Capítulo 13 - Clube do livro e Cunningham doente

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CONSTANCE P.O.V

Windsor, Inglaterra

24 de novembro de 2012

     No sábado, na hora do chá da tarde, reuni-me com Lauren e seus amigos, em sua casa, para o encontro do clube de livros. O livro da quinzena era "Sherlock Holmes: Um Estudo em Vermelho", o primeiro livro da série.

—Eu vou ser sincera, eu tentei ler, tentei mesmo, mas não consegui. Achei o livro exageradamente detalhado, leitura chata e arrastada. Em muitos momentos eu me perdia nos detalhes e não sabia mais do que estavam falando. Qual a necessidade de escrever páginas e páginas detalhando um ambiente? Achei cansativo, a leitura não fluía e não vi a ação que tem nos filmes. Sim, eu assisti aos filmes –fui a primeira a dar a opinião.

     Pensei que seria muito julgada, por isso decidi revelar o meu posicionamento desde o início do debate, mas a reação imediata dos demais participantes do clube do livro me surpreendeu muito.

—Que bom que não fui a única que não conseguiu ler –Lauren revelou respirando aliviada.
—Obrigada por isso, Cons, agora eu me sinto bem menos culpada –Diana, uma amiga de Lauren, comentou igualmente aliviada.
—Vocês também acharam isso? –perguntei surpresa.
—Sim –Lauren e mais duas amigas dela concordaram comigo.
—Sinto-me bem mais aliviada –falei relaxando na poltrona.
—Ah, eu gostei. Achei a leitura cansativa em alguns momentos, mas eu gosto da escrita. Acho que os detalhes nos ajudam a imaginar exatamente como é cada ambiente –Leonardo, o único integrante homem do grupo, opinou.
—Eu concordo com o Leo e com vocês, garotas. Acho que em alguns momentos a quantidade exagerada de detalhes se torna cansativo, mas eu gosto da história, de uma forma geral. Eu só pulo as partes que o autor detalha o cômodo e sigo com a leitura –Deborah, a terceira amiga de Lauren, opinou dando de ombros.
—Talvez se lêssemos o livro de contos do Sherlock, gostaríamos mais –Lauren opinou.
—Quais são? –perguntei.
—"As Aventuras de Sherlock Holmes", "Memórias de Sherlock Holmes" e... Falta um –Leonardo respondeu.
—A Volta de Sherlock Holmes –Alisson lembrou.
—Isso, "A Volta de Sherlock Holmes" –Leonardo falou.
—Eu voto em deixarmos na lista de "próximos livros". Hoje discutimos o primeiro livro da série e, depois de lermos os livros que já estão na lista, lemos o livro de contos do Sherlock, para compararmos com esse primeiro livro. O que acham? –Deborah opinou.
—Se vamos comparar o conto com o primeiro livro, acho que seria mais lógico lermos o livro de contos na sequência, porque senão acabaremos perdendo o fio da meada –Lauren opinou.
—Eu concordo com a Lauren –Alisson falou.
—Por mim tanto faz –falei dando de ombros.
—Eu sou fã declarado do Sherlock, não acho nem um pouco ruim lermos o livro de contos na sequência, mas eu estou por vocês –Leonardo declarou.
—O que você acha, Di? –Lauren perguntou para Diana e todos nos viramos para olhá-la.
—Eu, particularmente, não gosto de Sherlock Holmes, então por mim a gente poderia só pular esse livro e ler algum outro –Diana foi sincera.
—Então está decidido. Não leremos Sherlock Holmes –Lauren anunciou.
—Por mim, tudo bem –falei.
—É, por mim também –Leonardo falou e Alisson concordou com ele.

     A única pessoa que não gostou muito foi Deborah, mas ela não poderia fazer nada a respeito disso. Era uma regra do clube do livro: se uma pessoa se opusesse a leitura do livro escolhido para a quinzena, o livro teria que ser mudado. A decisão tinha que ser unânime entre todos os integrantes do grupo.
     Após essa conversa inicial sobre Sherlock Holmes, começamos de fato a debater sobre o livro. Leonardo e Deborah eram as pessoas mais animadas do debate. Lauren fazia o papel de advogada do diabo. Eu, Alisson e Diana mais observávamos que falávamos qualquer coisa.
     Ao final do dia, depois de tomarmos chá, comer rosquinhas e bolinhos, despedimo-nos e fomos cada um para as suas casas. Ficou decidido que o livro da quinzena que leríamos seria "A culpa é das estrelas", de John Green. A sugestão tinha sido de Deborah. Esse seria o último livro que leríamos no ano, já que dentro de 1 mês seria Natal.
     Em casa, comecei a me sentir um pouco mal. Começou com uma tontura, depois evoluiu para uma náusea e acabou em uma febre de 40°C. Meu pai ligou para o irmão dele, tio John, que é médico, e ele orientou meu pai sobre quais remédios me dar.
     No domingo, assim como de costume, todos os meus parentes e agregados apareceram para almoçar na minha casa, incluindo tio John. Como eu não tinha melhorado, ele me medicou e disse que era melhor eu não voltar para Eton até melhorar. A recomendação era ficar de repouso em casa.
     Fiquei triste porque eu ficaria sem ver William, mas do jeito que eu estava era melhor não voltar mesmo. Em casa, pelo menos, eu teria meu pai e minha mãe para cuidar de mim e me medicar.
     Por causa do remédio que eu estava tomando, dormi praticamente o dia inteiro, só acordei para comer e tomar banho. O resto da semana foi igual, muita sonolência, diarreia, fraqueza e vômito. A febre estava melhorando, o que deixou meus pais e meu tio mais aliviados. Era melhor lidar com sonolência, diarreia, fraqueza e vômito, que com febre que não baixa.
     Conforme eu fui melhorando e a semana foi passando, conversei algumas vezes por mensagem com Amanda e Lauren. Com William conversei com mais frequência, mas nem sempre eu estava bem para ficar trocando mensagens – além de me preocupar com ele. O meu belíssimo namorado infringiu a segunda regra mais grave de Eton e ficou usando o celular fora do quarto o dia todo, na ilegalidade. A todo momento ele me mandava mensagem perguntando como eu estava e eu respondia com gifs dramáticos e dizia para ele guardar o celular para não se meter em problemas; porém, ele não parecia se importar com as possíveis consequências.
     Um novo final de semana chegou e ele foi marcado pela minha melhora. Eu já estava bem disposta novamente, sem febre, diarreia, fraqueza ou vômito. Na segunda-feira eu voltaria para Eton.

Anônima: o lado "b"Onde histórias criam vida. Descubra agora