Após o final feliz...

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Sans não foi muito o tipo de pessoa que se importava com muitas coisas. Sempre sentiu uma pressão mental no seu crânio no qual o mesmo afogava e disfarçava com um sorriso ou uma falsa ilusão de preguiça. Não havia motivo de demonstrar o seu lado emocional e preocupado a outros, chamariam ele de louco por isso. O mesmo vivia bem ignorando tudo, não havia nenhum incómodo, ou quando se sentia afetado o mesmo fazia questão de se isolar no seu quarto para esconder os seus problemas.

Por baixo daquela máscara, ele escondia segredos e coisas no qual possivelmente ninguém sabia. Tinha vagas memórias do seu passado, tudo parecia tão nublado na sua mente por algum motivo. Lembrava-se do tempo no qual trabalhava num laboratório ao lado de monstros no qual não se recorda e estudava conceitos absurdos como o Espaço e Tempo. Esse conhecimento trouxe a ele novas perspectivas sobre a sua vida... A descoberta da habilidade dos humanos para voltar atrás no tempo. Esse conceito era vago... Mas era com certeza assustador.

Era chocante, saber que no fundo aqueles seres que iniciaram a guerra entre as raças agora tinham controlo em tudo o que faziam. Se um humano caísse no subsolo, Sans tinha a certeza que aquilo seria o inferno, forçados a viver naquela prisão subterrânea com a falsa ilusão de uma liberdade inexistente. Era cruel, era injusto, era desmotivante... Mas não havia nada a fazer. Se algum dia o Subsolo se submetesse ao risco de um humano com aquela habilidade cair ali, eles estariam condenados, forçados a viver num loop no qual nunca teriam a memória do ocorrido.

Mas não havia nada a fazer... Sans tinha de lidar com o assunto e o mesmo assim o fez. Aceitou que iria viver um inferno infinito inevitável e ignorou os problemas. Afinal... O que podes fazer quando nem tens controlo sobre as próprias ações? Ele ignorou tudo, enterrando cada preocupação no seu crânio tentando esquecer os seus problemas.

Isso funcionava... Às vezes. Mas o que fazer? Vivia uma nova vida, vigiando o subsolo em várias estações diferentes. Também ajudava Alphys em certos assuntos no laboratório, mesmo aquela sensação de estar presente num ambiente como aquele ser... Muito pesada.

Agora encontrava-se no seu maior sonho... Liberdade. À cinco anos atrás uma humana chamada Frisk caiu no subsolo e na sua jornada ela conseguiu formar uma amizade com todos os monstros e magicamente libertá-los da sua prisão. Sans observou Frisk na sua jornada a partir do momento em que ela apertou a sua mão. Não a matou por uma promessa no qual fez a Toriel, mas decidiu ficar alerta.

A sua compaixão e amor parecia genuíno... Aquela criança alegre e carinhosa, presa num mundo de monstros a tentar matá-la nunca pareceu afetada com algo. Era bizarro... Mas o que mais questionou Sans, foram as suas capacidades. Sempre que um humano caía no subsolo, o mesmo voltava a ter aquela pressão mental com medo de ser aquela a pessoa com a capacidade temporal que ele temia, e isso o deixava alerta. Analisava todas as ações dela... Rosto, feições, maneira de agir... E no fundo, às vezes notava que Frisk sabia o que ia acontecer e não se demonstrava assustada ou preocupada.

Frisk era diferente... Sans sabia disso. Poderia ela possuir a habilidade no qual ele temia? Talvez... Mas o mesmo ignorou tudo novamente, tentando se focar na nova era que os monstros e humanos passariam a viver. Frisk era confiável afinal, o que duvidar à pessoa que os trouxe liberdade? Pelo menos numa parte era confiável...

Cinco anos depois, a humanidade havia aceitado os monstros parcialmente. Ainda havia certa discriminação pela raça, algo que dava nojo a Sans por aquele tratamento. Frisk havia crescido, uma adolescente de 16 anos agora no qual vivia com Toriel. A vida do esqueleto também mudou, vivia numa casa semelhante à sua em Snowdin numa pequena aldeia. Era vizinho de Frisk e Toriel e por conta disso o mesmo passava muito tempo com elas, não só ele como também o seu irmão mais novo Papyrus, no qual ainda vivia com Sans.

I won't let her (Undertale AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora