Capítulo 2 - Goodbye?

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Após o término da última aula, enquanto eu já estava preparada para ir para casa, Jonathan se ofereceu para me levar até em casa, eu aceitei, é claro.

Ao longo do caminho fomos conversando, o que me fez notar que nós éramos bem parecidos, uma coisa que me surpreende.

- Obrigada mais um vez. - disse e esbocei um sorriso tímido.

- De nada, foi um prazer.

Ele pega minha mão e deposita um beijo, como hoje de manhã.

Sorrio, ele também.

Poderia olhar aquele sorriso o dia todo.

Pego minhas chaves dentro da mochila e abro a porta.

- Mãe? - disse em voz alta mas não recebi nenhuma resposta.

Ao que aparentava, não havia ninguém em casa.Joguei a mochila no sofá e fui até a cozinha, abri o armário onde ficavam meus doces e peguei um pote de jujubas.

Voltei para sala e deitei no sofá, peguei o controle e coloquei em um canal aleatório em que passava um programa de culinária.

- Filha? - ouço a voz de minha mãe falar do lado de fora.

- Oi! - gritei e escondi o pote atrás de mim.

Ela odiava que eu comesse doces antes do almoço, coisas de mãe.Observei ela passar pela sala, parecia cansada e estava segurando muitas sacolas.

- Quer ajuda? - perguntei me levantando.

- Não, e é melhor você guardar essas jujubas se não, não vai entrar no vestido que te trouxe.

Revirei os olhos e peguei o pote, levando-o até o armário e guardando, outra hora eu pego de volta.

- Mãe, por que me comprou um vestido?

Pode parecer uma pergunta estranha, bem, não tão estranha se você tiver uma mãe pão dura que nem a minha.

- Hoje vamos ter visitas.

- Que visitas?

- Sua tia Helen e seu primo virão para o jantar.

Acho que saber disso foi o ponto alto da minha noite.Tia Helen na verdade era a melhor amiga da minha mãe, mas eu considero ela assim pois sempre foi muito bondosa e cuidou de nós quando meu pai nos deixou

Aproveitei que eles chegariam apenas às oito, como minha mãe havia dito, e subi para o meu quarto para dormir.

Acordei por volta das 6h45 com o despertando "gritando" em meu ouvido,
esfreguei meus olhos e me sentei na cama. Então percebi algo diferente, em minha direção, em cima da poltrona que ficava no canto do quarto, havia um vestido, era azul bebê, rodado e com alguns detalhes em vermelho, perfeito.

Tomei um longo banho e coloquei o vestido, decidi deixar meu cabelo solto aquela noite.

Desci as escadas e encontrei minha mãe na cozinha, ela estava preparando algo no fogão, me aproximei e coloquei minha mão em seu ombro.

- Quer ajuda?

Me senti um alienígena naquele momento, a mulher em minha frente parecia totalmente chocada, e olha que eu nem passei maquiagem.

- É a primeira vez que vejo você parecendo uma menina. - ela diz em um tom irônico.

- Ok mãe, quer ajuda ou não?

- Não... Já terminei aqui, mas pode ir arrumando a mesa.

Peguei uma toalha de mesa verde e coloquei no lugar da que estava, peguei os talheres e coloquei ao lado dos quatro pratos que já estavam na mesa.

Depois me sentei no sofá e fiquei assistindo tv enquanto esperava por eles, que pareciam nunca chegar.

- Eles estão demorando. - eu disse e minha mãe concordou com a cabeça.

Ela se levantou do meu lado e foi em direção ao telefone de casa, e discou o número.

- Alô? Helen? - ouço ela dizer e me aproximo mais para ouvir a conversa.

Não faço ideia do que pode ter sido falado a minha mãe, pois o rosto dela mudou totalmente a ouvir tal coisa, parecia... assustada.

- Pega suas coisas Ariana. - ela disse desligando o telefone.

- Mas, o que foi mãe?

Ela parecia não me ouvir, porque me ignorou totalmente indo ao andar de cima.

- Mãe! - gritei

- Eles... Sofreram um acidente de carro, pega suas coisas!

Fiquei parada.

Sempre foi um choque para mim saber que alguém tinha sofrido algum acidente, ou que tivesse acontecido algo de muito ruim, eu ficava repassando a cena como se eu tivesse participado daquilo, ficava imaginando os sentimentos sentidos, eu sei, é loucura.

Fiquei até tarde no hospital sozinha, faziam três horas que minha mãe havia me deixado lá a espera de alguma notícia.

Estava observando uma criança que brincava com sua boneca na recepção, acho que ela estava esperando por sua vó pois ficava a todo momento perguntando dela para mãe, quando meu celular tocou. Era a minha mãe.

- O que foi?

- Olha como fala comigo garota! Quero você em casa.

- Como?

- Isso mesmo que você ouviu, agora!

- Mãe, eu não posso, não tem ninguém aqui para ficar com ela, além disso, não tem ônibus essa hora.

- Não estou nem aí, pegue um táxi e se não estiver aqui em dez minutos eu...

Desliguei.

Eu não iria embora, não mesmo. Eu não fazia ideia do porquê ela estava agindo daquele modo, quer dizer, se fosse a minha melhor amiga, eu ficaria quantas horas fosse preciso.Acabei cochilando depois de alguns minutos, estava realmente muito cansada.

- Ariana!

Abri meus olhos devagar e vi minha mãe em minha frente, estava com os braços cruzados e preparada para me dar uns tapas.

- Por que veio aqui? Já disse que não vou embora. - eu falei calmamente enquanto me espreguiçava

- Você vai sim.

Ela pega meu braço com força chamando a atenção de todos.

- Me solta!

- Vamos! Agora!

Ela tenta me puxar para a porta de entrada mas eu impedir.

- Para! Por que não me deixa ficar?

- Porque ela morreu Ariana! Ela... Morreu.

Se eu pudesse voltar atrás, acho que preferiria não ter feito aquela pergunta.Minha mãe parecia arrasada, ela literalmente sentou no chão e não parou de chorar, me senti dentro daqueles filmes de drama.

Só que eu não estava em um filme.

- Me desculpa. - sussurrei e corri até a porta de saída.

Comecei a andar sem rumo pelas ruas, nada mais estava fazendo sentido naquele momento.E eu só conseguia pensar, em como as coisas podem ser tão frágeis.

ShyOnde histórias criam vida. Descubra agora