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AVA THERON

Terminei o alongamento, com a sensação de que todo o meu corpo doía. E não era para menos, cada músculo dele foi forçado pela temporada extenuante de ensaios e apresentações. E com a cabeça prestes a explodir por todo o esforço, a conversa animada entre o restante do grupo de atores tornou-se distante e sem importância.

Era difícil me concentrar em algo quando a minha atenção continuou a ir e vir entre as constantes tentativas de reaproximação de Brandon, e a inesperada descoberta feita dias atrás, em um dos raros momentos em que fui capaz de driblar a segurança que Theodoro Trajano me impôs desde que entrou na minha vida feito um furacão.

Dominando tudo.

A ausência de um telefonema ou mensagem por parte dele, ao longo de todo o dia, foi um agravante que só me deixou mais nervosa.

Por sorte, a temporada de apresentações estava prestes a terminar, caso contrário eu sofreria com a falta de atenção que me acompanhou nos últimos ensaios. O que acarretaria mais olhares impacientes de Brandon, meu parceiro no musical e ex-namorado. A relação tumultuada entre nós dois tornou-se insustentável depois que descobri sua traição e pus fim a relação que teve início assim que entrei para a companhia.

E se o charme sedutor de Brandon foi o que me conquistou, a traição foi o que me afastou dele.

Novata na companhia de atores, precisei ignorar a decepção e fingir que estava bem, para só então dedicar-me ao máximo para que a química entre nós dois continuasse a ser aclamada pelo público e a crítica. Me forçar a sorrir e fingir que não fui magoada enquanto posávamos para fotos de bastidores que insinuavam um romance avassalador nunca foi um problema.

Não até o fatídico dia em que Theodoro entrou em cena e me roubou a mente, o coração e o corpo. Exigindo-me tudo.

Explicar a um homem como o digníssimo Sr. Trajano que a possibilidade de um romance vendido ao público atraía mídia e atenção necessária para que a minha carreira deslanchasse, não foi a pior parte. O mais difícil era fazer com que ele acreditasse que entre mim e Brandon já não existia nada e que a química compartilhada diante do público não passava de encenação.

Sem paciência, afastei o meu ex da cabeça e me forcei a planejar a melhor forma de contar a Theodoro que em algum momento, desde que começamos a sair, quatro meses atrás, devo ter cometido um pequeno erro.

Com o coração acelerado e as mãos frias, levantei-me em um salto e peguei a mochila. Tentar prever o que aconteceria seria inútil e uma perda de tempo, principalmente porque conhecia o incrível e assustador temperamento de Theodoro.

O homem era rude, implacável ao assumir o controle do meu corpo. Dificilmente se desculpava, e não tendia a dar segundas chances. E o mais desesperador, ele não baixava a guarda. Nunca.

Alheia ao burburinho e aos olhares que recebi por sair sem me despedir, afastei-me do palco ao mesmo tempo que atualizava minhas redes sociais com fotos e vídeos do ensaio dessa tarde. E como de costume, verifiquei e curti a marcação que Brandon fez mais cedo, respondendo-o com alguns emojis fofos e engraçados. Tudo o que postava era curtido por jovens atores de todo o país e avaliado, em algum momento, pelos figurões da Broadway.

E era a atenção deles que eu buscava.

Não por fama, mas por amar o meu trabalho. Claro, nunca seríamos como as celebridades de Hollywood, que viviam sob o peso dos holofotes, e não me incomodava. Diferente de Brandon, que desejava conquistar o mundo com sua brilhante atuação e voz sexy. Era dessa forma que os críticos se referiam a ele. Isso, quando não gastavam parágrafos inteiros exaltando a ardente química que demonstrávamos ter no palco.

DEGUSTAÇÃO: Banqueiro (Homens no Poder) Onde histórias criam vida. Descubra agora