4.º - Cereja e Pimenta

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Ayura passou pelos corredores, ainda segurando a mãos de Alóis procurando a saída.

-Por aqui...
A maior desta vez seguia Alóis.

Chegando à porta por onde escapava sempre, abriu-a e começou a correr.

-Hey hey..

A omega pegou Ayura de surpresa correndo. Não que a mesma não conseguisse, só ficou confusa.

-Quer ir a um lugar? - Alóis perguntou ainda correndo.

-Já que estamos aqui né.

Desta vez Alóis sorriu.

Passando a estalagem, havia uma parte do jardim que era "abandonada".
As flores continuavam crescendo mas ninguém ia lá por causa das árvores que não deixavam muita luz passar. Só Alóis ainda ia lá. Era dos poucos lugares da casa onde se sentia bem.

Pararam de correr e olharam à sua volta.

-Gosta? É o meu pequeno jardim...

Ayura não respondeu. Apenas apreciava o lugar.
As flores pequenas e escuras, os arbustos, as árvores sem folhas mas que já iriam começar a nascer porque a primavera chegava, cogumelos no chão e a lua...
Se estivesse sozinha acharia que era a mais bela da noite, mas encontrou o rosto de Alóis sendo iluminado por ela.

Não sabendo que a menor ainda espera pela sua resposta sobre o que achava sobre o lugar, direcionou todo o seu corpo em sua direção e a olhou por um tempo.

Foi a primeira vez em que Alóis não se sentiu constrangida por olhar tanto tempo para os olhos de Ayura.

A maior foi e primeira a cortar o contacto visual, olhando de novo para os cogumelos.

-Hey... - chamou a atenção da omega.

-Sim?

Ayura pos as mãos no cabelo de Alóis e tirou as tranças com cuidado.

-Porque as tirou? Estavam bonitas...

-Quando você quiser eu posso te fazer de novo, mas olhe.

A beta apontou para os cogumelos.

-Agora você parece um.

E caiu na risada. Alóis em outra altura teria se sentido ofendida mas não conseguiu não rir, aquela garota a deixava intrigada.

Então sentiu seus pelos eriçarem de novo...
Os de Ayura também..
Ambas se sentiam perdendo o controle do corpo, e a primeira foi Alóis.

Como num reflexo, a menor segurou o ombro da beta e aproximando seus corpos, a beijou.

Ayura não cessou. Pousou suas mãos sobre a cintura da omega e respondeu ao beijo.

Durante poucos segundos provaram os lábios uma da outra.

-Olha...

-Escuta... - Alóis cortou - ...podemos só aproveitar o momento sem arrependimentos? eu não sei a razão de eu ter feito isso mas não importa agora... eu fiz e gostei...

A maior não esperou mais e puxou-a pela cintura, juntando suas bocas de novo.

Desta vez o beijo foi mais necessitado e se intensificando.
Alóis mordiscava o lábio inferior de Ayura, que a fazia escapar uns sorrisos entre o beijo.

Alóis enrolou os braços à volta do pescoço da maior e foi a guiando até ao tronco de uma árvore.

As duas começaram a descer e antes de se aperceberem , Ayura estava sentada no chão de costas para a árvore e Alóis sentada em seu colo.

Respiravam entre o beijo para não terem de se separar.

Ayura Pov .

Comecei a sentir um cheiro de cereja entre nós. Vinha dela.

Tínhamos nos separado e ela tinha sua boca em meu pescoço, o chupando e mordendo levemente.

Alóis Pov .

Enquanto me entretinha em seu pescoço comecei a sentir um cheiro de pimenta vindo dela.
Sorri percebendo que tinha algum efeito sobre ela.

Narradora Pov .

Enquanto se distraia brincando no pescoço de Ayura, Alóis foi pega de surpresa quando a maior levantou a perna que tinha entre as da omega.
Fazendo-a quase soltar um gemido, que foi contido pela sua mão.

Alóis olhou para Ayura sem reação enquanto que a outra sorria.
A menor agarrou-lhe pelo pescoço e beijou-a de maneira intensiva explorando a boca dela com sua língua.

Ayura estava amando chupar e língua da menor e apertar sua cintura enquanto Alóis, sem perceber, estava fazendo movimentos de vaivém sobre a sua perna.

Quando reparou ficou com um pouco de
vergonha, mas Ayura tocou sua bochecha e sorriu.

-Tudo bem, também é novo para mim...

A beta de Ayura e a omega de Alóis estavam excitadas e queriam mais dessa sensação nova, mas foram contidas.

Alóis Pov .

Ouvi-la me tranquilizou. Não sei como chegamos aqui mais beijei-a de novo.
Um beijo calmo desta vez.
E me encostei ao seu peito.
Ela deixou uma mão em minha cintura e outra alisando minhas costas.

-Você cheira a cereja. - ela disse-me ao ouvido.

-E você a pimenta...

Ela sorriu.
Nossos cheiros ainda estavam intensos, mas estávamos bem assim.

-São verdadeiros?

-O quê?

-Os cristais dos seus pais.

-Ah, somente uma turmalina negra. De resto mais nenhuma riscou.

-Nem a que eu te dei?

-Essa também.

Ayura Pov .

Vi o sorriso dela.

-Sério você tem um sorriso bonito.

-Obrigada, digo o mesmo do seu, criada.

-Oh, obrigada senhorita Alóis. Deseja de alguma coisa?

-Sim - ela afirmou puxando o colarinho da minha roupa e me beija.

Falei-lhe sobre a minha rotina no campo e na aldeia. De como aprendi a ler com o dono da biblioteca velha da parte menos pobre da aldeia.
Sobre o quanto gostava de ler mesmo não tendo a oportunidade de ler muito.
Dos cristais, dos incensos, de sair à noite debaixo o luar, etc...

Ela me falou das coisas que faz para se sentir menos ligada ao mundo quando está em casa, como desenhar.

Narradora Pov .

Falaram sobre as suas maneiras de ver a vida e perceberam que concordavam em muita coisa. O que surpreendeu um pouco Ayura, sendo que Alóis é da nobreza.
Mas ficou feliz por ela ter uma mente aberta.

Ficaram assim o resto da noite.
Abraçadas jogando conversa para o ar, como almas gémeas em outras vidas.

𝐌𝐚𝐢𝐝𝐞𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora