o abismo me olhou de volta
e esse abismo sou eu
me mantenho na beira
mas não quero me jogar
não consigo mais beber não escrevo mais
não sinto como antes
tudo me parece parado
vazio
opaco
sou como um carro em um ferro velho
comido e gasto pelo tempo
penso no que já fui
no que já fiz
nas bombas que joguei e explodi ao meu redor
talvez essa bomba fosse feita de mim
e me espalhei por todo canto
sem saber como me unir de novo
o abismo me olhou no fundo dos olhos
a solidão me fez companhia
e não sei como escrever sobre outra coisa
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Cinza azul neon
Poesiatodas as coisas que sinto andam através de mim rápidas como um trem de carga explodindo e permanecendo