Meu coração é de pedra ( mas ainda treme)

Parte 1 - Capitulo 7: Dúvidas e sonhos

Notas da Autora

Ahhhhhh, Feliz aniversário para bola de sol estragada, Jin Ling

21/11

🌼🌼🌼

Não era a primeira vez que Jiang Cheng se sentia tão à deriva.

Passou a maior parte de sua infância sem saber qual era sua posição com respeito a outras pessoas.

Sua mãe era protetoramente doce e cortante, na mesma medida. Sem importar o que fizesse, seu pai era sempre amável, contudo silencioso em seus elogios, independente de suas conquistas.

E claro, as duas pessoas que mais amou no mundo, que mais o amou como ele era, tudo o que ele era, o tinha deixado muito tempo atrás.

Não considerava ser Líder uma benção, a não ser por uma coisa: Já não tinha que adivinhar seu valor, ou o quanto importava para o mundo.

Para seu povo, era um protetor generoso, ainda que terrivelmente mal humorado, sempre disposto a ouvir e ajudar, sem importar o quão complicado fosse a situação.

Para a corte, era um Líder e um guerreiro feroz, pronto para se colocar em perigo, sem importar o quão difícil fosse o homem que iria lutar.

Deixou de ser Jiang Wanyin e se transformou em Sandu Shengshou, homem e monstro e por primeira vez, isso era suficientemente bom.

Conquistou um lugar e tinha se fincado com firmeza, isso silenciou as dúvidas sobre seu valor e posição, mesmo que tenha sido as custas do que costumava ser, quem era todavia.

Nunca haviam se importado com Jiang Cheng, porque Jiang Cheng não era importante e esse é preço que pagou durante toda a sua vida.

Lan Xichen é um dos poucos que o fez querer mais. Mais da vida, mais dele mesmo. Ser melhor, ser...honestamente não sabia.

Alguém que valesse os sorrisos que Lan Xichen sempre dirigia a ele, que valesse seu tempo, esforço e respeito.

Mas querer mais não significava que tivesse que adivinhar como estavam distantes um do outro.

Lan Xichen sempre fez todo o possível para mostrar para Jiang Cheng o grande respeito que tinha por Yunmeng Jiang e Jiang Cheng. Estava vinculado ao Jin e ao Nie através da irmandade jurada, mas Jiang Cheng nunca duvidou que Lan Xichen também havia jurado uma parte de si mesmo a ele.

Eram iguais, tão próximos como amigos como Jiang Cheng se atrevia a esperar e até hoje haviam mantido esse equilíbrio, seguros, cada um em seu mundo.

Agora Jiang Cheng voltou a sentir essa dúvida e só podia culpar a si mesmo por isso.

Nunca alguém lutou tanto por ele, especialmente para não terminar uma brincadeira tonta.

Nunca ninguém tinha se dado conta que estava se distanciando e tão pouco se negou a deixa-lo escapar, nem o deixar para trás.

Mas aqui estava Lan Xichen fazendo exatamente isso, preocupado, sério e muito decidido, por alguma razão insondável , em manter o compromisso. Para o reter talvez.

Jiang Cheng não tinha idéia do que sentir...a respeito disso.

Deixar que Lan Xichen passasse a porta, foi muito mais significativo do que simplesmente o aceitar em seu espaço.

Nem sequer era sua casa, pelo amor de Deus!
Mas ele se sentiu cru, aberto de todos os modos, como se não o tivesse convidado só para a habitação mas a algo mais privado, algo escondido, oculto.