Capítulo Um

6 0 0
                                    

As pessoas aglomeradas em frente à escola visualizavam atentamente seus aparelhos celulares

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As pessoas aglomeradas em frente à escola visualizavam atentamente seus aparelhos celulares. O vídeo mostrava meu namorado Breno beijando outra garota em uma publicação postada por um perfil desconhecido, que segundo comentários poderia se tratar de alguém que não gostava muito dele ou que tinha motivos para ter feito a gravação.

Todos me observavam bastante e voltavam os olhos para a tela simultaneamente, alguns fofocavam sobre mim, outros sobre Breno, e garotos em um conjunto diziam que a tal garota do vídeo era tudo que sonhavam.

Eu estava cabisbaixa e sozinha, focando a direção do olhar para o asfalto quente na tentativa de evitar os olhares indiscretos sobre mim, tentando discernir exatamente tudo aquilo que se passava.

Movimentar minhas pernas bambas era um ato complicado em meio àquele desconforto, mas era meu único refúgio para manter-me um pouco mais reservada do que eu já não estava.

Caminhar rapidamente era preciso para evitar que aquelas pessoas vissem minhas lágrimas rolando sem parar, porém, antes que eu pudesse me esconder completamente de todos, ouvi meu nome sendo chamado:

- Cecília? Cecília? Por favor, espere. - Sabia que aquela era sua voz e justamente por isso aumentava ainda mais meus passos. - Você precisa me ouvir. - Ele gritava e corria para me alcançar e, por minhas pernas estarem frouxas, conseguiu me tocar.

- Realmente preciso entender tudo isso, você já parou pra pensar a confusão que está minha cabeça? - Soltei suas mãos de meu braço quando ele o segurou.

- Calma, eu imagino como deve estar. - Ele ousou pegar em minha cintura.

- Quero explicações, Breno! - Tentava expulsar a raiva que me perseguia, à medida que ele me direcionava para um lugar mais discreto.

- Você realmente está acreditando neles... - Breno aparentou em seu rosto um desapontamento, mas que foi rapidamente modificado quando um grupo se aproximou de nós dois.

- Não conseguiu segurar seu namorado, Cecília? - Jorge e seu grupo de garotos garanhões se aproximaram, seguidos de algumas meninas consideradas patricinhas.

- Com um gato desses, não tem ninguém que resista! - A loura jogou um charme, o que me fez revirar os olhos.

- Se não quisesse ela, Breno, era só falar. Já que você se dividiu com duas mulheres, talvez ela queira se divertir com dois homens. - Jorge mordeu o lábio inferior, dando uma piscadela pra mim.

Uma raiva súbita subiu fervendo em meu sangue e percebi que o mesmo havia acontecido também com Breno.

- Seu idiota! - Breno foi direto pra cima dele, dando um soco em seu nariz, os outros garotos revidaram para ajudar Jorge, fazendo Breno ir para o chão.

Eles chutavam seu rosto freneticamente enquanto ele tentava se levantar, mas quando conseguia, era derrubado novamente.

- Parem! - Eu gritava, mas eles não ouviam minha súplica. - Não façam isso! - Estava desesperada ao ver todos aqueles garotos contra ele.

Breno sangrava e permanecia sem defesa. Por mais que eu sentisse raiva por tudo aquilo estar acontecendo, não conseguia vê-lo naquela situação. Então, num súbito ato de desespero, parti pra cima deles.

- Me solta, garota! - Jorge gritou.

- Largue ele, por favor! - Revidei seu grito alto ao empurrá-lo.

- Só se você me der um beijinho, gata! - Ele novamente mordeu o lábio e depois voltou a dar um soco em Breno.

- Cecília, você não tem que fazer isso. - Breno tentou levantar a cabeça.

- Claro que não farei, nunca! - Berrei quando ainda tentava afastá-los de seu corpo.

Jorge, vendo minha histeria, me puxou para o lado, me olhando nos olhos e segurando meus braços firmemente, enquanto os outros garotos continuavam a chutá-lo.

- É a única condição, gatinha. - Ele disse olhando asquerosamente para meus olhos, à medida que eu tentava evitá-lo completamente.

Quando tirei meus olhos dos seus olhos nojentos, olhei para Breno, que parecia não estar mais lutando. Tentei mais vezes chutar qualquer parte do corpo daquele imbecil, mas era impossível lutar contra ele.

- Não fique nervosa, só depende de você agora. - Eu ficava sem ar quando ele me apertava e tinha dificuldade para me movimentar.

Minhas lágrimas rolaram, meu coração acelerou e meu estômago revirou quando percebi que eles não iriam parar. Fraca e sem nenhum movimento, Jorge colocou seus lábios nos meus, fazendo-me até distanciar mais um pouco enquanto ele me sentia.

- Assim não vale, gata, você é que vai me beijar!

Apesar de toda minha renegação e daquela tremenda estupidez, eu sabia bem que aquilo ainda poderia durar muito tempo. Pelos seus olhares em Breno, eu tinha certeza de que eram perseverantes ao ponto de passar ainda mais daquele limite.

A sensação já era péssima e o único jeito de fazer aquilo era fingir que nada estava acontecendo, mesmo sendo quase impossível, pensar ao menos que só ficaria na memória daquelas pessoas por um tempo e que depois tudo se tornaria absolutamente esquecido.

Foi isso que me fez agir rápido, para não deixar a situação pior do que já se encontrava. E então, num estalo de segundo, eu estava o beijando, sentindo a pior sensação de toda minha vida, fazendo minhas lágrimas rolarem descontroladamente, pior do que minutos atrás.

Eu só pensava que eu deveria ter saído correndo imediatamente quando todos tinham visto o vídeo, por mais que percebessem meu desespero, que se encontrava muito maior agora que Jorge apertava minhas costas.

Pensando que aquilo finalmente estava acabando por sentir seu beijo ainda mais forte, e como se tudo não pudesse piorar, escutei o som da câmera de um celular batendo uma foto.

Letícia é uma vadia mimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora