LORRAN
Após o expediente do restaurante, segui pro meu apartamento tomar um banho. Percebi o quão em paz estava aquela cozinha sem a presença de Isabel, e mais, todos adoravam e respeitavam Fernanda. Parecia um ambiente novo, muito diferente de antes. O pessoal ria, conversava enquanto faziam seus trabalhos concentrados.
Vesti uma calça jeans, uma camiseta de botões preta e um tênis branco. Passo o meu melhor perfume e vou pra casa do meu pai. Chegando lá, minha princesa já vem correndo em minha direção, oh meu Deus, ela conseguia estar ainda mais linda e parecida com sua mãe.
– Papai.. papai!
Ela pula em meus braços, eu a seguro e deposito um beijo em sua bocheca, sentindo seus bracinhos me abraçarem.
– A torta do vovô, é assim grande. – Ela se afasta, fazendo sinal com os braços, abrindo os mesmos. – E ele disse que é de morango com chantilly, como eu gosto.
– Seu vô e a mania de mima-lá.
– Ei irmão.
Minha irmã aparece, vindo me cumprimentar, a expressão em seu rosto, não era das melhores.
– Oi pequena, está tudo bem?
A cumprimentei com um beijo na bochecha, ela se afastou e desviou o olhar pra Heloisa.
– Ah sabe.. aniversário do papai, quem garante que não será...
Neguei com a cabeça pra ela não continuar, a mesma me entende e solta um suspiro, pegando Heloisa dos meus braços.
– Vamos princesinha, vamos lá. Ainda temos muito que ajudar a senhora Patrícia.
Ela me da uma olhada triste antes de se virar e sair. Vou a procura do meu pai, o encontrando perdido em seus pensamentos no lado de fora.
– Ei pai.
– Meu filho. - Aproximo e o abraço com toda minha força. – Está querendo quebrar seu velho ao meio?
Nós dois rimos e nos afastamos, na verdade eu tinha o mesmo medo que minha irmã, ser o seu último aniversário.
– Feliz aniversário pai. Sei que não é como costumamos passar mas...
– Está tudo bem meu filho. Eu já vivi minha vida, agora é sua vez e da Alicia. Eu quero ver vocês dois bem, criando uma familía e felizes.
– Pai, sabe que eu..
– Nada disso. – ele me interrompe. – Você tem que dar uma chance ao amor, Lorran. Ninguém nunca será como Adrianne, ninguém tirará o lugar dela do seu coração, ela sempre estará aqui. – Ele põe a mão em meu peito. – Mas você tem que se permitir em ser feliz, Heloísa precisa também de uma ¨madrasta¨. Ela precisa, pode não entender muito bem agora mas quando for maior, sentirá falta de ter uma mãe pra conversar e ajuda-lá com coisas de mulheres.
Suspiro fundo e abaixo o meu olhar, não é assim tão facil. Sinto ele dar um tapinha em meu ombro.
– Promete pro seu pai, que pelo menos vai tentar?
– Pai..
– Não. Por favor Lorran, só me promete isso. È a única coisa que te peço antes de partir.
Sinto meu peito arder, como ele ousa fazer aquele pedido dizendo que era a única coisa que pede antes de partir? Porque isso parece uma despedida pra mim?
– Não fala isso pai.
– Filho sabemos qual é o meu destino. Estou sendo levado aos poucos, estou fraco, não tenho mais forças. Você tem que entender, sei que é dificil mas ficará bem, encontrará uma mulher que será ótima pra Heloísa e para você. Só quero também que cuide da sua irmã, não a deixe sozinha. Sabemos como ela lida com esses tipos de coisas.
A campainha toca interrompendo o nosso momento. Franzi a sobrancelha e ele abriu um sorriso largo.
– Está esperando por alguém?
– Sim.
– Eu pensei que o senhor não quisesse...
Ele sai andando, nem ligando pro que eu estava falando. Me viro e vejo Fernanda, acompanhada com a empregada.
– Querida!
– Feliz aniversário senhor.
