Amigos?

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Bang Chan

A realeza, lugar onde todos matariam para ocupar um lugar, um maldito lugar, a realeza algo bem além de apenas poder e virtude, você deve estar preparado caso alguma guerra ocorra, caso seu povo precise de você, caso a coroa corra perigo, por esses motivos se é preciso montar um conselho de confiança, se montar uma relação amistosa entre nobres e plebeus, mas é claro que muitos reinos se esquecem disso, o poder consome eles, a ambição por mais faz com que enfraqueçam, eles creem que são os mais poderosos, mas o que seriam deles caso os súditos fizessem uma rebelião? Vários reinos já comprovaram a respostas, se tornam fracos, fáceis de manipular e derrotar, sumindo um por um do mapa.
Felizmente esse não é o caso do nosso reino, carregando o emblema de um lobo, todos são tratados como iguais, há sim uma hierarquia, porém quem está no topo cuida dos de baixo e os que estão a baixo dos nobres, protege-os, como uma verdadeira alcatéia, todos em um, onde o traidor pagará caro.
Meu pai, rei de Wolvesland, um homem bondoso que constantemente é rotulado de: Idiota, bondoso, sem pulso firme, fraco, entre outros nomes, somente por tratar bem seu povo, mas meu pai não é idiota, ele apenas sabe como é está nas mãos de um rei ingrato, ele sabe o que nenhum desses reis ambiciosos jamais iram saber, minha família nem sempre foi nobre, lembra dos reinos que desapareceram do mapa? Pois bem, um desses reinos moravam meus ancestrais, como servos, tradados copo porcos, mercadorias baratas. Meu ancestral viu sua esposa recebendo um tapa da rainha somente por não querer entregar seu filho a mesma, a rainha havia tido apenas meninas e naquela época apenas os homens poderiam governar, o que também foi mudado em nosso reino, mas voltando, minha vó se negou a entregar seu primogênito, recebendo assim sentença de morte por negar algo a uma rainha de nariz em pé, a morte aconteceria em praça pública, como um aviso para que nunca negassem nada a rainha, porem o que a mesma não imaginava era que nesse dia uma rebelião iria acontecer, levando como prêmio toda a queda da família real, liderada por aquele que a esposa foi ameaçada e agora sendo nomeado o novo rei, ganhando a responsabilidade de liderar um novo reino, um reino justo, onde qualquer um que manchasse o símbolo de lealdade seria punido, sendo nobre ou não.
Séculos depois aqui estamos, mantendo a promessa que é lema do nosso reino, “Até que o ultimo lobo caia.” Uma palavra de grande peso para todos nós, e eu, bom, serei o próximo a carrega-la.

Sou Christopher Bang, primogênito do Monarca e da Rainha-consorte Bang, herdeiro do trono de Wolvesland, não se enganem por conta do meu cargo, também tenho regras e uma delas é que o herdeiro da coroa deve-se ter um parceiro até os 21, idade na qual ocorre a coroação seguido pela tradição e é aí que o problema acontece, eu já tenho 20 anos e não tenho nenhum parceiro, não por falta de opção, mas sim por conta de nunca ter encontrado alguém na qual fizesse eu sentir um terço do que sentem em livros, cada olhar, cada gesto, eram sempre calculados, nada era natural, tudo era feito por um único propósito, ter o trono, já viajei para vários reinos com meu pai, nenhuma pessoa despertou algo em mim, sempre eram os mesmos olhares, banhados de luxurias e ganância. Devido a essas circunstâncias meu pai aproveitou que esse ano aconteceria a lua rosa, evento na qual acontece a cada três anos no dia 06/02.A festa da lua rosa como o próprio nome diz é o dia na qual a lua fica totalmente rosa, conhecida também como dia dos amantes, por conta disso nesse dia todo o povo vai para o jardim real com roupas brancas, assim como as rosas que decoram o jardim, quando o jardim é envolvido pela luz  da lua é cultural os amantes darem uma rosa para o seu par, basicamente é uma festa, na qual todo o reino participa e por esse motivo meu pai convidou princesas de outros reinos para participar da festa, para que assim talvez eu encontre alguém, mesmo que eu não quere muito, não custa tentar.

