𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐈

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𝐔𝐌𝐀 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀



     Kozume Kenma nunca foi de ir a festas, mas nesta noite se encontrava sentado na escadaria da casa de Yaku, à procura de um lugar um pouco mais silencioso, onde ele poderia se mexer sem esbarrar em alguém embriagado. A música alta era acompanhada de gritos vindo do time de vôlei do colégio Nekoma e do colégio Fukurodani que foi convidado para que os times se conhecerem melhor antes do amistoso da semana seguinte. Não que os dois times não tivessem se enfrentado antes, mas os primeiranistas não sabiam o que esperar e os outros garotos na maioria das vezes eram amigos, como Kotaro Bokuto, ace e capitão do Fukurodani e Kuroo Tetsurou capitão do Nekoma. Claro que em uma festa de adolescentes empolgados havia alguns penetras, o que de acordo com Taketora significava que isso era uma festa de verdade, mas para Kenma isso significava mais barulho e mais gente bêbada e descontrolada.

Mas se você como qualquer um notou o quanto Kozume preferia estar em casa também deve questionar o porque ele não saiu dali, ou melhor, o porque ele foi em primeiro lugar. A razão disso era o bloqueador central do Nekoma, que por acaso era o melhor amigo de Kenma. Kuroo conseguiu tirar o garoto de casa com a promessa de que ele não precisaria ir a nenhum outro evento desse tipo nos próximos três meses, o que pareceu uma boa barganha no momento, já que Kenma havia sido prometido um encontro pequeno entre os dois times de vôlei e algumas latinhas de energético, mas depois de três horas ali Kenma estava profundamente arrependido de ter colocado uma roupa apresentável, mas extremamente desconfortável — A calça jeans era apertada demais comparado a sua calça de moletom, e ele sentia falta de seu moletom preto encardido — e Kuroo que o trouxe aqui estava desaparecido a duas horas. Kenma tentou achar alguém que como ele não estava bem naquela multidão, mas só viu um Akaashi Keiji muito irritado — pelo menos ao ver de Kenma que viu o garoto de cabelos pretos, que raramente corria, disparar em direção a saída — correndo para a saída. "Sortudo" pensou Kenma, afinal ele não tinha muita opção a não ser ficar ali, já que Kuroo e ele estavam de carona com Fukunaga que não bebia.

Kenma estava considerando ir embora a pé, ele não estava em um bairro perigoso afinal, e estava completamente sóbrio, conseguia andar alguns quarteirões até sua casa, quando Taketora abriu a porta da frente e quase derrubou seu copo no garoto sentado. — Kenma! Tá fazendo o que aqui? — Tora perguntou, falando um pouco alto demais para o gosto de Kenma. — Poderia te perguntar o mesmo.— Kozume respondeu, esperando o garoto ir embora, mas ele não foi, na verdade ele abriu a porta um pouco mais e Kenma viu uma garota na porta, e percebeu que ele havia ocupado o local onde os casais ficavam. — Ah.— disse e se levantou entrando de novo na casa, já que não queria ver Taketora tentar e falhar miseravelmente em beijar aquela garota, que não parecia interessada nele daquele jeito já que recuou quando ele tentou segurar sua mão.

A casa estava muito barulhenta, exceto por um cantinho perto da cozinha onde estavam as bebidas, já que todos estavam entretidos perto da caixa de som do outro lado da sala. Kenma viu Bokuto sentado no sofá olhando fixamente para seu copo de algo que ou era água ou vodka, e Lev se aproximando provavelmente para pegar uma bebida. Também viu uma garota se sentando ao seu lado. — Kenma não é? O líbero do nosso colégio. Adoro o jeito que você joga.— A garota disse sorrindo. — Levantador.— Kenma respondeu e a garota franziu o cenho em resposta. —Sou levantador do Nekoma. O líbero é o anfitrião da festa, que você claramente não foi convidada. — Afirmou procurando se livrar da garota, já irritado por ter de estar ali. —Ah, bem foi um erro honesto, afinal quem prestaria atenção no jogo quando poderia ficar olhando para você— A garota disse , ignorando a última parte que Kenma disse e se aproximando colocando a mão no joelho de Kenma que não poderia estar mais desconfortável. — Não acho que vale a pena deixar de ver um jogo para olhar os jogadores. Se quiser encarar alguém, encare uma foto.— Ele disse e quando tentou se afastar a garota empurrou seu banquinho em sua direção ficando perto demais. Quando Kenma achou que seria obrigado a empurrar a garota que estava cada vez mais perto, sentiu alguém pegar seu pulso.

