Estranha amizade

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Exatamente às sete e dez da noite, Karin surgiu no estacionamento, carregando sua bolsa vermelha, enquanto ajustava seus óculos no rosto. Ao vê-la, Sasuke sorriu e abriu a porta do carro para que ela entrasse. Em seguida, também entrou no veículo e deu partida, indagando:

-Então? Onde você quer ir?

-Vamos à um barzinho aqui perto. Estou a fim de beber alguma coisa. Você se incomoda?

-Não. Na verdade, eu estava pensando na mesma coisa –ele respondeu, com um sorriso de canto.

Sasuke dirigiu, enquanto Karin dava as direções, até que em poucos minutos, eles estavam em frente a uma construção bem iluminada, de onde se ouvia música alta. Os dois saíram do carro ao mesmo tempo e entraram no estabelecimento, indo direto na direção no barman, cada um pedindo o que lhe agradava mais.

-E então? –Sasuke começou, bebericando se drink –Há quanto tempo está trabalhando para o meu irmão?

-Há quase um ano.  Mas não me lembro de tê-lo visto até hoje de manhã.

-Isso porque eu não estava em Konoha. Voltei há menos de uma semana. Mas por que estamos falando sobre isso mesmo?

-Porque simplesmente decidimos sair para beber, mesmo tendo nos conhecido há menos de um dia. Normalmente, eu consideraria isso uma loucura, mas você é um caso especial, Sasuke. Afinal, qualquer mulher sã aceitaria sair com você sem nem pensar duas vezes.

-Mesmo?

-Ah, Sasuke! Não se faça de inocente. Você sabe muito bem o efeito que tem sobre as mulheres –ela riu e se virou para o barman, pedindo outra dose.

Sasuke a acompanhou na risada, pensando em como desejava ter conhecido Karin antes de Sakura. Talvez as coisas fossem muito diferentes e ele não tivesse que se preocupar com ela estando prestes a se casar com outro cara.

-Mas... bem, já que estamos aqui... por que não me fala um pouco de você? –ela perguntou, apoiando o cotovelo sobre o balcão casualmente.

-O que quer saber?

-Por que estava fora de Konoha? Céus, o que foi que te levou para tão longe de mim?

-Meus pais se mudaram para outro país quando eu tinha dezessete anos e eu tive que ir junto, já que minha mãe não queria me deixar sob os cuidados de Itachi, já que não queria tirar a privacidade dele e da esposa dele.

-Ah, sim... Yui, não é? Ela vai lá no hospital de vez em quando para visitar o seu irmão. Só de olhar para aqueles dois minha glicose sobe.

Sasuke riu, porque era verdade. Itachi e Yui eram aquele casal fofo, que está sempre fazendo demonstrações de afeto, mesmo que em público. Era açucarado demais até para ele, que era romântico durante seu relacionamento com Sakura.

-E como foi? Morar fora, eu quero dizer.

-Péssimo. Não que o lugar em que eu estava fosse ruim, longe disso –Sasuke esclareceu, vendo a expressão abismada de Karin ao ouvir aquilo –Eu apenas não queria ter ido e, hoje em dia, eu tenho certeza de que muitas coisas teriam sido diferentes se eu tivesse ficado.

-Estou certa em pensar que a Dra. Haruno tem algo a ver com isso? –Karin indagou, após terminar sua terceira dose da noite.

-Sim.

-Vocês parecem se conhecer há bastante tempo; Eram colegas na escola, ou algo assim?

-A Sakura era a minha namorada.

-Ah. Por isso não queria ter se mudado, não é? Por causa dela.

-Sim. Eu amava muito a Sakura e não queria ter que me separar dela. Mas não tive escolha. Ela prometeu que ia me esperar, mas... bem, ela não cumpriu a promessa.

-Fiquei sabendo do casamento dela com o Dr. Akasuna daqui a duas semanas.

 -Pois é... mas não estamos aqui para falar sobre o azar que eu tenho no amor, não é? Fale um pouco sobre você, Karin.

-Bem... o que quer saber?

-De onde você veio, se teve tanto azar quanto eu... essas coisas.

-Venho de Tóquio. Sou prima do Naruto, o dono daquele restaurante de ramen perto do hospital.

