Capitulo Quatro

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Shawn On:

Em coma.

O médico está nos dizendo que Kingsley está em estado vegetativo. Ele está dizendo coisas sobre o inchaço no cérebro devido ao impacto e que pode acordar nos próximos dias, semanas ou nunca. Este cirurgião renomado passou horas trabalhando em meu amigo com seu pessoal, mas ainda não conseguiu trazer ele de volta. Ele ficou na sala de cirurgia por horas, apenas para nos dizer se King poderia ou não acordar. Não perco a falsa simpatia ou de suas tentativas de não dar esperança.
Mas mesmo se eu agarrar e sacudir ele, em seguida, socá-lo no rosto, isso não trará King de volta, e com certeza não vai servir a nenhum propósito. Exceto talvez para me livrar de um pouco da minha frustração reprimida.
Krystal ouve as palavras do médico com os lábios entreabertos. Eles estão sem vida e pálidos, como o resto de seu rosto. Ela bate as unhas dos polegares e indicadores de uma forma frenética, quase maníaca. É um hábito nervoso que ela tem desde que era criança, desde que descobriu a verdade sobre sua mãe. Ela estremece ligeiramente com cada uma das explicações do médico, e posso ver o momento exato em que a esperança começa a esmaecer em seus olhos coloridos. Porque ela me dá uma pista.

Sempre que ela está triste ou indisposta, o azul escurece o verde, quase devorando-o como uma tempestade engoliria um céu claro. E assim, os sinais de chuva condensam na forma de umidade em suas pálpebras avermelhadas. Ela não chora, no entanto.
Não tenho ideia se é devido à educação de Kingsley ou a peça que faltava que ela estava procurando desde que soube sobre sua mãe, mas Krystal não chora em público. Pelo menos, não desde que ela era uma pré-adolescente. Ela simplesmente continua apertando as unhas uma contra a outra, irritando o corte em seu dedo indicador repetidamente.
Clink. Clink. Clink.
E a cada tinido, ela está enterrando algo dentro. Uma agulha, uma faca ou algo mais afiado e mortal. Ela está engolindo o veneno, embora esteja bem ciente de sua letalidade. Devido à minha linha de trabalho, tenho visto as reações de inúmeras pessoas ao luto. Alguns têm colapsos mentais, outros expressam em qualquer forma física possível, seja gritando, chorando, batendo ou, às vezes, assassinato direto.
A emoção é tão forte que as reações variam de um humano para outro. Mas quem mais sofre com isso são os que fingem que está tudo bem. Aqueles que se mantêm firmes e tratam a ocorrência como qualquer dia normal. A menos que eles sejam psicopatas ou tenham perdido o senso de empatia, isso não é normal. Krystal com certeza não tem nenhuma tendência antissocial, então ela está cavando sua própria cova com aquelas unhas ensanguentadas agora.

Assim que o médico termina seu diálogo, ele diz que podemos ver Kingsley, mas apenas por uma janela, pois ele ainda está na UTI. Krystal dá um passo na direção do quarto de seu pai, mas seus pés vacilam e ela oscila. Eu a pego pelo braço antes que ela caia, minha mão flexionando em torno dele para firmá-la.
—Estou bem. — Sua voz é baixa, letárgica até.
Eu a liberto assim que ela consegue manter o equilíbrio. A última coisa que quero fazer é tocar ela. Ou ficar perto dela. Mas seu estado é anormal e precisa ser monitorado. É seguro dizer que Kingsley era, é, seu mundo, não apenas seu pai. Ele é sua mãe, irmão e melhor amigo, então não, não acredito por um segundo que ela está bem.
Os passos de Krystal são rígidos e não naturais enquanto ela atravessa o caminho para o quarto. Ela fica na frente do vidro e congela. Completamente. Ela nem está piscando ou respirando corretamente. Seu peito sobe e desce de uma maneira estranha que a deixa quase ofegante. Ando até onde ela está e observo a cena que é responsável por sua reação.
A vista da cama do hospital é tão sinistra quanto o líquido que está escorrendo lentamente em suas veias pelo IV. O braço de King está engessado e seu peito todo enfaixado, mas essa não é a pior parte. É a galáxia de azul, violeta e rosa cobrindo seu rosto e têmporas. São os cortes na testa e no pescoço. A cena horrível se destaca em detalhes minúsculos e feios contra a brancura dos lençóis e das bandagens.

Empire Of Desire || Shawn Mendes Onde histórias criam vida. Descubra agora