𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐈𝐕

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𝐂𝐎𝐍𝐅𝐋𝐈𝐓𝐎 𝐄 𝐑𝐄𝐒𝐎𝐋𝐔𝐂̧𝐀̃𝐎

Pelos olhos de Kenma




Kenma chegou em casa e não pensou duas vezes antes de trancar a porta do quarto e se jogar na cama. Não ligou nem um pouco para o que sua mãe deve ter pensado, porque não conseguia pensar em nada que não fosse em Kuroo.

Eram melhores amigos desde que Kenma conseguia se lembrar, e ele odiava a possibilidade de não serem mais. Odiava a possibilidade de Kuroo o achar idiota, e de Kenma, mesmo sabendo que não deveria, deixar seus sentimentos interferirem na amizade dos dois.

Ignorou completamente a primeira batida na porta do quarto, mas se levantou, quando notou o padrão das próximas batidas. Código morse

Kuroo estava na porta, claro que estava, Kenma deveria ter imaginado que ele viria, não iria simplesmente deixar isso ficar lá até Kozume decidir que não queria mais morrer quando olhava para seu melhor amigo. — Posso entrar — Kuroo perguntou através das batidas.

Kenma bateu de volta, o respondendo com outra pergunta — Pra que?

Conversar — Uma simples palavra nunca assustou tanto Kozume quanto essa.

Abriu a porta e se sentou na cama, encarando um porta retrato atrás de onde Kuroo estava, um porta retrato de quando Kenma entrara no time de vôlei do Nekoma.

— Porque não me contou — Kuroo perguntou, cruzando os braços. A cabeça de Kenma formulou mil desculpas, mas nenhuma que o garoto acreditaria, ele conhecia Kozume melhor do que todos afinal. Sabia das coisas genéricas, como a cor favorita de Kenma, as coisas pequenas como o tipo de preparo que Kenma fazia antes de jogos. Kuroo conhecia cada centímetro de Kenma, e mesmo assim não havia entendido ainda, que Kenma não queria ser só seu amigo. A pergunta de Tetsuro ficou sem resposta.

— Porque não me contou? — Repetiu. Parecia estar nervoso, Kenma notou, o que era justificável, devia estar com medo de Kenma ter entendido tudo errado e achar que ele realmente gostasse dele. Dessa vez, Kenma pensou nas respostas verdadeiras, dentre todos os motivos, porque Kenma não contou a Kuroo. Era óbvio, muito óbvio, mas aparentemente seu melhor amigo era completamente idiota quando a questão era sentimentos. Que bela dupla de idiotas sem tato emocional.

—Não sei Kuroo! Não sei, talvez eu não estivesse com vontade de ser rejeitado, porra! — Kenma não notou que estava gritando ou falando muito rápido, mas com certeza estava. Kuroo pareceu ter levado um soco, e fez uma expressão estranha, como uma careta, o que fez Kenma querer chorar, mas não ia fazer isso ali. Sua respiração, Kenma percebeu, estava começando a ficar rápida demais. — Para alguém tão inteligente Kenma, você é muito burro.—

Kenma teve vontade de expulsar Kuroo de seu quarto e acabar com isso o mais rápido o possível, talvez por isso, tenha sido um pouco rude demais. —Eu sou burro? Se você não faz a menor ideia de como demonstrar seus sentimentos então decide se fingir de idiota a culpa não é minha!— Gritar parecia ser o jeito mais fácil de fazer Kuroo escutar, apesar de Kenma saber que isso não funcionava com Tetsuro e só servia para irritá-lo. Kuroo pareceu levar muito a sério o que Kenma disse, como se estivesse realmente machucado. Kenma quis nunca ter falado nada.

