A balada

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Entrei no uber em direção ao hospital, não conseguia acreditar que ela tinha morrido. Fazia pouco tempo que a gente tinha conversado. Apesar do meu término com o Marcos, ela me ligava semanalmente para saber como as coisas estavam e para me apoiar. Ela não tinha me dito nada sobre doença ou algo do tipo. O que tinha acontecido?

Meu olho encheu de lágrima ao lembrar da nossa última conversa, ela tinha me ajudado a internar a minha mãe, que finalmente tinha aceitado se curar do vício, e estava esperançosa junto comigo, que as coisas melhorariam.

Senti uma pontada de dor, em pensar que agora estaria sozinha, para lidar com tudo isso e mais ainda, tinha perdido minha amiga. Enxuguei minha lágrima vendo que tinha chegado no hospital. Sai do Uber e corri em direção ao hospital.

Encontrei o Marcos sentado em prantos, me sentei ao lado dele e o abraçei.

- Eu sinto muito, o que aconteceu?

Ele me abraçou de volta e em soluços disse:

- Foi um acidente, ela estava caminhando de volta para casa, você conhece ela, aquela mania de fazer tudo a pé. Um motorista bêbado acertou ela em cheio, trouxeram ela com vida para cá, mas foi muito grave, ela morreu alguns minutos após chegar aqui. Eu não pude nem me despedir dela.

Abracei ele mais forte, segurando meu choro, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

- Você precisa de ajuda com os próximos passos? - Falei tentando não parecer insensível, mas eu sabia que ele não tinha mais nenhum familiar para cuidar disso e ele não teria condições.

- Magina, não se preocupa, eu vou dar um jeito. - Ele disse com o olhar perdido.

- Não, eu faço questão, me deixa ajudar.- Disse firmemente. Ele assentiu, sem mudar a expressão.

- Vai para a casa dormir um pouco, deixa que eu cuido das coisas, te chamo caso precise de algo.

Ele assentiu, continuando a encarar o chão. Pedi um uber para ele e ele partiu.

Fiz todos os arranjos, sem tirar o pensamento nela. Lembrei de cada momento e cada conversa que tivemos.

O enterro foi no dia seguinte, uma cerimônia bonita.

- Hey eu tenho que ir, mas você pode me ligar caso precise de algo. - Disse tentando confortá-lo.

- Obrigada, de verdade, eu não mereço nada disso do que você fez por mim.- Ele disse com o olhar triste.

- Isso é passado e a Gisele merecia uma cerimônia bonita.- Senti uma pontada de dor ao falar o nome dela, ainda não parecia real. Voltei para casa absorta nos pensamentos até que peguei meu telefone e vi que tinham várias mensagens e ligações perdida do Rafael.

"Droga, fiquei tão ocupada resolvendo tudo que esqueci de olhar meu celular"

Decidi que ia lidar com o Rafael mais tarde, eu precisava dormir. Tinha que trabalhar amanhã, eu já havia pedido um dia de folga no trabalho para ajudar o Marcos.

No dia seguinte liguei para o Rafael, tentando pensar no melhor jeito de explicar a situação.

"Oi Rafael, tudo bem?"

"Oi bebê, graças a Deus, estava preocupado, você sumiu."

"Me desculpa, eu tive que ajudá-lo com o enterro e eu estava tão cansada depois, que só dormi."

"Entendi, e porque VOCÊ teve que ajudar, ele não tinha outra pessoa." Disse em um tom ríspido que não gostei.

O garoto londrinenseOnde histórias criam vida. Descubra agora