Tudo por amor

Capítulo 6

LORRAN

Estava assitindo um filme com minha menina, quando o interfone começa a tocar sem parar.
– Quem é papai?
– Eu não sei. - Me levanto pra atender. – Pois não?
– Lorran deixa eu subir. AGORA!
Isabel! Sua voz estava estranha, olho pro relógio, era para ela estar no restaurante, o que está fazendo aqui? Observo minha filha, que ria por alguma coisa que passava no filme, entretida, respiro fundo e aperto no botão para destrancar a porta, dando permisão pra ela subir.
– Filha o papai precisa resolver uma coisa tá?
– Mas o filme não acabou.
– Sei disso. Mas vai pro seu quarto, eu prometo que terminamos o filme depois.
– Quem era?
– Isabel. - Ela fez cara feia, cruazando os braços.
– Não gosto dela papai.
– Princesa, o papai sabe disso.
– Não sabe não. O senhor diz que se importa mas sempre prefere ela.
– Heloisa! - A repreendi.
A campainha me interrompe, suspiro passando a mão em meu cabelo, ela fica me olhando.
– Vai pro seu quarto princesa, por favor.
Ela nega com a cabeça, a campainha toca de novo e logo surge uma batida desesperada. Sigo pra abrir a porta antes que ela resolva derruba-la.
– EU VOU MATA-LA LORRAN, JURO! ELA NÃO TEM O DIREITO DE ME TRATAR ASSIM.
Franzo minha testa, ollho pra Heloísa rapidamente, que estava com os olhos arregalados, assustada com a gritaria.
– Ei abaixa o seu tom Isabel, está no meu apartamento e minha filha está aqui.
– ABAIXAR O MEU TOM? ELA ME HUMILHOU NA FRENTE DE TODO MUNDO! ME EXPULSOU DO MEU TRABALHO! ERA PRA EU ESTAR NO COMANDO, NÃO ELA!
Isabel estava descontrolada, não entendo que tamanha obsessão ela tem por aquela garota.
– Acho melhor você se acalmar, ou então vai embora. Sem escandâlos por aqui.
Ela me olha com raiva e franze a testa.
– Lorran... aquela garota não serve pra ser chefe daquele lugar. Não merece.
Respiro fundo, vou até minha filha.
– Você fica bem aqui sozinha? Papai precisa conversar com a titia Isabel, a sós. - Ela da de ombros.
– Só não demora papai.
Dou um beijo em sua testa, olho para Isabel fazendo sinal com a cabeça. Ela me acompanha até a cozinha, mando ela sentar no banco sobre a bancada e a sirvo um copo de água, pra ver se a fera fica mais calma.
– Bebe pra vê se você se acalma um pouco.
– Só vou me acalmar quando aquela garota estiver bem longe daqui.
– Aquela garota, é uma chefe no qual meu pai contratou Isabel. Temos que aceitar.
– Lorran você também é dono daquele lugar, tem o direito de escolher quem você quer e não quer. Os pedidos começaram a virar uma confusão, todos os clientes começaram a reclamar e estavam prestes a ir embora. – arqueio a sobrancelha, seus olhos se encheram de lágrimas. – E ainda colocou a culpa em mim e me expulsou daquela cozinha, me ameaçando.
Suas lágrimas começaram a escorrer sobre seu rosto, a olho confuso, Alexis havia prometido que ficaria na cola dela hoje e qualquer problema, pedi pra que me ligasse.
– Você tinha que ter visto o jeito que ela gritou comigo. Não me deixou nem me defender Lorran. Aquela garota tá enganando todos vocês, ela é horrivel.
Ela abaixa a cabeça, soluçando. Suspiro e me apoxima, a abraçando.
– Olha Isabel, erros acontecem.
– Lorran um erro ou outro sim, agora errar todos os pedidos?
Resmungo impaciente, foi só dar uma chance pra aquela garota que já faz cagada? E aonde estava Alexis? Mas conhecendo Isabel, eu não sei.. algo me diz que não foi bem assim. Me afasto e aliso seu braço, em seguida, seco suas lagrimas.
– Vou até o restaurante. Pode ficar com minha filha?
– O que vai fazer?
– Não interessa Isabel, só vou resolver isso. - Ela assenti positivo.
– Eu fico com ela.
Voltamos pra sala, minha menina acabou pegando no sono. Aproximo dela, a cobrindo com a coberta e a pego no colo.
–. Vou coloca-la no quarto dela.
Subo as escadar, levando Heloísa pro seu quarto, a ajeitando sobre sua cama.
– Já volto princesa. Te amo.
Beijo seu rosto e desço, encontrando com Isabel perdida em seus pensamentos, sentada no sofá.
– Se ela acordar, avise que fui trabalhar e volto logo. Qualquer coisa me liga.
– Pode deixar meu amor.
Ela levanta e se aproxima de mim, apoiando suas mãos em meu peito, acompanho seus movimentos com meus olhos, detestava que ela me chamava de meu amor, porque não temos nada além de apenas um momento de prazer.
– Não diz que foi eu que te falei.
– Não vou dizer nada Isabel.
– Obrigada por me defender. - Segurei em seu pulso e afastei suas mãos de mim.
– Não estou defendendo você. Estou tentando salvar o restaurante da minha familia. Então não é por você Isabel.
Isabel faz uma cara de magoada, reviro meus olhos e pego a chave do carro sobre a mesinha.
– Volto logo. Qualquer coisa me liga.
Saio do apartamento, pego o elevador até a garagem. Sigo pro meu carro, entro e dou partida pro restaurante.
Conheço Isabel desde antes de começar a trabalhar pro meu pai, antes mesmo de ter minha filha, a conheço suficiente pra chegar no ponto de desconfiar dela, mesmo tendo meu pé atrás com Fernanda.
Chego no restaurante em questão de segundos, parecendo estar ainda bem movimentado. Quando entro, todos os garçons me cumprimentam, Laiana arregala os olhos e vem em minha direção.
– Lorran! Boa noite!
– Boa noite Laiana. Está tudo bem por aqui?
– Si...sim senhor. Pensei que estivesse de folga hoje.
– Estou, mais fui chamado. Aconteceu alguma coisa?
Ela pisca algumas vezes, percebo sua respiração se descontrolar, arqueio a sobrancelha esperando por uma resposta.
– Não senhor. Alguns pedidos foram trocados, mas já foi tudo resolvido.
Apenas aceno e peço licença, então Isabel não mentiu. Chego na cozinha, observo todos concetrados trabalhando, um clima meio que pesado, Fernanda parecia terminar alguns pratos, me aproximo em silêncio, observandos os pedidos.
– Onde estão as comandas? - Percebo ela dar um pulo, Alexis me olha, franzindo a testa.
– Lorran?
– Boa noite Lorran, não era pra estar de folga hoje? - Alexis se aproxima.
– Era. Cadê as comandas? - Fernanda olha pra Alexis.
– Fica tranquila, eu entrego pra ele.
Alexis pega as comandas e eu confirmo cada prato com o número da mesa, aceno positivo, alias estava tudo certo, respiro fundo.
– Quando terminar, quero a Fernanda no meu escritório.
– O que aconteceu?
– Você sabe o que aconteceu Alexis e cuidado, ou você cai junto com ela. Aonde está sua responsabilidade?
Viro minhas costas e saio, indo direto pro escritório, ainda faltava um pouco pra fechar o restaurante, então vou aproveitar e rever alguns documentos, até esperar ela aparecer.