2. Dia de feira

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Mesmo trabalhando oito horas por dia na consultoria, muitas das tarefas domésticas ainda estavam sob sua responsabilidade e preocupação, por mais que não as fizesse diretamente. Sempre era ela que tinha que agendar a babá, organizar a faxineira para vir no dia em que os dois não estariam de home office, marcar pediatra para os filhos, saber o que tinha na geladeira e fazer a lista de compras para Vini ir ao supermercado.

A lista de tarefas só aumentava e o espaço e tempo dedicados apenas para o sexo eram cada vez mais raros. Como ela ansiava por uma trepada gostosa logo pela manhã, um orgasmo forte e revigorante para começar o dia! Café e orgasmo faziam parte da sua receita para ter um dia eficiente e produtivo, sem falar em prazeroso. Sim, inacreditavelmente era assim com seu marido - antes dos filhos.

Tudo mudou quando engravidou do seu primeiro filho. Os hormônios pareciam ter enlouquecidos; sentiu uma grande diferença na libido logo após o nascimento do Enzo, mas, alguns meses depois, passou a ver sexo nos lugares mais inusitados.

Quando passava na feira de rua às quartas - que era o seu dia de home office -, por exemplo, sentia um calorzinho estranho todas as vezes que o sujeito da bancada de banana lhe chamava de princesa e sempre fazia a mesma piadinha escrota:

- Fala, princesa! Hoje vai querer da verde ou da madura? A verde tá durona, hein!

Julia apenas ria de tão sem graça que era a piada, mas no fundo ela gostava de imaginar seu Gonzalez, um senhor de uns 50 anos e bigode grosso com um cacho de bananas em uma mão, seu pau duro na outra e um sorriso safado no rosto.

- Hoje vai ser da mole, seu Gonzalez!
Passava a mão pelas abobrinhas, pepinos e cenouras de forma voluptuosa. Sempre pechinchando o melhor preço.

- Esse pepino tá meio fino, moço, não vai dar...

- Esse é japonês, senhora. Tenho de outra variedade aqui, bem grosso e gostoso se quiser!

E assim ela chegava molhadinha em casa e o carrinho transbordando de frutas e legumes falocêntricos. O recado do seu corpo era claro: ela precisava de um homem agora!

Era quarta-feira e ela ia trabalhar de casa. Mas seu marido só iria chegar tarde. Como aguentar todo aquele tesão por mais seis horas?

Aproveitou que não tinha ninguém em casa. Tirou sua legging preta e ficou só de calcinha de algodão e sua blusa branca da Rita Lee que usava para fazer absolutamente tudo, de ir à feira à academia.

Deitou-se na rede da varanda do décimo segundo andar. Queria pensar em outra coisa. Respirou fundo, fechou os olhos e começou a imaginar um cenário bucólico, cheio de legumes e frutas. Ela passeava pela horta. Era uma manhã quente de verão, ela usava um vestido estampado amarelo e estava lindíssima com seu batom vermelho e chapéu de praia. De repente, olhou para os legumes plantados no chão e percebeu que agora, absolutamente do nada, eles haviam se transformado em picas gigantes! Puta que pariu! Ela se ajoelhou e começou a lamber todas elas com muita voracidade. Isso no sonho.
Mas vida real, estava de boca aberta e arfando de calor, enquanto sua mão direita percorria seus seios por baixo do top que ficava sob a blusa. Ela sentiu seu coração se acelerar... imaginou agora um homem musculoso, com roupa de jardineiro, antebraços à mostra, e um regador na mão, surgindo do campo de pirocas e a encarando com fervor no olhar. Suas mãos já alcançavam sua calcinha cinza de algodão que, naquele momento, já estava úmida. Passeando os dedos pelo clitóris em formatos circulares, começou a se tocar e, a cada toque, gemia baixinho. Em seguida, o ritmo de seus dedos foram acompanhando sua respiração que se tornava cada vez mais a ofegante e acelerada.

Sentia que sua vulva expelia líquidos e mais líquidos. Então, tirou a calcinha rapidamente e começou a esfregar a lateral do clitóris com mais rapidez com o dedo médio. Ela enfiava o dedo na entrada da vagina e depois esfregava o clitóris. A sensação era maravilhosa. Até que apertou o dedo indicador e o médio com mais força e de forma mais rápida. Não se furtou a gritar de prazer em uns poucos minutos:

- Ahh, Ahh, Ahh...

O alívio era completo!

No torpor característico pós gozo, Julia ficou olhando da sua varanda gourmet por alguns minutos, sem fixar em nenhum lugar específico. Até que reparou que o vizinho gordinho do prédio da frente a estava observando. Rapidamente pegou a calcinha do chão e saiu de fininho da varanda.

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