- Vossa alteza real. -Escuto uma das damas de companhia de minha mãe me chamar, fecho meu livro e olho para a mais velha que se curva. -Perdão atrapalhar vossa leitura, mas sua majestade está lhe chamando para o café. -Afirmo levantando para guardar o livro, saiu da biblioteca e desço até a sala de jantar vendo meus pais.

-Bom dia Christopher, demorou para descer. -Coço minha nuca já me preparando para me desculpar com o mais velho. -Não se preocupe, também esqueço do mundo em meio aos parágrafos, mas tente não se atrasar, sabe como vossa alteza ama comer com toda família. -Diz rindo enquanto olhava para a minha mãe.

-Eu só gosto desses momentos em família. -A mais velha defendesse.

-Ok,ok, filho, quer ir até a vila comigo? -Olho para o meu pai e afirmo de imediato, amava ir na vila. -Pois bem, após o café vá se arrumar. -Afirmo e volto a comer com os mais velhos, após terminar me levanto e curvo levemente antes de me retirar para o meu quarto, ponho o meu traje para passeios e desço, passo pelo salão principal cumprimentando os criados, vou até meu pai que já se encontrava om ambos os cavalos, subo no meu e espero que o mesmo vá na frente, logo seguindo-o, ao passarmos pelos portões reais levava cerca de 5 minutos até a vila, o caminho era repleto de plantas, sempre cuidávamos de tudo ao redor, então era comum estarmos rodeados de plantas, já dava para ver o começo da vila logo a frente e após chegarmos, descemos e cumprimentamos aqueles que estavam ao nosso redor. -Filho, enquanto irei ver se o povo está precisando de algo, pode dar uma volta pela vila caso queiras. -Sorri afirmando, vejo alguns se curvarem e aceno para eles, realmente amava a vila, dava para ver os olhares carinhosos e sinceros que nos davam, fazia-me sentir bem.
Saiu andando pela vila ao lado do meu cavalo, olhava as crianças brincando na rua, eram tão inocentes e felizes, como eu amava crianças, vejo uma garotinha se aproximar de mim, sorri me agachando na altura da mesma que sorria.

-Ei! Volta aqui garota! -Vejo a moça correr ao nosso encontro, talvez fosse a mãe da garotinha. -Ira atrapalhar o príncipe. -Olho para a mesma. -Perdão sua Alteza. -Diz se curvando.

-Não precisa pedir perdão, ela não está atrapalhando. -Sorri para conforta-la, volto minha atenção para a menor que estende uma flor na minha direção. -Quer pôr no meu cabelo? -A mesma afirma, deixo que colocasse a flor, sorri vendo-a correr para trás da mãe, levanto olhando para a mais velha. -Sua filha é um amor e novamente, não precisa se desculpar. -Aceno para ambas e volto a caminhar enquanto olhava em volta, caminho até um campo aberto, consigo ver ao longe alguém andando, deixo o cavalo para que pudesse descansar e vou andando na direção a pessoa, quando estava perto o suficiente para consegui identificar o ser, vejo que era um menino, seus cabelos eram claros, se destacavam nos raios do sol, mas nada superava a constelação que o mesmo tinha em suas bochechas, elas sim roubavam todo a atenção, o mesmo ainda não havia percebido minha presença, estava distraído demais nos pássaros que sobrevoavam, o mesmo ria enquanto olhava-os, mas sua risada foi substituída por um grito, parece que ele havia finalmente percebido minha presença.

-Perdão, não foi minha intenção lhe assustar. -Me desespero, não queria de jeito nenhum assustar o menor.

-Su—Sua Alteza! -Seus olhos estavam arregalados e eu estava é surpreso com a diferença da sua voz. -Perdão, eu não havia visto-lhe. -Diz se curvando.

