Surpresa

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Parte de mim sabia que não era certo me casar com a Rin, mas não imaginava a maldita traíra que ela era. Ver Sakura de novo sacudiu tudo dentro de mim, principalmente quando ela sumiu durante três dias. Aquilo me fez retornar ao momento em que ela foi embora de Barbacena, tudo que eu queria era pedir para ela ficar, mas com que argumentos?! Tantos anos se passaram e eu esperei pelo momento certo de falar o quanto eu amava aquela baixinha; o quanto ela fazia eu me sentir a pessoa mais especial do mundo; o quanto eu adorava ouvir a risada dela, ver os sorrisos, admirar sua determinação e personalidade. 

Sakura era a porra da mulher da minha vida.

Quando conheci a Rin, ela me encontrou desolado e despedaçado pela partida da Sakura, então ficamos amigos e ela me consolou, animou, e me fez começar a viver minha vida novamente. Por mais que muitas vezes eu tivesse recaídas e quisesse ir até o Rio de Janeiro e me declarar para Sakura, esperando um grande final de uma comédia romântica. O que dizer? Sou um grande fã de literatura e um romance me prende da mesma forma que um livro de suspense. 

Eu e a Rin acabamos nos envolvendo, e por muito tempo eu mantive apenas um sexo casual entre amigos. No entanto, ela queria mais e eu achei que seria uma boa ideia oficializar, já que queria seguir em frente. Já tinha quase 30 anos, não podia ficar preso a minha paixão de infância, esperando que quem sabe um dia ela voltasse para o interior apenas para ficar com um idiota que nem coragem teve para dizer tudo que sentia. Entendi que era o momento, eu gostava da Rin, ela fazia com que aquele buraco em meu peito não ficasse mais tão presente. Contudo, eu estava enganado, ver Sakura naquela rodoviária fez com que eu me visse como aquele garoto de 19 anos outra vez.

Era ela.

Tudo virou uma bola de neve na minha cabeça, questionando-me se estava fazendo a escolha certa. Por que não parecia ser o certo? Por que eu sentia que me casar com Sakura faria muito mais sentido mesmo depois de tanto tempo? Mesmo eu olhando para ela e sentindo vontade de beijá-la, de abraçá-la, de ficar com ela pro resto da minha vida, eu não conseguia dizer, não conseguia me declarar. Parecia que se eu o fizesse tudo acabaria, ela me odiaria por ter estragado o que a gente tinha e nunca mais falaria comigo. Eu preferia tê-la ao meu lado como melhor amiga do que não ter. 

— Filho… — Ouvi a voz da minha mãe e me virei. — O que aconteceu entre vocês? Nunca vi vocês gritarem um com o outro. — Fui até ela e a abracei. — Me conte o que houve, Kakashi, estou ficando preocupada.

Fechei a porta do quarto e sentei na cama; contei tudo para ela, como a Rin foi ardilosa para Sakura não escancarar a merda que ela tinha feito. Obito foi o que mais me decepcionou, nunca esperava algo desse tipo vindo dele. Éramos amigos desde a adolescência, conheci ele na escola e desde então fazíamos tudo juntos, menos quando estava com a Saky. Meus momentos com ela eram prioridade, não que não saíssemos os três juntos, mas eu e a Sakura sempre fomos prioridade na vida um do outro. Talvez esse tenha sido meu erro, não havia reciprocidade com a Rin, ou com Obito.

— Eu nunca gostei dela, Kakashi! Quem não quer organizar o próprio casamento?

— Como?

— Eu escolhi toda a decoração do casamento, meu filho. Ela mal me dava bola quando perguntava alguma opinião. — Minha mãe cruzou os braços e fez cara de má, eu conhecia aquela expressão no rosto da dona Hana. — Você vai mostrar pra essa mulherzinha que você não é idiota. 

— Mãe, por que não me falou isso?

— Porque achei que você amava ela, queria vê-lo feliz, assim como a Sakura! Que deve ter sofrido durante todos esses dias por não falar a verdade pra você.

— Mamãe, eu preciso falar com a Sakura, ela deve estar arrasada comigo, não deveria ter falado daquela forma com ela.

— Não deveria mesmo! A garota te ama desde o fundamental, Kakashi. — Fiquei olhando-a, completamente perdido. — Você é mesmo um idiota… 

Minha garotaOnde histórias criam vida. Descubra agora