Capítulo 4 - Um tubarão, uma raposa e um enigma.

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Em meio a devaneios pensei que a noite passaria um pouquinho mais rápido, o frio do mar me fizera ansiar por raios de sol, além disso tão repentinamente começo a me sentir engolida pelos meus pensamentos, meditar ajudaria se as vozes não estivessem tão altas que nem consigo me ouvir em meio a elas, eu digo "caladas". Mesmo assim permanecem, eu queria ser uma nebulosa para nunca pensar, nunca pensar em tantos desastres humanos, mas talvez o que mais me atormenta seja ser humana, ser o monstro do qual você tem medo...
Ouço uns barulhos estranhos como se algo estivesse subindo até a superfície da água, olho ao redor e não vejo nada, de repente algo me acerta com tanta força que me vejo sendo atirada na água, o que quer que esteja atacando, está me puxando para o fundo do mar, talvez eu morra agora quem sabe.

-Ahhhh!!!

Pego uma faca que estava na lateral da minha calça e tento acertar o que estava me puxando para o fundo na tentativa de me soltar e retornar a superfície, em um último ato de desespero grito esvaindo em bolhas na água, e tudo ficou escuro.

- Bom dia.
Acordo com o som de uma voz desconhecida, ao me sentar percebo estar em uma praia, minha cabeça dói como se estivesse de ressaca, ali jogada na areia percebo que a voz que me acordou se tratava de uma pessoa que me observava atentamente, um homem em uma roupa especial, quase como as roupas que os astronautas usam para não ter contato com o frio absoluto do espaço. Ele deveria ser um dos cientistas das metrópoles estudando o comportamento da atmosfera.

- Quem é você ? - Apesar de saber que os cientistas ficavam vagando por aí fazendo pesquisas na tentativa de tornar a terra novamente habitável, não esperava dar de caras com nenhum - Foi você que me atacou ontem a noite no mar? - disse já perdendo a paciência.

- Na verdade não, eu encontrei você aqui na praia e imaginei que estava morta pelo contato com a atmosfera - ele desviou o olhar - Meu nome é Oliver, eu estou fazendo uma pesquisa, eu estou com uma pequena equipe na ilha, e agora estou me perguntando como que alguém consegue respirar aqui fora sem equipamentos especiais.

- Há isso! Eu... - agora como que eu vou explicar isso, fora que como cientistas eu tenho certeza que ele vai relatar isso pra base dele, e depois provavelmente vão querer me sequestrar e estudar como a atmosfera não me afeta. Menos! - é uma longa história, e eu adoraria contar mas eu estou ocupada. - olho em volta rapidamente em busca da minha moto e da minha mochila aonde eu tinha uma arma, e a minha lâmina provavelmente está no fundo do oceano agora.

- Desculpa mas preciso informar isso aos meu superiores, imagina só uma pessoa que consegue respirar aqui fora , a atmosfera não afeta você?! Como isso é possível?! . - me olhava fixamente perplexo, enquanto usava um microfone em sua roupa para se comunicar com o resto da equipe. Mas vejo que ele tem uma arma, talvez se eu chegar um pouco mais perto consiga roubar rapidamente. Me aproximei sutilmente dele, para chegar a uma distância de ataque plausível.
Tudo aconteceu muito rápido, eu cheguei mais perto e aguardei a arma na lateral do seu corpo e a puxei bruscamente. Ele pareceu não esperar um ataque.

- Desliga seu equipamento de comunicação. - Ele me olhou confuso enquanto eu apontava sua própria arma pra ele. Talvez fosse humilhante para ele, mas eu não pretendia me tornar um rato de laboratório.

- Que sorrateira, admito que me pegou de surpresa - me olhou de cima a baixo como se desenhasse da minha ousadia - Olha vamos tentar resolver isso que tal? De maneira pacífica.

- Aonde estão seus amigos?

- Em uma base 50 metros ao sul da ilha.

- Fala! O que você tá escondendo?

Ele se manteve em silêncio e percebi que não diria nada então me lembrei do capítulo do Cosmos sobre telepatia. O que eu podia fazer? Só fazer acontecer ou pelo menos tentar, já que tinha uma pessoa por perto talvez eu devesse treinar mesmo se não conseguisse.

- O que você está fazendo?

- Eu vou ler a sua mente. - Ele riu estridente. Revirei os olhos - mas vou precisar de um tempo de meditação. No meu livro de receitas, eu entendi que eu deveria abrir minha mente para o Campo Quântico, assim eu poderia ouvir seus pensamentos pois eles ecoam de forma Quântica.

Meia hora de meditação depois, parecia impossível conseguir. Nada havia acontecido. Então aceitando meu fracasso e sentindo um fome surgindo me levando para caçar algo para comer, pego uma faca na mochila que roubei e começo a apontar uma lança.

- O que essa idiota pensa que tá fazendo!

- O que você disse? - olhei em sua direção, sentado no chão com as mãos amarradas para trás.

- Eu não disse nada, você está louca! - ele virou o rosto para o outro lado - Quem ela pensar que é para me amarrar.

- Eu ouvir você dizer isso!! - pulo saltitante de alegria, não é todo dia que leio mentes. - Eu vou pescar algo para comer, se for bonzinho não te deixo morrer de fome.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora