Before: A Família Frost

Capítulo 1

.Janeiro de 1960.

- Mestre Ethan?- a voz da elfo se fez ouvir pelo quarto vazio.

Ethan ouviu a voz da elfo e suspirou, terminou de se vestir e saiu do banheiro depois de um banho.

- Sim Cindy?- ele pergunta olhando a elfo.

- Mestre Sebastian mandou avisar que o espera para jantar rapidamente, diz que tem algo importante para tratar.

- Tudo bem, estou indo, obrigada Cindy.- ele agradece à elfo que logo desaparece do quarto.

Ethan sabia o que o seu pai tanto queria com urgência. Pelo menos ele já imaginava, por ter ouvido escondido, algumas conversas, só esperava estar errado.

Ele saiu do quarto e andou pelos corredores silenciosos da Mansão Frost. A Mansão tinha um ambiente maioritariamente calmo e escuro, Ethan às vezes apreciava como a sua casa era, embora todos os dias gostasse de sair dali e nunca mais voltar.

Chegou à sala de jantar onde seus pais já estavam sentados esperando ele. Sebastian e Felícia Frost. Seu pai estava sentado na ponta da mesa, com sua mãe ao seu lado, então ele se sentou do outro lado de Sebastian. Assim que isso aconteceu, a comida foi servida por elfos e eles começaram comendo.

- Penso que você saiba o que tanto quero falar com você.- Seu pai diz o olhando com uma expressão neutra.- Hoje será uma noite importante para você. Mais tarde nos juntaremos na Mansão do Lorde, pois você irá receber a Marca. 

Ethan parou de comer e o olhou. Hoje?! Ele esperava que seu pai lhe dissesse que a iria receber, mas já? Ele só tinha 17 anos, no seu ponto de vista ele ainda era muito novo para isso.

Além disso, ele não queria. Não defendia nada do que sua família e Lord Voldemort defendiam.

- E se eu não quiser?- ele arrisca perguntar

A sua mãe fica em silêncio e seu pai o olha com alguma incredulidade.

- Você não tem opção.- Sebastian responde.- É uma questão de honrar sua família e seguir a vida que tem que seguir.

- Acho que é mais a vida que VOCÊ QUER que eu siga.- retruca Ethan.- Eu não quero nada disso na minha vida. Eu não quero ser como você.

Um barulho estalado foi ouvido pelo local e Ethan vira o rosto depois de sentir um tapa forte vindo de seu pai.

- Você vai receber a Marca hoje sim e vai aprender a falar comigo com mais respeito. Entendeu? Ou precisarei de fazer você entender de uma forma mais dolorosa?

- Eu entendi, senhor.- Ethan murmura não protestando mais.

Ao longo dos anos, depois da criação das profecias, a linhagem Frost foi continuando. E sinceramente, não era a melhor família existente. Nem lá perto.

A família se resumia em bruxos das trevas, assassinos e psicopatas. Não havia nenhum bruxo daquela família que não se tinha deixado tomar pela psicopatia que percorria naquele sangue.

Tudo bem, isso é mentira. Até hoje havia duas exceções. E uma delas era Ethan Frost.

O gene da psicopatia é genético, mas relativo. Ethan o continha, mas ele tinha um controle sobre si mesmo e nas suas emoções. 

Claro que já tinha torturado. Mas que escolha ele tinha? Com pais como os dele e o ambiente em que vivia, ele tinha que fazer algo para sobreviver naquela casa. Sabia o que lhe acontecia quando desrespeitava seu pai. E ele não tinha o costume de arriscar.

Mas ao contrário do historial familiar, ele não matava nem saía por aí massacrando inocentes, principalmente o alvo de Lord Voldemort e seus seguidores, trouxas.

Uma hipótese para o controle mental de Ethan, era provavelmente o ódio e raiva que tinha pelos próprios pais. E a certeza de que não queria ser como eles. Se essas emoções contra eles não existissem, o mais lógico num ambiente familiar como aqueles, era ser como os dois. Mas ele felizmente não era assim.

