ᴅᴇᴛᴇɴᴄ̧ᴀ̃ᴏ

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Assim que saio de dentro do edifício o vento da madrugada bate em meu corpo e estremeço. Me sento no chão ao lado da porta de entrada, fico com mais frio ainda assim que encosto no piso gelado.

Tem poucas estrelas, e a lua está minguante. O único som que escuto é de uma coruja em algum lugar por perto.

Eu poderia ter evitado tudo isso no momento em que percebi que todos estavam dormindo, mas me deixei levar pelo sono. Agora não adianta mais ficar com remorso, as coisas aconteceram e não há o que faça.

Eu até entendo Damon ficar bravo pelo fato de ter um estranho dormindo em sua cama, mas ele passou dos limites com Aaron e comigo. Ao menos, agora ambos sabemos do desgosto mútuo que temos.

Ele disse que quero mandar em tudo, mas isso não é verdade. Simplesmente não engulo facilmente seu jeito de rei, em que acha que todos e tudo acontece a favor dele. As coisas não funcionam dessa maneira comigo, não sou súdita dele, e nunca vou ser.

Coloco os braços ao redor de minhas pernas para uma tentativa inútil de me aquecer. Não quero subir agora pro quarto, ainda estou com raiva e Damon também deve estar, preciso de mais alguns minutos pra esfriar a cabeça.

Ouço o som de passos, alguém está se aproximando. Olho em direção da porta e uma figura feminina sai do escuro, é Mor. Ela vem até mim e se senta ao meu lado, encaramos a noite a nossa frente.

— Você assumiu a culpa – seu tom de voz é baixo.

— Não há culpados nessa situação, mas seria melhor Damon arrumar briga comigo do que com eles.

— De qualquer forma, Ethan está discutindo com ele no quarto.

— Por causa de Aaron?

— Por causa de você.

Olho confusa pra ruiva ao meu lado, quero que ela explique.

— O que Damon te falou e a forma que agiu com você não foi bacana, Ethan não gostou nem um pouco disso.

Curvo meu lábios sutilmente. Meu colega de quarto está me defendendo pro melhor amigo.

— Eu sei que Damon mereceu o tratamento que deu a ele – continuou Mor. – Mas tente pegar mais leve.

No mesmo instante fecho o rosto pra minha amiga. Como ela quer que eu pegue mais leve com esse babaca? Se eu fizer isso, vou agir exatamente como todo mundo que tem receio dele nessa faculdade, e continuar mantendo seu ego inabalável.

— Não vou deixar ele agir de qualquer forma comigo e não tratá-lo com o mesmo desdém.

— Só quis dizer que acho melhor manter isso entre vocês dois, não na frente dos outros de forma tão explícita – ela explica. – Você está confrontando ele na frente de muitas pessoas, não pense que ele vai simplesmente aceitar isso, ninguém aceitaria. Damon poderia fazer você sofrer com muitas coisas até agora, não entendo o motivo para ainda não ter feito nada, mas não se esqueça disso, Kath.

Por mais que eu não queira aceitar, Mor está certa. Talvez Damon esteja esperando o momento certo pra revidar contra mim, por que de fato ele pode me ferrar a qualquer momento, principalmente no quesito líderes de torcida. Nosso acordo era somente em relação ao teste, e eu ainda tenho uma dívida a pagar. Não posso colocar minha mão tão dentro do fogo, uma hora ele vai queimar.

Isso não significa que vou suportar ele quieta. Vou manter as aparências na frente dos outros pra manter a sua reputação, mas entre nós dois e os mais íntimos não vou abaixar a cabeça. Tenho que me lembrar constantemente que em tudo há limites, e eu não sou uma pessoa rancorosa e implicante, mas por algum motivo, sou assim com Damon.

Touchdown No Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora