucius faz que não com a cabeça. Seus olhos cinzas analíticos.

"Você está cheirando como os Black. Como a minha Ciça! e não digo de perfume normal, falo de magia." Sua voz soou confusa por um momento, dei de ombros. Não sabia do que ele estava falando.

— Sev... Severus. Acho que devemos ir vestir nossas roupas, não quero aparecer em outro tempo só com as roupas íntimas. — Ele diz, me tirando da minha linha de raciocínio. Minha vontade de questiona-lo é enorme. Mas algo dentro de mim sabe que não é esse o momento, pelo menos não agora.

Sinto as bochechas corarem quando Sirius me impede de nadar e ao invés disso me envolve pela cintura, nos tirando de dentro do mar. Tento não pensar em como esse ato é íntimo demais, como estou próximo demais dele. Tento não pensar em nada.

N/A: Eu não desisti dessa história, e sim, sei que demorei a atualizar essa muito mais do que as outras. Essa daqui vai ser curtinha comparada as outras, pretendo escrever mais alguns capítulos e terminar ela. Mas, espero que tenham gostado dessa atualização. vocês são maravilhosos! 💗


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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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