Ela abraça meu pai, seu olhar encontra com o meu e seu sorriso some. O que ela faz aqui? Meu pai disse que não queria convidar ninguém, seria apenas nós, estou confuso.~~
FERNANDAEu custei o que achar pra vestir. Eles me parecem ser pessoas finíssimas, não estou acostumada e só de imaginar, estar em um mesmo ambiente que não seja o restaurante, com o Lorran, isso me deixa nervosa. Aquele homem consegue me tirar do sério.
Vesti uma calça preta, com um cropeed da mesma cor, jogando um cardigã longo, de oncinha por cima. No pé calcei uma bota de salto pequeno, deixei meu cabelo solto e uma maquiagem básica só pra não ir de cara limpa, rsrs. O motorista de Marlon, chega na hora em que ele havia me avisado. Fico admirada com o tamanho daquela casa, era mais uma mansão, enorme e luxuosa. Estou até com vergonha porque vim simples demais.
Desci e vou de encontro a porta, tocando a campainha, uma moça me atende em seguida, mandando eu entrar que me levaria até senhor Marlon. Entro toda sem jeito e por dentro, era ainda mais linda, caramba, aonde eu estou? Que vergonha.
– Querida!
– Feliz aniversário senhor.
Ele veio em minha direção e fui também ao seu encontro, o abraçando. Meus olhos cruzam com Lorran logo atrás dele, nos encarando e meu sorriso se some do rosto. Sinto um enorme caláfrio em meu corpo.
– Obrigado. Fico tão feliz que tenha vindo.
– Eu não perderia por nada.
Nos afastamos, ele estica a mão, me oferecendo pra entrar novamente na casa. Seguimos pra dentro, ouvi passos logo atrás, acredito ser Lorran.
– Pensei que fosse só pra família pai.
Viramos, ele cruza os braços e ergue as sobrancelhas. Fico confusa, acho que alguém aqui não sabia da minha presença.
– Deus Lorran, cadê seus modos? Eu convidei somente ela, porque queria que conhecesse mais a nossa família. Afinal ela estará no comando de um restaurante que carrega o nosso nome e está aqui, longe da sua família.
Marlon se vira e sorri para mim, sorrio torto, estava sem graça com a situação. Lorran era assim grosso até com o próprio pai? Ou era assim só na minha frente? Logo uma moça surge da porta e a menina vem correndo.
– Vovô. Vovô. Tá tudo pronto. Podemos comer o bolo?
Ela chega em frente ao senhor Marlon, com um enorme sorriso. Desviando em seguida seu olhar pra mim. Acabo sorrindo, ela é tão linda.
– Eu te conheço.
Disse ela levando a mão pro queixo, com um dedo batendo em sua boca, fazendo uma cara de pensativa, tive que rir de tão fofa.
– Do restaurante princesa.
Ela dá um pulo e fica na minha frente.
– Sim, verdade. Você é aquela moça bonita que o papai falou que ficará no lugar do vovô. Mas ainda não sei seu nome.
Ela coloca as mãos na cintura, que vontade esmagar gente, é sério que essa menina é mesmo filha do Lorran? Me abaixo, ficando do seu tamanho.
– Poxa eu também não sei o seu. Me chamo Fernanda e você?
– Heloisa. Mas pode me chamar de Lolo, todo mundo me chama assim.
– Que nome de princesa, assim como você!
Ela sorri e se inclina, me dando um beijo na bochecha. Senhor Marlon acaba rindo.
– Parece que alguém gostou de você.
– Até que fim, poder conhecer finalmente você Fernanda. - Eu me levanto e encontro com a moça.
– Você deve ser a Alicia? - Reprimi minhas sobrancelhas com medo de ter errado.
– A própria.
Ela sorri e eu retribuo, a mesma vem até a mim, me abraçando.
– Sempre ouço meu pai e Lorran brigar por causa de você.
Arqueio a sombrancelha e me afasto, desviando o olhar pra Lorran. Marlon acaba tossindo, mas sei que foi só pra tentar quebrar aquele clima tenso que ficou.
– É vamos? Antes que a comida esfria.
Segui todos até a cozinha, a mesa estava repleta de coisas, isso tudo só pra cinco pessoas? Uau. Uma mulher nós serve, perguntando o que queriamos pra beber, escolho pelo vinho e assim brindamos ao aniversáriante, senhor Marlon. Foi um jantar agradável, só não tanto, quando pegava Lorran me olhando estranho, sei lá.