Kenma encontrou os olhos de Kuroo, que murmurou seu nome enquanto o puxava do banco. Kenma se recordou de Kuroo reclamando daquela garota a alguns dias atrás, sobre como ele havia beijado ela uma vez e ela começou a chamar ele de seu namorado. "Ótimo, ele vai me tirar daqui" pensou. Por isso se surpreendeu tanto quando Kuroo não andou em direção a saída mas soltou o pulso de Kenma e o puxou para um beijo. Um beijo que teria sido tudo o que Kenma mais desejava se fosse a algumas horas antes, mas agora tudo que vinha a sua cabeça era o fato de Kuroo estar fedendo a álcool e parecer estar perdendo o equilíbrio. Kenma queria não pensar, e merda desejava tanto não ser tão racional naquele momento e simplesmente aproveitar um pouquinho de suas fantasias mais distantes enquanto os dedos de Kuroo empurravam a gominha que prendiam seu cabelo para o chão. Mas não podia, não iria arriscar sua amizade porque Kuroo quis deixar claro para uma garota que ele não podia ligar menos para ela, e preferia beijar o levantador quieto e preguiçoso do seu time a ela. Então, por volta de 10 segundos atrasados, Kenma afastou Kuroo e viu de relance um Lev, muito confuso. Kuroo parecia espantado mas tinha um pequeno sorriso no canto de seus lábios, a garota já tinha saído dali, e Kenma chegou a conclusão de que deveria ter ido embora a horas atrás então se virou e saiu andando em direção a saída amaldiçoando cada parte de Kuroo Tetsurou que o transformava em um completo idiota.

  ***

   Na segunda-feira de manhã, Kenma foi acordado por seu melhor amigo, e não soube o que pensar. Não soube o que pensar até descer as escadas e sair de casa com Kuroo que comentou sobre o como não se lembrava de nada da festa no dia anterior. Ele não se lembra. Kozume deveria se sentir aliviado, mas sentiu como se o pouco de esperança que ele tinha de seus sentimentos serem recíprocos tivesse sido pisoteada. Pelo menos ele mantinha sua amizade, contanto que ninguém soubesse.

Tudo estava normal. Tudo estava bem. Exceto que não estava. Kenma não conseguia deixar de pensar em Kuroo o beijando toda vez que olhava para seu melhor amigo e sabia que isso não ia passar, não importa o quanto ele se amaldiçoasse por isso. Talvez esse seja o motivo dos levantamentos de Kenma estarem piores no treinamento desse dia. Agora eles estavam iniciando uma partida 3x3 na esperança de Kenma ter uma melhora durante a partida, então agora ele estava no lado esquerdo da rede junto de Kuroo e Lev.

O jogo estava empatado, e Yaku e Taketora estavam tão elétricos que não conseguiam parar de falar apesar dos xingamentos do treinador, e bem o capitão do time não servia de muito já que também ria junto de Lev. Teshiro estava silencioso, e Kenma tentava ao máximo fazer um levantamento decente, apesar de Kuroo estar dando um jeito de salvar os pontos, e bem uma finta aqui e ali de Kozume funcionaram. A cada levantamento Kenma pensava "Vou ficar bem, é só um jogo que eu não posso ganhar" e fazia algo mais ou menos. Essa técnica estava começando a funcionar e quando o primeiro levantamento bom de Kenma saiu, Lev resolveu falar.  — Finalmente Kenma! Não dá pra ficar só pensando no Kuroo ter te beijado o treino inteiro! Atrapalha o jogo de todo mundo!—.


E por melhor que o levantamento fosse a bola caiu no chão ao lado da rede, porque Kuroo nunca a cortou. Não quando o time inteiro agora os encarava, e Kuroo olhava espantado para Kenma como se acabasse de descobrir que o garoto matara alguém. Kenma se lembrou que no meio da confusão viu de relance um Lev confuso, mas ele não achou que esse fosse o motivo de sua confusão. Kozume devia parecer estar em pânico, porque bem, ele estava, e agora encarava Kuroo com os olhos arregalados e a boca semi-aberta procurando algo para dizer. Algo que não saia. Então Kenma se virou nos seus calcanhares e saiu andando calmamente da quadra, para começar a correr— O que ele odiou por sinal, mas odiava mais a ideia de encarar Kuroo agora— em direção a sua casa quando chegou no gramado da entrada da escola e ouviu vagamente, Yaku gritando alguma coisa seguido de Taketora e Kai.







A/N:          

         Só pra avisar, a fic vai ser curta e vai alterar entre os pontos de vista dos 2 protagonistas pra focar nos sentimentos deles, eu espero que vocês gostem e qualquer erro ou sugestão é só me avisar! Ah, e essa fic vai ter uma outra no mesmo universo de Bokuaka (ainda não foi lançada, mas vai ser, logo logo) então quando terminarem, se gostarem podem passar lá pra dar uma olhada.  Obrigada por ler!

𝐍𝐞𝐠𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 - 𝐔𝐦𝐚 𝐬𝐡𝐨𝐫𝐭-𝐟𝐢𝐜 𝐝𝐞 𝐊𝐮𝐫𝐨𝐤𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora