Cuidados

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No dia seguinte, Lumine entrava novamente nas masmorras do castelo de Zapolyarny com todo o material que usava pra cuidar dos prisioneiros em sua bolsa. Estava com pressa de começar o trabalho e evitar o príncipe já que o mesmo havia novamente tentando faze-la aceitar algumas jóias muito bonitas como pagamento pelo trabalho que ela fazia ali, porém a loira havia rejeitado prontamente: não fazia aquilo pelo pagamento, fazia por que desejava fazer. Ser útil era a única coisa que sabia desde criança já que não tinha família e a única forma de conseguir sobreviver até ter idade suficiente pra trabalhar era sendo prestativa.

Ela havia se acostumado e até gostava, os sorrisos e agradecimentos gentis eram bons o bastante pra que ela se sentisse bem com o que fazia. Lumine se sentia incomodada pela insistência do príncipe em recompensa-la por algo que ela fazia de bom grado, entendia que era um costume antigo tanto da família real quanto do povo de Snezhnaya recompensar generosamente quem fazia um bom trabalho porém aquele não era o foco. Sacudindo de leve a cabeça ela se lembra do homem ruivo de quem havia cuidado no dia anterior, ele era prioridade por estar muito machucado então ela foi diretamente até o encontro dele. Assim que ela atravessa a porta da cela um guarda a tranca avisando que quando ela terminasse era pra chamá-lo pra abrir a porta novamente.

Analisando o homem deitado notou que ele havia trocado as roupas rasgadas pelas peças mais quentes que ela havia deixado pra ele e que a respiração seguia firme "provavelmente está dormindo" ela pensa se aproximando silenciosamente. Puxando de leve o cobertor e subindo as mangas da camisa branca, ela começa a checar as feridas e hematomas nos braços, limpando e reaplicando os bálsamos curativos que havia trazido consigo. Ouviu um leve suspiro vindo do homem e decidiu chegar se ele não tinha febre, levou a mão delicadamente até o rosto dele na intensão de remover os fios escarlates do rosto dele e pousar as costas da mão gentilmente pra checar a febre mas antes que fizesse isso o homem agilmente segurou seu pulso com força. Lumine olha pra ele assustada notando o brilho carmesim dos olhos dele, olhos tão belos quanto o restante do rosto.

- Você me assustou - ela diz baixo - me desculpe por te acordar, eu apenas queria checar se você tinha febre.

O homem de olhos carmesim avalia a loira por alguns segundos antes de soltar o pulso dela, ele se manteve em silêncio porém se mantinha observando cada mínimo movimento de Lumine.

- Vou continuar tratando seus ferimentos - ela diz tranquila - posso?

A mão dela vai pra barra da camisa que ele vestia, claramente ela pedia permissão pra cuidar dos ferimentos que haviam ali. Ele não diz uma palavra e ela decide apenas prosseguir.

- Me desculpe por ontem, eu pediria permissão mas você não estava consciente quando comecei a te tratar então não tive escolha - ela diz corando de leve - em geral eu não... Costumo invadir o espaço pessoal de quem eu cuido então espero que entenda que foi muito necessário.

O ruivo apenas vira o rosto em outra direção, estremecendo vez ou outra quando alguns ferimentos que ela limpava ardiam. Lumine decidiu respeitar o silêncio dele, entendia que provavelmente ele não confiava nela porém não poderia fazer nada sobre aquele fato.

- Pronto aqui está tudo limpo, não deve incomodar até amanhã - ela diz gentil - posso... Medir sua febre?

O homem apenas a encara em silêncio avaliando a garota a sua frente com atenção meticulosa, medindo cada mínimo detalhe da postura aparentemente tranquila da moça. Por fim ele apenas assente positivamente e fica parado enquanto ela se aproxima levando as costas da mão direita até a testa dele, por um instante os olhos dele encontram o dourado profundo dos olhos dela prendendo os dois naquele momento por vários minutos até Lumine se lembrar de onde estava.

- Sem febre - ela diz se afastando envergonhada - você deve ficar bem até eu voltar amanhã.

Ela se vira de costas pegando sua bolsa e se preparando pra sair dali quando uma voz surpreendentemente baixa e grave soa atrás de si.

- Seu nome? - a pergunta soa mais como uma ordem.

- É Lumine senhor - ela diz - e o seu?

Depois de alguns segundos de silêncio ela apenas chama os guardas e sai dali, a mente procurando entender aquele belo e estranho homem que a deixava intrigada.

***

Diluc pensava em silêncio, mantendo os olhos ainda fechados fingindo dormir naquela manhã. Ouviu passos fora de sua cela e sabia que provavelmente o maldito príncipe iria querer interroga-lo de novo, porém pra sua surpresa a mesma garota baixa de cabelos loiros e olhos dourados estava ali "Lumine... Esse é o nome dela". O Ragnvindr achava que de todas as possibilidades a última era que o príncipe mandaria alguém pra cuidar dele "a intenção deve ser me manter vivo pra continuar me interrogando e torturando repetidas vezes" ele pensa, porém não impediria os cuidados da moça por que precisava estar bem como pudesse pra ter forças pra matar o príncipe.

- Bom dia senhor, vejo que já está acordado - a loira diz soando educada e gentil - vou começar novamente pelos seus braços.

O ruivo permanece em silêncio enquanto ela se aproxima, sente as mãos e dedos delicados sobre sua pele limpando seus ferimentos com cuidado. Quando ela toca a barra de sua camisa ele já sabe o que ela vai dizer antes que o diga.

- Posso? - Lumine pergunta.

- Faça logo - ele diz de forma curta.

Ela parece levemente surpresa por ouvir ele falar novamente porém prossegue seu trabalho, os ferimentos na barriga e peito de Diluc são mais profundo que o dos braços o que requer uma atenção a mais de Lumine. Quando ela termina e abaixa a camisa dele, o ruivo pensa que ela já vai embora porém ela fica vários minutos procurando algo dentro da bolsa que sempre carregava consigo, sorrindo triunfante quando encontra e estende um pequeno objeto pra ele.

- Você tem cabelos longos, imagino que queira manter eles presos - ela diz suave - trouxe esse elástico caso queira.

Ela deposita o item na palma da mão direita de Diluc se preparando pra sair logo em seguida.

- Diluc - ele diz com voz rouca por falta de uso.

- Senhor? - ela se vira tentando entender o que significava.

- Meu nome - ele diz virando o rosto - você queria saber meu nome.

Um sorriso gentil de compreensão se alastra no rosto de Lumine.

- Oh, nesse caso... Até amanhã senhor Diluc - ela se despede saindo.

O ruivo fica encarando a porta da cela por onde ela saiu por alguns segundos antes de pegar o elástico e prender os longos fios de cabelo, internamente agradecido pela gentileza.

❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥

Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Diluc todo fechado e paranóico, trevoso com vontade de matar o príncipe enquanto a Lumine é puro arco íris e gentileza... Ai ai como eu amo essa dinâmica! Agora a questão que fica é: serase a Lumi prestou bastante atenção no tanquinho dele ou só cuidou sem malícia? Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora