Sentimentos Estranhos

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Mais uma semana havia passado e Lumine estava cada vez mais desconfortável, tinha a sensação de estar sendo observada e o único lugar onde essa sensação sumia era na companhia de Diluc. Ao que parecia o portador de fios escarlates havia mesmo seguido seu conselho de não irritar mais o príncipe já que raramente voltava machucado dos interrogatórios exaustivos que o príncipe fazia, a loira não deixava de ficar apreensiva já que sempre havia o risco dele voltar muito machucado, por outro lado as visitas que fazia a Diluc ficavam lamentosamente mais curtas já que não haviam ferimentos a tratar "mas ele conversa um pouco mais, talvez ele não goste tanto assim do silêncio solitário em que tem se mantido"  ela pensa.

Assim que Diluc vê a loira atravessar a porta de sua cela ele sente sua mente se acalmar, o sorriso costumeiro dela era de certa forma caloroso e quase parecia que poderia derreter o gelo do inverno de Snezhnaya. O ruivo sacode a cabeça levemente "o que eu estou pensando?"  Ele se pergunta em silêncio estranhando Lumine ainda não ter dito nenhuma palavra sequer, o que era incomum visto que a loira sempre lhe dava um bom dia de voz calma e acabavam conversando algum assunto leve e trivial o que quase o fazia esquecer de onde estava e a situação em que estava. Ele não tinha como fugir e por hora não tinha como matar o maldito príncipe, então ele apenas sobreviveria até ter uma chance real de concluir o objetivo dele ali.

- Bom dia senhor Diluc - Lumine finalmente quebra o silêncio.

- Bom dia - ele responde.

Havia algo de apreensivo na loira, como se algo tivesse incomodando ela e mesmo sem entender por que se importar Diluc decidiu perguntar.

- O que está te incomodando?

- Hum? Nada, não tem nada incomodando - ela responde com voz calma.

- Sua postura está rígida, seus olhos parecem distantes perdidos em pensamentos e seus dedos estão tremendo de leve - ele observa - tem algo visivelmente te incomodando.

"Como diabos ele consegue notar essas coisas?"  Lumine pensa irritada consigo mesma por deixar transparecer.

- Eu quero perguntar algo pra você mas não sei se é boa ideia - ela diz por fim.

- Pergunte.

- Por que tentou matar o príncipe?

Diluc fecha a expressão olhando pra loira com um olhar desconfiado.

- Eu só quero entender, eu não pretendo contar a ele nada - ela diz firme - pra mim só não faz sentido, você não parece alguém ruim então tem que ter algum motivo forte pra tudo isso.

A sinceridade na voz dela surpreende Diluc, ele bem sabia que ela não tinha motivos pra se importar com ele e muito menos com sua história ou em lhe dar o benefício da dúvida e tentar compreender o que se passava com ele.

- Tudo bem - ele suspira por fim sinalizando pra ela se aproximar - eu vim até aqui matar o príncipe por que ele matou meu pai e meu irmão.

Lumine sente o choque das palavras de Diluc a atingirem com força, tentou dizer algo mas sua voz parecia perdida em sua garganta.

- Ele não fez isso diretamente mas a ordem veio dele - Diluc continua com os olhos em chamas de ódio - eles se opunham a criar uma embaixada pra Snezhnaya no nosso país, todos sabem dos planos de conquista do futuro rei e que ele não lida bem com oposição.

- Deuses... - Lumine sussurra em um fio de voz - como...?

- Uma armadilha, ele se certificou que o nosso rei mandasse especificamente meu pai e meu irmão mais novo pra cá, era pra eu estar junto mas meu pai pediu pra que eu cuidasse do negócio da família enquanto ele resolvia as questões de defesa diplomática pro nosso rei - ele continua com amargura - no caminho os soldados do seu príncipe emboscaram meu pai e meu irmão junto com a pequena comitiva que estava junto com eles e matou todos, nem os cavalos foram poupados. Plantaram evidências pra parecer um saque de ladrões porém eu investiguei melhor e descobri provas de tudo e até algumas confissões. Eu tenho que fazer ele pagar.

Diluc fecha os punhos com força, os nós dos dedos ficando brancos porém o toque gentil de Lumine em sobre as suas faz ele relaxar mesmo que minimamente.

- Isso é horrível - Lumine diz - eu não sirvo a esse príncipe e agora... Não posso servir a esse tipo de monstro. Eu sinto muito pela sua família senhor Diluc.

Por alguns segundos a incredulidade toma conta do ruivo que olha pra expressão de repulsa e tristeza da loira.

- Você vai simplesmente acreditar em mim?

- Não acredito que você mentiria, alguém de tão poucas palavras não iria desperdiça-las mentindo - Lumine diz firme -  eu não tenho família... Não mais. Porém eu entendo seu desejo de vingança.

- Eu não confio em você Lumine - Diluc diz - pelo menos não confiava antes... Eu não pretendo desistir da minha vingança.

- Imaginei que não fosse - ela suspira - se você se condenou a morrer aqui como fez agindo de forma precipitada então acredito que desistir esteja fora de questão.

Lumine sente as pontas dos dedos de Diluc tocarem seu rosto suavemente, os olhos de ambos se encontrando por alguns segundos "talvez se fosse em outro lugar, outra vida... Sim se fosse diferente eu deixaria esses sentimentos crescerem" ele pensa ainda olhando o rosto dela, como se tentasse gravar os detalhes na mente.

- Diluc...

Os olhos carmesim dele descem aos lábios dela que pronunciaram seu nome de forma diferente daquela vez, sem o "senhor" antes, de forma... Intima. Ele não pensa e apenas deixa seus lábios selarem os dela com delicadeza, ela sentiu os dedos dele passearem delicadamente pelo seu rosto até sua nuca a puxando um pouco mais pra perto enquanto ele sugava suavemente seu lábio inferior. Um arrepio bom percorria Lumine enquanto os lábios de Diluc se mantinham unidos aos seus de forma calida, a língua pedindo passagem que ela prontamente cedeu e se encontrando com a dela lentamente como se quisessem manter aquele beijo singelo e doce pra sempre, congelando aquele pequeno momento só pra eles. Cedo demais o som de passos no corredor faz com que os dois se separem, ambos com um rubor brilhante nas maçãs do rosto e a respiração levemente irregular.

- Creio que... Vou lembrar disso pra sempre senhor Diluc - ela diz em um sussurro antes de sair com o guarda que havia ido checar se ela já iria embora.

Diluc entendeu imediatamente o que aquilo significava: ele havia tomado o primeiro beijo dela.

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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Finalmente Diluc e Lumine matando a nossa fome com um beijinho fofo YAAAAY! Falando em Lumine, a gata começou a sentir que algo de errado não tá certo e o Diluc só confirmou que o Tartaglia é uma cobra venenosa. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora