O primeiro encontro

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- De novo não! - gritei ao abrir meu feed do Instagram e dar de cara com uma foto do meu ficante da vez segurando a mão de uma menina com aliança.

Eu estava cansada, era sempre o mesmo fim, eles ficavam estranhos, respondiam cada vez mais secos as minhas mensagens e os diálogos que ocorriam em minutos se transformavam em horas, dias até que apareciam namorando com outra pessoa.

Será que aquilo só acontecia comigo? Eu parecia estar amaldiçoada ou seria uma onda de azar?

Eu não aceitava, eu tinha que sair desse ciclo. Será que mais alguém no mundo passava por isso? Decidi procurar a resposta dessa pergunta na internet, abri o google e me deparei com centenas de videos, podcasts e livros sobre como prender um homem. Era isso! Exatamente o que precisava. Absorvi e anotei cada lição como uma pessoa ansiosa no primeiro dia de aula da faculdade. A cada aprendizado eu sentia uma pontada de esperança, eu finalmente encontraria alguém.

Após meses de estudo e dedicação, decidi que tinha chegado a hora de colocar em prática tudo que havia lido e finalmente marcaria um encontro no tinder com a intenção de encontrar um amor para toda a vida.

Abri o tinder e iniciei os likes, até que finalmente dei o primeiro match. A sua descrição dizia que havia nascido em londrina, fazia crossfit e gostava de beber, além de ser lindo, tinha tudo para dar certo e deu.

Ele iniciou a conversa fazendo piadas inteligentes com a minha descrição, se importou em perguntar sobre o que eu fazia e o que gostava, me ouviu mais do que falou, além disso ele tinha aquele sotaque fofo do sul.

Passamos alguns dias conversando, ele me fazia rir e quanto mais eu o conhecia, mas viamos como tinhamos interesse em comum.

Abri a foto dele do whatsapp, olhei com detalhes, não que eu já não tivesse olhado cada imagem e post que ele havia feito no Instagram e no Facebook, afinal eu gostava de ter certeza que sairia com alguém que realmente ia achar bonito e interessante. Fechei a foto e decidi sair com aquele garoto londrinense.

Me lembro como se fosse hoje, era uma quinta-feira, as pessoas dão muito valor para as sextas-feiras, mas eu gosto das quintas, não sei dizer o porque, mas quintas a noite sempre me passaram uma sensação boa, talvez seja porque os bares já estão animados o suficiente para serem agradáveis, mas não estão entupidos de gente bêbada como as sextas.

Abri o armário e decidi colocar a minha saia favorita, eu treinava na academia todos os dias, então minha bunda ficava ótima nela. Espirrei uma quantidade maior que o costume de perfume, conferi se estava levando meu kit para retoque antes do encontro, necessaire com escova de dente, maquiagem e o mesmo perfume que acabara de passar, na versão de bolso, para reforçar mais tarde. Dei uma última olhada no espelho e sai para trabalhar.

O dia foi tedioso, como qualquer outro dia no trabalho, sai as 18h e fui até a estação, nosso ponto de encontro. Abri a foto dele umas 3 vezes, para ter certeza que o reconheceria, não sou muito boa em me recordar de rostos e não queria acabar dando algum fora com estranhos no metrô.

Assim que terminei de decorar o rosto dele, levantei o olhar mais uma vez para procurá-lo e foi quando nossos olhos se cruzaram. Eu sorri contente, porque ele era muito mais bonito que a foto, moreno, pele branca como a neve, olhos azuis hipnotizantes, barba no tamanho ideal e mais alto do que eu, o que é difícil de acontecer, porque superar o meu 1,72 de altura não é para qualquer um.

Mas mais interessante que isso foi a reação dele, eu consegui ver o sorriso dele ganhando cor ao me ver. Pensei que talvez ele tivesse acostumado a encontrar pessoas no tinder que não pareciam com a foto, por isso o motivo daquele sorriso, ah aquele sorriso, eu poderia morar nele. Difícil de descrever, mas era um daqueles sorrisos que poderiam iluminar um lugar, que faz você aceitar qualquer coisa que saia daquela boca.

- Você é o Rafael? - perguntei me aproximando.

- Amanda? - me perguntou ainda com o sorriso no rosto, confirmei e comprimentei ele com um beijo na bochecha.

Caminhamos ate o bar do encontro, foi ele quem decidiu o destino, o que facilitou, porque eu só tinha indicação para os mesmos bares que eu ja havia ido com cada garoto diferente que eu conhecia, era cansativo. Aceitei ir em um bar perto da casa dele, afinal era perto da minha também, além disso, aquele seria meu último primeiro encontro, eu estava certa que daria certo dessa vez, utilizando tudo que eu havia aprendido, então esse encontro merecia um lugar diferente.

Era um bar simples, mas a noite estava maravilhosa, fazia calor, não o suficiente para ficar suando, mas ideal para apreciar uma boa bebida gelada, e foi o que fizemos.

Sentamos na mesa e ele pediu uma cerveja, assim que o garçom saiu ele me perguntou:

- Então, me conta mais sobre o seu trabalho, o que exatamente você faz?- Essa era uma pergunta clássica, pensei. Já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha respondido ela.

- Trabalho com vendas online, você quer ganhar dinheiro? Deixa que eu cuido do seu site - respondi entre risadas.

- E você? Perguntei voltando o olhar para o rosto dele.

- Trabalho desenvolvendo máquinas de cartão. - uau, essa foi a resposta mais diferente que já ouvi dessa pergunta.

- Me explica melhor. - falei voltando toda a minha atenção que ele obviamente tinha ganhado com essa resposta.

Ele me deu detalhes sobre o que fazia e o sobre o ambiente que trabalhava, como gostava da facilidade de ir a pé para escritório já que morava perto.

Conversamos por horas sobre as nossas vidas, cada um contou sua história. Não demorou muito para ele me tocar, toda vez que fecho os olhos eu consigo sentir as vezes que ele me puxou de leve, na intenção de me trazer para perto para beijar, mas eu não fui, não era o timing certo, eu havia aprendido.

Eu conseguia ver ele olhando para a minha boca a cada assunto que conversávamos, ele queria mais, e eu estava incrívelmente tranquila e segura, já tinha aprendido que homens gostam da caça, e era isso o que eu daria para ele.

As horas foram passando, e decidimos ir embora, ele me levou ate o metrô, e na hora de nos despedirmos foi onde tudo começou, até hoje me pego pensando nos rumos que as coisas poderiam ter tomado se eu tivesse recusado aquele beijo, se eu não tivesse ido aquele dia, tudo teria sido diferente, mas ele me puxou para beijar de uma forma tão natural, que parecíamos ja termos feito isso antes.

Quando os labios dele encontraram os meus, o tempo parou, eu conseguia sentir as borboletas no estômago, tudo brilhava. Cada vez que a língua dele encontrava a minha, era uma explosão de emoções, a cada segundo que passava o nosso beijo ficava mais ritmado.

Ele passou uma das mãos pelo meu cabelo, segurando minha nuca, a outra mão colocou nas minhas costas, puxando meu corpo para mais perto dele. Senti o pau dele enrijecer, meu corpo ardeu em resposta, querendo se encaixar nele.

Foi nesse momento que lembrei, eu precisava parar, não podia transar com ele. Eu tinha aprendido sobre primeiros encontros, e é exatamente nesse momento que seria definido se haveriam próximos. Absorta nesses pensamentos e perdida em sentimentos, encontrei forças para parar aquele beijo, dei uma desculpa que precisava acordar cedo no dia seguinte, me despedi e entrei na estação.

A cada passo sentia meu coração batendo forte, a adrenalina do beijo percorria meu corpo, eu nunca tinha sentido nada igual em apenas um beijo. Em meio a euforia pensei, será que eu tinha conseguido? Será que ele me mandaria mensagem? E mais do que isso, eu precisava sentir aquilo de novo.

O garoto londrinenseOnde histórias criam vida. Descubra agora