Enviada: A madruga foi feita para dormir.
Recebida: Ela está a dormir. Aqui é o sonâmbulo dela. Como te sentes?
Enviada: Sinto-me confortável por estar a conversar com um sonâmbulo. Depois apagas essas mensagens?
Recebida: Ainda bem. Sim, não posso deixar provas da minha existência nesse corpo.
Enviada: Fazes bem. Não podes correr o risco de perder esse corpo esbelto, e essa mente brilhante.
Recebida: Como é que sabes essas verdades?
Enviado: Não sou cego, mas também não sou um perseguidor.
Recebida: Só um perseguidor diria isso. Devias tentar apostar nisso.
Enviada: Nada mal, desde que fosse só pra perseguir você.
Recebida: Já tinhas ideias. Podes confessar.
Enviada: Confesso! Espero que apagues essas mensagens antes dela acordar.
Recebida: Não vou apagar. Tens medo?
Enviada: Não tenho medo de nada, nem de ninguém.
Recebida: Um dia terás, é uma questão de tempo.
...
Eu não me lembro de ter tanto sono, e ao mesmo tempo querer tanto continuar a conversa com alguém que mal conhecia. Acabei por dormir sem dizer adeus.
Continuamos na manhã seguinte. As conversas foram se tornando cada vez mais profundas, intensas e frequentes. Portanto, naquela sexta feira estava eu atento na tela do computador, esperando a mensagem dela.
Se há uma batalha entre os fenômenos naturais quem perde são os humanos. Nesta batalha, na manhã de sexta-feira, o sol venceu como eu esperava. E eu continuava aguardado pela mensagem que não chegava. A única coisa que aproximava-se era a hora de partir para o Instituto. Carrego na minha mochila, a maquina ciêntifica, fascículos, o plano geral de contas, e um caderno para alguns apontamentos. Sigo numa caminhada rápida para a paregem, vou atrasado outra vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase uma década
Short StoryEstá é a minha versão da história sobre o meu primeiro amor.