-Prima do Naruto... Isso é o que eu chamo de azar!

-Pare, Sasuke! –ela o repreendeu.

-Desculpe por rir da sua desgraça. Mas continue. Como é sua sorte no amor?

-Ruim.

-O quão ruim é?

-Certo, tem um cara, que trabalha lá no hospital. E eu estou caidinha por ele, mas ele só me vê como uma amiga.

-Meu Deus! Nós dois deveríamos ser proibidos de nos apaixonarmos!

-É verdade –ela falou, terminando sua quinta dose –Ah, Sasuke... eu queria ter te conhecido antes de você ter conhecido a Sakura...

-Eu também, Karin. Eu também.


Mesmo sabendo que não deveria, Sasuke dirigiu até a casa de Karin, que entrou no imóvel, cambaleando pelo caminho. Em seguida, Sasuke voltou à sua casa, tentando o máximo possível manter sua visão focada.Ao entrar em seu apartamento, a primeira coisa que ele fez, foi tomar um banho.

Deixou que a água percorresse seu corpo, pensando sobre a estranha sintonia que ele e Karin tinham. Estranha, porque nenhuma das partes tinha interesse romântico um no outro. Na verdade, apenas usaram um ao outro para desabafar sobre suas vidas completamente ferradas. Era a amizade mais sincera que Sasuke tinha, perdendo somente para Naruto, obviamente.

Poucos minutos depois, ele já vestia sua calça de moletom cinzenta e estava jogado em sua cama, no meio dos lençóis e travesseiros negros, fitando o teto. Era como se ele estivesse no lugar errado. Na vida errada. Ficou imaginando se, em outra dimensão, ele e Karin tinham algo que ultrapassasse aquela estranha amizade e se Sakura tinha partido seu coração da mesma maneira.

Depois, percebeu que aquilo era besteira e se deixou adormecer.


Na manhã seguinte, Sasuke superou a dor de cabeça e foi para o Hospital Uchiha, onde evitou ao máximo encontrar com Sakura pelos corredores. A última coisa de que precisava, era encontra-la e depois ficar pensando em como teria sido se ele tivesse ficado. Era sufocante e ele queria se livrar daquela sensação o mais rápido possível.

Ele e Karin almoçaram juntos. Sasuke fez diversas tentativas de descobrir quem era o homem que Karin gostava mas não era correspondida, mas ela apenas se negava a dar qualquer dica que fosse, porque seria vergonhoso. Mas, para falar a verdade, Sasuke não ligava realmente para aquilo. Porque sua atenção estava totalmente voltada para uma mesa mais ao fundo da lanchonete, onde uma médica de cabelos cor-de-rosa conversava com um ruivo que trajava roupas sociais. Ela, sem dúvida era Sakura. E Sasuke se perguntava se aquele era o noivo dela, Sasori no Akasuna.

-Então já os notou? -Karin indagou, terminando de beber seu suco de laranja.

-Ele é...?

-Sim. Sasori no Akasuna. Só de olhar para ele eu já sinto calor -ela falou, se abanando com um guardanapo. Sasuke a olhou como se ela fosse um extraterrestre -O que foi? Ele é simplesmente perfeito! Juro que se ele me quisesse, eu seria a amante dele numa boa -ela completou, com um ar sonhador.

-Você não vale nada -Sasuke disse, com um sorriso torto nos lábios finos -Não entendo o que ela viu nele.

-Eu acabei de falar: ele é simplesmente perfeito! Isso é o bastante, Sasuke!

Sasuke revirou os olhos, sem conseguir entender todo aquele fogo de Karin. Não havia nada demais em Sasori. Mesmo sentado, Sasuke tinha certeza de ser vários centímetros mais alto. A pele de Sasori era levemente bronzeada e os olhos eram castanhos, comuns. A única coisa de destaque nele, era seu cabelo vermelho. Então por que ele era tão incrível aos olhos de Karin? Era incompreensível para o Uchiha.

Mais rápido do que esperava, ele terminou seu suco e se despediu de Karin, pois tinha que voltar ao trabalho. Ele seguiu para a saída da lanchonete, ciente de que estava sendo observado por um par de olhos verdes.

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