– Então fernanda, o que está achando de Paris?
– Ah! Eu ainda não conheci muitos lugares.
– Mentira! Me diz que pelo menos a torre Eiffel você conheceu?
Nego com a cabeça, ela me olha espantada, sem acreditar.
– Papai, temos que levar a titia Fe pra conhecer. É tão lindo. Eu gosto de ir brinca lá, fazer pequinique.
– Nós temos que levá-la mesmo. - Concordou Alicia. – È a principal atração pra quem vem pra Paris.
– Bom. É que como estava focada em querer aprender rápido sobre o restaurante, privei de sair. Sai somente uma vez com os meninos pra uma boate mas depois eles me chamavam, só que queria aprender o quanto antes.
– A vida é curta demais senhorita, você tem que curtir também.
– Concordo com o papai. Você não deve ficar presa naquele restaurante. Tem seus dias de folgas, me liga, que te levo pra conhecer os lugares aqui.
Continuamos a conversa por horas, Alicia e senhor Marlon tão simpáticos comigo, diferente de Lorran, ele não dizia uma palavra. Até sua filhinha era uma gracinha, realmente encantadora, deve ter puxado a mãe. Falando nisso, onde está ela?
Uma torta é servida, cantamos parabéns e comemoramos. Após muita comilança, fomos para sala, senhor Marlon relembrou várias coisas de sua vida, principalmente da sua falecida esposa, o que me emocionou. Vi Lorran sair de lá parecendo irritado, incomodado, passando as mãos em seu rosto.
– Ele está bem?
– Ah está sim, ele sente falta dela e da sua esposa.
Arqueio a sobrancelha, Heloisa já abria a boca de sono no colo de Alicia.
– Eu tô com sono.
– Então vamos pro quarto princesa.
– A titia Fe pode ir junto?
– Claro. Vamos lá titia Fe.
Sorri, me levantei e as acompanhei, cada canto daquela casa, me deixava ainda mais constrangida, nada parecido com que estou acostumada. Alicia ajuda Heloisa se trocar e escovar os dentes, assim que elas voltam, a pequena já vai se deitando na cama.
– Titia Fe sabe contar historinhas?
– Bom, eu posso tentar.
Sorrio e me sento ao seu lado, como dizer não com aqueles pequenos olhinhos implorando? Começo uma história, que minha mãe sempre contava pra mim para dormir também. Em minutos, ela pegou no sono, nós duas saimos de lá de fininho pra não acorda-la e voltamos pra sala, mais a encontrando vazia.
– Você é casada Fernanda?
– Ah não.
– Tem filhos?
– Também não.
– Você parece levar jeito com crianças. Colocou aquela menina pra dormir em minutos, nós levamos horas.
– É sério? – Olhei pra ela espantada.
– Sim, nem meu irmão consegue a pôr pra dormir assim tão rapido.
Ela sorri, me lembro sobre a mãe da menina, e porque senhor Marlon falou que Lorran sente falta da esposa.
– E a mãe dela?
Percebo Alicia suspirar e abaixar o olhar, franzo minha testa mas antes que ela pudesse me responder, Lorran e Marlon aparecem.
– Ela já dormiu?
Alicia me olha, seus olhos estavam tristes, acho que eu não deveria ter perguntado, deve ter acontecido algo.
– Sim papai. Fernanda contou uma historinha a ela e danadinha dormiu em questão de segundos, acreditem?
– Mentira. Sério?
Eu olhos pros dois, Lorran estava com os olhos vermelhos mas parecia surpreso com o que ouviu. Marlon impressionado abrindo um sorriso largo.
– Talvez deve ter sido só o cansaço.
– Pode ter certeza que não Fernanda. Nenhum de nós levamos jeito pra isso, ela até ri das nossas historias e ainda zomba que somos péssimos. A única que levava jeito era...
Ele faz uma pausa, arregalando os olhos e olhando pro Lorran. Será que ele ia falar da esposa dele? O que aconteceu com essa mulher?
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Tudo por amor
RomanceFernanda é uma chefe de cozinha, ela recebeu uma proposta de comandar um restaurante em Paris, mas o seu maior problema será o filho do dono, Lorran.