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LEIDERDORP — 2007

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LEIDERDORP — 2007

ROMEE VAN BEUGE

EU NÃO SABIA quanto tempo eu e Matthijs estávamos sentados sobre o colchão, debaixo da tenda de lençol que fizemos no terraço da minha casa. O pisca-piscas que peguei dentro da caixa onde estava a árvore de natal, era a única luz que iluminava nossos rostos diretamente.

Matthijs tinha as pernas flexionadas, os braços apoiados sobre os joelhos e olhos atentos ao céu repleto de estrelas. Eu estava sentada com as pernas cruzadas, olhando para o mesmo lugar do que ele, mas atenta a sua movimentação.

Mesmo com a pouca iluminação e algumas luzes da cidade, eu conseguia ver o brilho de suas orbes azuis, irradiando um pouco de paz que me acalmava por todo o tempo que ficava junto com ele.

Eu sentia muita falta de sua presença rotineira em minha vida, no entanto eu sabia que ele precisava ficar longe para conseguir uma boa carreira como jogador de futebol. E talvez amar era deixá-lo ir para longe e eu o amava demais.

Com certeza eu desejava que ele passasse o resto do dia comigo, após a escola, estudando ou apenas assistindo todos os filmes que passava na TV, mas ele precisava ir para o futebol e consequentemente, deixou de ir estudar na mesma escola que eu. Isso resultou em um afastamento, mas nada que fizesse perder a sintonia que tínhamos.

Então, havia semanas que eu não o via direito, algumas vezes ia aos seus jogos, porém quase não tínhamos tempo de nos falarmos. Naquela noite, era a primeira vez desde que ele voltou, que eu o tinha apenas para mim. As ligações diminuiam a ansiedade, mas eu sentia falta do seu contato visual e do toque de sua mão na minha.

Ele virou o rosto para mim e deu seu sorriso fofo, me fitando por alguns segundos, antes de dizer qualquer coisa.

— Eu sinto falta disso, Romie. — ele proferiu a confissão, olhando em meus olhos. — Todos os dias. — dei um sorriso fraco.

Era bom saber que eu também causava saudades em Matthijs. Ele era um pouco calado quando se tratava de dizer sobre o que sentia e ouvi-lo sua afirmação, me deu um pouquinho de compartilhamento de sentimentos.

— Eu também, Mattie. — olhei para frente, fitando a copa verde da árvore em frente a minha casa.

Ele tocou minha mão, entrelaçando nossos dedos, como sempre fazíamos. Aquele era um dos nossos gestos mais puros e carinhosos. Quem não nos conhecíamos, acreditava que tínhamos algo além de amizade, mas eram apenas a melhor dupla de Leiderdorp, os melhores amigos da vida.

— Eu tenho que te dizer uma coisa. — ele umedeceu os lábios e desviou os olhos rapidamente, como se quisesse fugir daquele assunto.

Eu conseguia ler apenas com os olhos o que Matthijs queria me dizer. Tínhamos uma cumplicidade apenas ao olhar um para o outro, eu gostava disso, porque assim não precisávamos de dizer nenhuma palavra.

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