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Serpente 🐍

Saio de um estreito corredor, levemente agachado com uma M16 em mãos.

Escuto o barulho de meu radinho:

— A barra tá limpa chefe.

— Quero saber dos guardas, como as mulheres da minha casa estão?

— Estão bem chefe, Latino passou lá e conferiu com seus próprios olhos.

— Certo, vou pro postinho ver se pessoas ficaram feridas. Não tira os guardas da minha casa Rato.

— Sim senhor.

Desligo o radinho subindo em minha moto e indo para o postinho.

As invasões do TCP estavam cada vez mais agressivas, moradores do meu morro estavam saindo feridos... Estou perdendo o controle da situação.

Entro no postinho e vejo ele lotado... Mermão, bastante gente saiu ferida.

As enfermeiras tava tirando onda com a cara dos meno que tava perdendo família. Isso me deixa puto pra caralho.

Mas o que me deixa mais puto é saber que a culpa é minha... Meu pai sim saberia como agir nessa situação.

Fui andando até o balcão para trocar ideia com uma balconista.

— Boa tarde, em que posso ajudar? — disse completamente desinteressada e mascando chiclete.

— Iae parceira, quantas pessoas estão com ferimentos graves?

— Não posso revelar essa informação senhor — Disse sem olhar pro meu rosto.

— Transfere todos para um hospital de convênio, e coloca no meu nome.

— Certo — ela olha para mim e percebe quem sou.

[...]

— Meu Deus, que fedo de maconha da porra — disse Luiza abanando a fumaça e entrando do meu quarto.

— Já disse pra tu não entrar aqui Luíza — digo calmo sem parecer dar interesse a sua presença.

Po eu sei que Luíza é minha irmã e pa, mas na moralzinha,  eu tava muito estressado hoje... Não é nada que ela já não tenho visto.

— Já disse que fumar faz mal pra você Artur — diz se sentando na cama. Ela e minha madrinha são as únicas que eu permito me chamar pelo nome.

— Fala logo o que tu quer e vaza Luíza.

— Primeiramente, da um jeito na Débora cara! Eu já saquei que você quer apenas foder ela, mas manda ela dar um tempo pra minha cabeça.

— Humm — finjo desinteresse, essa menina tá sabendo demais — E o que mais?

— Então — começa a estralar os dedos — O aniversário do...

— Não vai — corto ela sendo direto.

— O que? Por que? Tu nem me deixou terminar!

— Tá de cao né, eu nem sei o porque de tu ficar insistindo no bagulho — apago o baseado — papo reto mermo, sabe que eu não vou deixar.

— Aah, coé Serpernte — se levanta — Vai ficar nessa até quando? Eu já tenho 14 anos e tu não me deixa fazer nada cara.

— É?? Pena que foda - se — digo indo em direção a porta e a abrindo.

Quando ela começa a gritar:

— VOCÊ NÃO É MEU PAI ARTUR — diz gritando — PORQUE EU NUNC.... — em meio de seus gritos não deixo ela terminar, fecho a porta do quarto e saio, a deixando falar sozinha.

É sempre assim menó, ela me pede pra sair e eu não deixo. Ai ela começa a gritar e eu também.

Mas dessa vez eu não tinha tempo pra isso.

Eu tô ligado que minha pequena tá crescendo e pa, que quer dar uns rolé com a rapaziada... Bagulho da idade.

Mas eu não posso a colocar em risco, não de novo...

Notas

Eu sei que pode estar meio confuso mas jaja as peças vão se encaixar.

Confiem no processo 😌

(Sim gente o Mc Cabelinho irá interpretar o Serpente, mas imaginem ele como quiserem)

(Sim gente o Mc Cabelinho irá interpretar o Serpente, mas imaginem ele como quiserem)

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