Por isso é que ele tinha uma decisão. Ele ia fugir. Para bem longe.

- Nunca que fico aqui e que vou receber aquela coisa.- Ethan murmura para si mesmo acabando de arrumar uma pequena mochila.

Olhou em volta pensando se faltava alguma coisa e sorrio levemente ao ver que estava pronto. 

Ele sabia Aparatar e iria para um lugar onde seu pai não o procuraria tão fácil. Ele iria para o mundo trouxa, cheio de gente e confusão. Um lugar onde ninguém o conhecia nem podiam comunicar a seus pais onde ele estava. Ele ia viver sua vida, como ele queria e podia. Tinha lido muito sobre o mundo trouxa e tinha algum dinheiro como eles para poder sobreviver lá.

Oh sim, podia ter feito isso antes certo?

Errado, ele já queria fazer antes, mas não podia antes dos dezassete anos, antes dessa idade podia ser localizado pelo Ministério da Magia. Então esperou os dezassete anos para poder ir embora livremente. E essa noite era uma oportunidade perfeita. 

E num segundo ele aparatou e já não estava em casa. 

Do nada, Ethan apareceu num beco vazio das ruas de Londres. Era noite e nevava um pouco o que aumentava levemente a quantidade de neve que havia pelas ruas. Ele ajeitou seu cachecol por conta do frio e começou andando calmamente olhando ao redor. Não queria andar rápido, porque podia cair por causa de algum gelo que havia no chão

Ele amava ruas trouxas, as luzes da rua iluminando tudo e pessoas andando também, algumas sozinhas, outras com amigos ou familiares. 

Ele estava completamente distraído em seus pensamentos e olhando em volta que se assustou quando alguém chocou contra ele. Com um impacto ele notou que a pessoa, que era uma garota, ele rapidamente segurou a sua cintura se inclinando e a impedindo de cair.

A tal garota parecia surpresa e olhou Ethan que olhou para ela. Mesmo sendo de noite os dois se conseguiram ver perfeitamente.

Ela era a garota mais linda que Ethan já tinha visto em sua vida. Tinha cabelos longos, ondulados e castanhos claros e olhos claros como seus cabelos. Mas estavam um pouco vermelhos, parecia ter estado a chorar. Usava roupas simples e quentes pelo clima frio, mas mesmo assim parecia com frio.

- Meu M...Deus.- Ethan disse a olhando, se lembrando que tinha que agir como um trouxa.- Você está bem?

- E-estou, obrigada.- ela respondeu baixo e se recompuseram.

- Não precisa agradecer.- Ethan diz num tom calmo sem tirar o olhar dela, quase que hipnotizado, ficando uns segundos em silêncio antes de lançar a pergunta.- Qual seu nome?

- Susan.- ela diz abraçando o seu próprio corpo olhando para ele da mesma forma que ele a olhava.- E o seu?

- Ethan, prazer, desculpe se for muito intrometido, mas tem a certeza que está bem? Tem os olhos vermelhos.- ele pergunta

- Oh, não é nada, não se preocupe. Não estou tendo um bom dia, nem uma boa noite.- ela confessa com um leve riso forçado.

- Entendo.- Ethan olha em volta vendo um café aberto do outro lado da rua.- Posso oferecer uma bebida quente a você?- ele oferece com um pequeno sorriso.

- Oferece isso a todas as garotas que conhece do nada na rua a chorar?- ela pergunta brincando.

- Na verdade não.- ele sorri.- Você é a primeira, como me estou saindo?

- Hmm bem, está se saindo bem.- ela diz sorrindo fingindo que avaliava ele.- Aceito.

Os dois sorriem se olhando ainda, atravessam a rua e vão no café onde se sentam do lado de dentro.

Sim, Ethan estava bem agora.