Mar aberto

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meu bem, você sabe
eu sou todo errado
meu caminho é espaço para tempestade em mar aberto
eu sou um navegante das coisas loucas
gosto quando me falta o fôlego
porque afundo no teu mundo líquido

meu bem, você sabe
eu gosto do cheiro do problema
na minha boca ou no meu edredom
gosto de sentir o gosto do incerto
desvendar teu corpo e despir tua alma
a calma é um tédio
a casa é qualquer rua qualquer fuga

te quero
mas sou muito de lua
o sol é minha despedida
uma prece uma pressa precisa

eu gosto do perigo
faço a barba com uma navalha para exercitar o autocontrole
e me corto
sangro e provo do cálice
sou formado para o que machuca
e corajoso para me entregar perdidamente nesse seu mundo
em um poço sem fundo

meu bem, você sabe
que só não me destrói por inteiro
porque evita o ato
mas você sabe que eu já me desfaço todo só em te ver.

— T. Sousa, JANDERSON.

Cacos & Casos Vol II Onde histórias criam vida. Descubra agora