-Ei calma! Não precisa se desculpar, fui eu que assustei o mesmo, deveria ter falado algo. -Me aproximo do menor pelo nervoso, mas logo me afasto ao velo dar um passo para trás. -Sinto muito, de verdade. -Estava envergonhado por toda situação.

-Não, eu só estava.....não precisa se desculpar, eu só estava distraído. -Disse de cabeça baixa.

-Bem....podemos começar de novo, ne? -O mesmo me olha com o semblante confuso. -Qual é o seu nome?

-Felix.......Lee Felix. -Diz ainda meio hesitante.

-Ola Felix!Eu sou o Christopher. -Vejo o mesmo rir.

-Eu sei. -Coço a minha nuca enquanto o menor colocava as mãos na boca para abafar o riso. -Desculpa!

-Não, tudo bem, eu meio que mereço essa crise de risos –Ri. -O que faz aqui sozinho, Felix?

-Ah, eu sempre venho para cá, é tão calmo e bonito. -Diz olhando em volta e se sentando na grama.

-Tem razão, aqui é lindo. -Olho para o menor. -Posso sentar do seu lado?

-Claro que pode Sua Alteza. -Diz enquanto me olhava, sento do seu lado.

-Estamos só nós dois aqui, não precisa me chamar de Sua Alteza.

-Então como Sua....você gostaria de ser chamado? -Questiona-me.

-Pode me chamar de Chan, se quiser é claro. -Ri levemente.

-Tudo bem, Chan. - Sorri. -Pode me chamar de Lix....-Diz enquanto me olhava.

-Lix. -Repito. -Quantos anos você tem,Lix? -Queria de alguma forma puxar assunto com o mesmo.

-Eu tenho 17. -Olho para o menor um pouco surpreso. -Que foi?

-Você tem 17 com uma voz dessa?! -Acabo exclamando alto demais, coro enquanto o menor tem novamente uma crise de risos. -Desculpa, fui muito indiscreto. -Digo envergonhado.

-Tu—tudo bem Chan. -Diz entre risadas, me deixando ainda mais envergonhado, alguém me enterra?! -Sim, minha voz é bem incomum, ainda mais na minha idade, já sofro um cero bullying por isso anos atras. -Olho para o menor.

-Não deveria sofrer por conta da sua voz. -Digo indignado.

-Sabe como adolescente são com relação a algo diferente, já passou de qualquer forma. -Da de ombros.

-Mesmo assim, não deveria. -Ainda estava indignado e o menor ali, só rindo, escuto um grito e olho na direção da voz, vendo meu pai, me levanto junto ao Felix que abaixa a cabeça se curvando levemente.

- Christopher, estava te procurando! -O mesmo acena para Felix. -Já está na hora de irmos. -Diz já dando as costas e saindo andando, olho para Felix.

-Você vem aqui todos os dias ne? -Vejo o mesmo afirmar. -Posso vim amanhã aqui te ver de novo? -Vejo o mesmo afirmar. -Tudo bem, atem mais....Lix.-Digo baixo para que meu pai não escute, aceno e vou atras do mais velho, subo no meu cavalo e o sigo.

-Vejo que fez um amigo. Diz meu pai.

-Sim, ele é bem legal. -Sorri de leve.

-Que bom que fez novos amigos, fico muito feliz com isso. -Após isso o caminho foi totalmente silencioso, ao chegarmos vou direto para o meu quarto, não estava com fome, apenas queria dormir.

- Christopher fez um amigo na vila. Diz meu pai –Gosto de ver o mesmo sendo amigo do povo, mostra que ele será um bom rei, agora falta só a parceira. -Diz seu pai se retirando para o escritório.

-Ou um parceiro. -Diz sua mãe há uma das damas de companhia enquanto ia para o seu aposento real.

Meu Nobre Camponês Onde histórias criam vida. Descubra agora