—Kenma. Gosto de você. Gosto de você mais do que gosto de meus amigos. E de um jeito diferente. Fiquei com medo, de te falar.— Kuroo estava tentando fazer Kenma se sentir melhor. Só poderia ser isso. Sem chance dele realmente gostar de Kenma dessa forma, sem contar que, bem, Kuroo Tetsuro poderia ser qualquer coisa, menos um covarde, apesar de Kenma adorar chamá-lo disso por pura implicância, o que tornava completamente ilógico a possibilidade de Kuroo gostar de Kenma dessa forma, o que fez Kenma dar risada de como, por um segundo quando Kuroo disse isso, ele acreditou. — Não faz sentido algum você gostar de mim Kuroo. Não tente consertar as coisas assim — Isso era cruel, era brincar com os sentimentos de Kenma, por mais que Kuroo talvez pensasse que gostasse de Kenma, ele gostava dele como um amigo. Esse pensamento foi o suficiente para desencadear todos as outras reflexões que Kozume tinha feito sobre o assunto, e todos os motivos que comprovavam o porque era impossível Kuroo gostar de Kenma dessa forma

Kuroo estava falando alguma coisa mas Kenma nem se deu ao trabalho de escutar quando começou a falar, cortando o mais velho. — Não faz sentido você gostar de mim, porque gostaria?! Não sou bonito, não sou habilidoso, não sou o melhor jogador!— Kuroo tentou interrompe-lo de novo, mas ele não entendia ainda, e antes de gostar de Kuroo, Kenma era seu melhor amigo, e tinha que mostrar o porque Kozume Kenma, nunca mereceria Kuroo Tetsuro.

—Não sou alguém excepcional, nem de perto bom o suficiente pra você, não tem lógica!— Escute Kuroo! Escute! Era o que Kenma queria dizer, era o que quase toda parte dele implorava que Kuroo fizesse, apesar de uma partezinha de seu coração estar sussurrando, pedindo para que Kenma acreditasse nele. Kuroo tentou interromper Kenma de novo, mas falhou, de novo. — Porra, não chego nem perto de nenhuma das garotas do colégio, não tenho nada a te oferecer!—

Kenma ia começar outra lista de motivos para o qual Kuroo não gostava de Kenma, porque isso era ilógico, agora iria começar a listar o como Kuroo merecia tanto, muito mais do que Kozume. Mas nunca fez isso, nunca fez isso porque dessa vez, Kuroo conseguiu o fazer calar a boca. Kenma estava tão confuso que quase não retribuiu o beijo, mas ainda assim, o fez, mesmo que atônito. Sua cabeça parara de gritar, e a vozinha vindo de seu coração ficava cada vez mais alta, até que Kuroo o soltou, suspirou e se virou para a porta.

Não tem lógica. Kenma pensou. Mas então também pensou em quando estava na casa de Kuroo, e o viu estudando química, lendo um trecho na internet sobre como a adrenalina e a dopamina causavam uma sensação parecida como amor. Tinha uma lógica, estúpida, mas ainda sim, uma lógica. Pela primeira vez, Kenma não questionou mais. Em partes porque não queria, e em partes porque ouviu a maçaneta de sua porta começando a se abrir.

Agarrou o pulso de Kuroo e o beijou, o garoto imediatamente o beijando de volta. Kenma agarrou o cabelo extremamente esquisito de Kuroo que ele fazia questão de zoar constantemente como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Estava nas pontas dos pés porque Kuroo era estranhamente alto, e pela primeira vez desde que saiu da festa, estava calmo, e completamente feliz. Se separou, porque precisava de ar, mas diferente da última vez, não estava confuso, estava feliz, e sorria como nunca, porque finalmente, não estava mais em negação.



A/N:

Vim falar que eu odiei completamente esse capítulo mas queria muito mostrar como a cabeça do Kenma funcionou nessa situação porque pra mim ele é um personagem muito complexo principalmente nesse aspecto, e é isso que faz ele um dos meus personagens favoritos para escrever sobre. Pra mim a ideia de um garoto que observa e racionaliza absolutamente tudo dentro de uma situação em que ele não pode racionalizar porque é impossível de se entender completamente é muito interessante então eu espero ter escrito certinho. Enfim espero que tenham gostado qualquer erro é só avisar! Obrigada por ler e desculpa a demora pra atualizar!

PS: Esse é um capítulo meio que final mas eu com certeza vou escrever um epílogo e grandes chances de terem extras.

𝐍𝐞𝐠𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 - 𝐔𝐦𝐚 𝐬𝐡𝐨𝐫𝐭-𝐟𝐢𝐜 𝐝𝐞 𝐊𝐮𝐫𝐨𝐤𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora