Incertezas e Certezas

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- Quem é você? - Jean pergunta incisiva, estreitando os olhos com desconfiança - e por que estava ouvindo a conversa?

Lumine se sente atordoada e ainda se sentia ferida pela forma tão íntima que ela e Diluc estavam a poucos minutos, sabia que estava sendo irracional mas mesmo assim... Sentia como se ela estivesse atrapalhando um casal.

- Não sou ninguém - Lumine finalmente responde desviando o olhar, o peito apertava de ciúmes mas não se sentia no direito de reclamar - eu só estava indo até a cozinha e sem querer acabei ouvindo vocês, já estou de saída.

Diluc olha pra Lumine surpreso e um pouco magoado com a reação da loira "como ela pode dizer que não é ninguém? Eu fiz algo errado?" Ele pensa enquanto segura o pulso, fazendo a mesma ficar o que não passa despercebido aos olhos de Jean.

- Não diga bobagens - Diluc diz seriamente - Jean essa é Lumine, a mulher que salvou minha vida mais de uma vez enquanto eu estava fora, Lumine essa é Jean, uma grande amiga da minha infância.

- É um prazer conhecer, espero que me desculpe pela minha falta de cortesia anterior - Jean começa, os olhos cravados na mão de Diluc que pousava gentil no pulso de Lumine - em geral não existem outras mulheres ao redor de Diluc além das empregadas então achei que fosse uma intrusa.

- Tudo bem, é um prazer conhecer também - Lumine murmura incomodada enquanto olhava pros próprios pés - eu vou voltar a dormir.

- Lumine... - Diluc tenta pedir pra ela ficar.

- Estou cansada e não quero atrapalhar a conversa de vocês - ela diz com voz neutra e apática - com licença.

Dito isso ela se solta do agarre suave do ruivo e sobe novamente as escadas, se sentia terrível e envergonhada mas não sabia bem o que pensar e nem como lidar com aquilo naquele momento. Voltou até o quarto e se sentou na cama tentando clarear os pensamentos com a luz prateada da lua que entrava pela janela, desejou ter ficado em um quarto separado de Diluc "o cheiro dele está por toda parte"  ela pensa enquanto o aroma de cedro, uvas e menta flutuava em seu olfato. Não levantou o olhar quando alguns minutos depois ouviu a porta abrir e em seguida se fechar e ser trancada, quando o ruivo se ajoelhou em sua frente ela não teve como não olhar pra ele.

- Lumine? - Diluc chama buscando os olhos dela com os seus - nunca mais diga que não é ninguém.

- Por que? - ela pergunta surpresa por ele ter começado por aquele tópico - eu não sou ninguém além de uma pessoa que te ajudou a fugir, ela é sua amiga de infância.

- Só alguém que me ajudou a fugir? - ele solta uma risada sem humor - você salvou a minha vida, eu estou de joelhos aqui na sua frente, então como pode dizer que não é ninguém?

- Se o problema é estar de joelhos então se levante mestre Diluc - ela diz ainda irrita e enciumada.

Os olhos de Diluc pareciam chamas gêmeas, todo tipo de sentimento de misturando naquelas orbes carmesim: irritação, desejo e algo a mais que a loira não compreendia. Ele segura o rosto dela com firmeza a fazendo encarar seus olhos, a expressão do ruivo era séria e ilegível mas algo nela fazia o corpo de Lumine tremer.

- Vai agir com formalidade depois de tudo? - ele pergunta avaliando o rosto dela devagar - eu quero que me diga Lumine em alto e bom som o que está te incomodando.

- Eu estou com ciúmes - ela diz tentando desviar o rosto - aquela mulher veio até aqui de madrugada só pra te ver, e ela é tão bonita e te conhece...

Os lábios dele interrompem a frase dela, quentes e urgentes como se fosse insuportável pra ele ouvir ela dizer qualquer coisa.

- Não sinta ciúmes nunca, eu mandei ela embora agora e mandaria outras mil vezes só pra ficar sozinho com você - ele diz - você queria saber o que eu sinto e eu não tive coragem antes mas agora eu digo: eu te amo Lumine, é isso que eu sinto de verdade agora e eu estou aqui de joelhos pronto pra implorar que nunca mais pense ou aja como se não significasse nada pra mim. Não depois de cuidar de mim quando eu estava quase morto de tanto ser torturado, não depois de me libertar, não depois de aparecer no meu quarto uma noite e me pedir pra ser seu primeiro.

Chamas Na NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora