" Desculpem eu ser eu. Quero ficar só! grita a alma do tímido que só se liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente aconchego das pessoas." - Clarice Lispector
( está é uma versão "atualizada" de um livro que eu escrevi em 2015.)
Eram oito horas da manhã e eu acabara de chegar no colégio, a pé.Eu poderia ir de carro, aliás temos um, por que não? Minha mãe perdeu a carteira de motorista após cinco terríveis batidas.
Corri apressadamente até o quarto andar, onde estava minha sala.Fiqueis alguns segundos parada em frente a pronta, sempre odiei ter que chegar atrasada.
Suspirei e dei uma primeira batida.
Nada.
Revirei os olhos e obrigatoriamente bati uma segunda vez.
- Pode entrar - ouvi uma voz grossa pronunciar.
Com um pouco de receio coloquei a mão na maçaneta e girei para abrir.
Está tudo bem.
Assim que coloquei o pé dentro da sala parece que todos os olhares foram direcionados a mim.Fiquei olhando para os meus pés enquanto esperava uma permissão do professor para me sentar em algum dos lugares.
- Pode se sentar ali. - O professor disse apontando para penúltima carteira.
Andei em passos apressados até a minha mesa.Sentei-me na cadeira aliviada.
Era aula de matemática, o que para mim estava sendo uma verdadeira tortura pois eu não entendia absolutamente nada que vinha da boca do professor, mesmo eu já tendo aprendido tal matéria, nunca fui boa nisso.
Passados 50 longos minutos o sinal finalmente tocou, e minha dor de cabeça causada pelos gritos do homem de cabelos grisalhos dizendo: Calem a boca! Estou tentando explicar seus descontrolados, foi amenizada.
Enquanto saia correndo para que a multidão de alunos não me alcançasse reparei nas roupas das pessoas ali, a maioria usava shorts ou uma blusa decotada que mostrava até demais, o que eu sinceramente não entendia já que sempre preferi blusões e qualquer tipo de peça que pudesse me esconder o tanto bastante.
Fui até o pátio e me sentei em um dos bancos.Coloquei a mão dentro do bolso do meu casaco e peguei o par de coisas mais especiais que podem existir na vida de alguém,os fones.Ele sempre me acompanha nesses breves momentos de solidão que tenho na escola.Tirei meu sanduíche de peito de peru e dei uma mordida.
- Olá ,então você que é a aluna nova?
Tirei um dos meus fones e olhei para a figura em minha frente, ou melhor, as três figuras.
Uma delas, a que havia falado, era... como eu poderia descreve-la resumidamente? Bom,eu diria que ela é o modelo de perfeição.Alta, olhos azuis e uma pele clara, com cabelos longos e lisos que sinceramente não consegui identificar a cor,mas parecia ser um castanho claro.
- S-sim - respondi em um tom baixo.
- Que? - ela disse e ficou me encarando.
O inferno já começou
Ela continuou me encarando por um tempo até que sorrio,um sorriso perverso.
- Você não sabe falar direito menina? - a garota cujo nome ainda era desconhecido,mas eu já odiara, agora gritou - Ooo acho que ela vai começar a chorar.
Virei meu rosto e respirei fundo.Eu realmente tive vontade de chorar naquele momento, quando vi de longe um garoto se aproximar.Ele vinha andando com as mãos dentro de sua jaqueta, que era a do time de futebol a propósito.O garoto que se aproximava tinha uma beleza imensurável,agrupado de lindos olhos azuis, tão claros quanto um rio com água cristalina, sua pele era de um branco quase pálido e seus lábios pequenos formavam um perfeito sorriso de lado.
Pedi a deus que ele estivesse vindo apenas para falar com aquelas garotas e as levarem daqui, acho que não aguentaria mais esculachos.
- E aí Mel. - ele cumprimenta a garota.
Ah não...
Depois dos vários beijos que a garota fez questão de dar no menino, o mesmo sentou-se ao meu lado.Fiquei confusa e bem nervosa mas continuei quieta olhando para o chão,eu estava pensando em me levantar e fugir o mais rápido daquele lugar mas ele decidiu falar comigo.
- Ela está te incomodando?
Olhei para o meu lado e encarei aqueles olhos azuis estonteantes, o que está acontecendo?
- O que?! - a loira exclamou com certa indignação.
- O que foi? Estou apenas sendo simpático, e tudo bem não ter entendido, eu sei que você não sabe o significado disto. - ele respondeu fazendo ela, quer dizer, nós, ficarmos surpresas.
Então ela saiu batendo o cabelo junto com suas duas ''cachorrinhas''.
- Obrigada. - falei quase num sussurro.
- Não foi nada, ela sempre faz isso, mas fique tranquila, não passa de intimidação. Mas então, qual é o seu nome novata?
- Ariana. - respondi sem olhá-lo.
- Ariana hum...
Ele chegou mais para o lado ficando bem próximo a mim e pegou em minhas mãos que a essa altura já estavam tremulas.
- Está tremendo. - ele ri.
- N-não é engraçado.
- Ah,me desculpe, é que eu nunca vi alguém tão nervoso em falar comigo, me sinto importante.
Ele da um sorriso sem graça e volta a sua posição inicial.
- Meu nome é Jonathan.É um prazer conhece-la senhorita.
O mesmo pega novamente em minha mão e deposita um beijo.Já imaginava como eu devia estar, totalmente vermelha e constrangedora.
Depois eu apenas desviei o olhar e fiquei fitando um canto qualquer, mas sentia ele me observando. Acho que ele se tocou que sou estranha.
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Desde o momento em que meus olhos encontraram aquela garota eu finalmente soube o que significava a verdadeira paixão.Os grandes olhos castanhos em tom de avelã, seu lábio carnudo rosado, e seus cabelos, lindos cachos ruivos.
Será isso amor a primeira vista?
- Nossa. - disse sem querer.
- O que foi?
- Você é linda. - falei e mostrei meu melhor sorriso.- de um jeito totalmente único.
Mas ela pareceu não gostar, pois ficou me encarando como se eu fosse um maluco.
Quis parar e observar cada detalhe dela, e realmente fiz isso. Ela usava roupas clara, o que combinava com seu jeito meigo, contudo fiquei curioso sobre o resto, já que ela usava uma blusa de frio.
- Sempre usa roupas de frio no verão? - perguntei me arrependendo logo em seguida, acho que a deixei sem graça.
- A-ah... eu não gosto muito de me mostrar.
- Ficaria mais bonita sem ela.
Ela ainda me olhava como se estivesse com medo, era engraçado.Sorri e me levantei.
