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(Gabriela)
Lembro de falar pra Rosa que Sheilla era problema e depois de passar a noite com ela eu tenho certeza. Eu estava viciada em seu gosto, meu corpo ansiava por cada movimento que ela fazia com o quadril. Depois de nos vestirmos, eu dei um beijo em sua testa e fomos para o lado de fora. Chegamos no tempo do nascer do sol, ela me abraçou por trás e ficamos conversando sobre o que esperávamos desse próximo ano e depois que o sol deu as caras, Sheilla me virou sorrindo e me deu um beijo. Eu queria continuar conhecendo Sheilla, mas minha vida estava tão complicada agora. E depois do meu último relacionamento, eu pretendo ficar bastante tempo sozinha.
Sheilla disse que precisava ir para o quarto encontrar as amigas, eu lhe dei mais um beijo e desci também. Liguei para Rosa, que estava tomando café na piscina, eu tinha que ir embora hoje. Precisava limpar minha casa e tirar todo rastro de Samara. Eu sentia que precisava fechar totalmente esse ciclo pro meu ano realmente começar.

- A noite foi boa, ein! Toda arranhada, com essa cara amassada

- Foi perfeita - disse suspirando, só de lembrar de Sheilla sorrindo meu coração acelerava

- Olha esse sorrisinho, ela te pegou de jeito mesmo - ela me estendeu um pedaço de bolo - Come, gay! Buceta é bom, mas não alimenta

Peguei o pedaço de bolo rindo e sentei ao seu lado, era sempre bom demais estar com ela. Eu sentia falta dela, nós moramos um tempo juntas, mas ela voltou para Búzios para ajudar os pais na pousada.

- Gabi, antes de você chegar aqui eu conversei com meus pais, a pousada já está melhor, eu consegui fazer algumas matérias on-line, então não estou tão atrasada. Queria saber se meu quartinho no 110 ainda está vazio - ela disse fazendo biquinho

- Você ta brincando? Claro que sim - disse a abraçando - Como eu senti sua falta lá no apê

Eu nem acredito que a Rosa vai voltar a morar comigo. E não é que é real isso de beijo da virada dar sorte.

Arrumamos as malas de Rosa e colocamos em seu carro. Rosa parecia feliz em voltar pros seus estudos e era bom ter alguém conhecido como rede de apoio no Rio.

- Mas conta como foi a noite, gay

Sentia meu coração errar as batidas ao lembrar da última noite, queria ter conhecido Sheilla em circunstâncias diferentes.

(Sheilla)

Cheguei no quarto tentando fazer o mínimo possível de barulho, me peguei com um sorriso no rosto, o cheiro de Gabriela estava no meu corpo, na minha roupa, no meu cabelo. Eu não sabia lidar com isso de sexo casual, mas resolvi tentar, mesmo que na minha cabeça não fizesse o mínimo sentido não repetir algo que foi TÃO bom. Aproveitamos o último dia de férias juntas. Fomos para praia, andamos pela cidade, pelo que Caroline disse, Gabriela e Rosa foram embora enquanto estávamos na cidade. Queria ter me despedido, acho que a última noite não foi suficiente para matar minha vontade de ter Gabriela. Aproveitei essa última noite nesse paraíso para escrever olhando para o mar.

01 de janeiro de 2022
Rio de Janeiro

Pensei muito sobre como começar esse texto, resolvi fazer uma carta. Eu sempre quis escrever uma carta de amor, mas nunca tive ninguém para endereçar. Bem, eu tive três amores, mas sinto que nenhum me intrigou o bastante para escrever algo, nenhum aguçou minha criatividade à ponto de colocar em uma carta. Na verdade, acho que esse vazio existencial que eu sinto agora por ter tido algo tão bom e pensar que eu nem ao menos troquei telefone com ela, foi a faísca que eu precisava. É estranho pensar que vivi primeiras coisas com alguém que eu mal conheço, foi a primeira vez que eu beijei uma desconhecida, primeira vez que eu tomei iniciativa, primeira vez que me senti flutuar depois de uma noite inteira transando. Queria ter me despedido dela, mas será que manter o contato com ela seria uma boa ideia? Ou acabaríamos caindo na mesmice dessas relações modernas, não que eu tenha vivido, mas acompanho as das minhas amigas. Agora eu percebo que isso não é muito bem uma carta de amor, acho que é só mais um capítulo triste da minha vida chata que teve uma transa boa depois de tanto tempo e talvez não tenha coragem de chegar em alguém de novo. Afinal, como lidar com essa frustração de conhecer o paraíso e simplesmente perder o caminho?
Gabriela nunca receberá essa carta, o que é uma pena.

- Saudade da Gabriela, Sheilla?

- Deixa de ser boba, Carol - disse fechando meu diário - Como vou sentir falta de alguém que eu mal conheço?

- Eu também queria ter me despedido da Rosa, acho que sei como você se sente - ela disse se sentando ao meu lado - Nós podemos pegar o número delas, essa pousada é da família delas

- Já já você arruma outra - eu disse encostando a cabeça em seu ombro - Queria ter me despedido também, mas vamos virar a página, amanhã voltamos pra realidade, temos que comprar móveis, limpar apartamento, sem tempo pra namoro

- Você tem razão, Sheillinha- ela disse dando um beijo nas costas da minha mão - Vamos? Amanhã nós vamos embora cedo

(3 de janeiro)

Queria saber porque as horas nas férias passam tão rápido, voltamos de Búzios e desde então não paramos em casa. Nossos dias tem sido cheios, resolvemos passar algumas noites em um hotel enquanto fazem os últimos ajustes em nossos apartamentos. Entre lojas de móveis, lojas de roupa de cama e lojas de decoração, conseguíamos achar um tempo para curtir os últimos suspiros das nossas férias. Hoje chegariam nossos móveis, demos sorte de conseguir apartamentos no mesmo andar, mas confesso que ser vizinha de Thaisa e Carol seria um caos. Depois de um dia lotado, recebendo nossas coisas, cada uma foi para seu apartamento arrumar minimamente até o resto das coisas chegar de BH. Resolvi fazer um café da manhã de comemoração, sabia que as meninas acordariam mais tarde que eu, fui ao mercado, comprei coisas para o café e coisas básicas para me alimentar durante a semana, cheguei ao prédio, entrei no elevador e quando a porta estava fechando escutei um grito

- Segura pra mim!

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Gostaram da atualização dupla?
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Até logo!!!!!(Volto quinta ou sexta 😁)

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