Empire Of Desire || Shawn Mendes

Capítulo Cinco

                                    Shawn on:

Krystal adormece. Depois de tanta luta e ficar por horas em frente ao quarto de Kingsley, ela perdeu a batalha física e sentou em uma das cadeiras da área de espera. Disse a ela que ela poderia ir para casa, mas ela balançou a cabeça com veemência, puxou os joelhos contra o peito e fechou os olhos. É por isso que ela está prestes a cair para a frente.
Coloco um dedo em sua testa e a empurro de volta para que ela não bata no chão.

É um contato leve, apenas um maldito dedo, e ainda parece que minha pele pegou fogo e as chamas agora estão se estendendo para o resto do meu corpo. Em retrospecto, eu não deveria ter deixado ela me abraçar. Ou deveria tê-la afastado antes. Porque agora, mesmo um mero toque traz de volta memórias de seu corpo pressionado contra meu peito. Seu corpo esguio que não consigo parar de pensar no quão pequeno é comparado ao meu.
Cerro meu punho e fecho meus olhos para afastar a névoa. Não funciona. Porque mesmo que ela esteja fora de vista, seu cheiro se apega a mim tão teimosamente quanto sua dona. Baunilha nunca foi minha praia em nada. E, no entanto, é a única coisa que consigo cheirar. Quando tenho certeza de que ela não vai cair, a solto. Ela cai de lado na cadeira, ainda abraçando os joelhos contra o peito em uma espécie de auto conforto.
—Pai... — ela murmura em seu sono, uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.
Depois de todo o choro que ela deu antes, alguém poderia pensar que ela não tem mais lágrimas, mas a dor funciona de maneiras misteriosas. Talvez ela nunca pare de chorar. Talvez esse evento mude a vida que ela conhecia até agora. Com certeza está me machucando. Removo minha jaqueta e coloco sobre ela. Era para ser um único movimento, mas fui pego de surpresa. Novamente. Sua mão se estende para a minha e ela a agarra em um aperto de aço, embora seus olhos permaneçam fechados.
—Não vá...
O murmúrio assombrado está repleto de tanta dor e desgosto. Talvez seja um apelo, talvez seja ela implorando como fez antes.
É por isso que não gosto de ver Krystal e fiz tudo ao meu alcance para torná-la o mais invisível possível nos últimos dois anos. Ela não é mais a garotinha inocente que conheci por toda a vida, embora a inocência ainda esteja lá. Ela não é a criança que me pediu para esconder as coisas de seu pai porque ela não queria machucá-lo.

Tudo isso parou quando ela parou de agir como uma criança, em relação a mim, pelo menos.
Ela tem um jeito de se enfiar em qualquer armadura, por mais sólida e aparentemente impenetrável que pareça.

Ela nem usa força bruta. Seus métodos são suaves, inocentes, até mesmo descoordenados. Gostaria que fosse uma tática ou que ela estivesse sendo astuta. Eu teria reconhecido isso e acabado com isso de acordo. A parte mais condenável é que é uma determinação genuína do caralho. Ela puxou King nesse departamento. Assim como ele, ela não vai parar até conseguir o que deseja. Não importa quantas vezes eu a afaste, ela limpa a poeira e volta para dentro. Se eu a tornar invisível, ela apenas liga o interruptor de volta e fica mais brilhante do que antes. Se eu a ignorar, ela ainda se destaca com seu corpo pequeno, olhos coloridos e cheiro de baunilha do caralho. Uma mecha de seu cabelo flamejante gruda na testa, quase indo para os olhos. Estendo a mão para remover, embora não devesse tocar ela.
Mesmo que tocá-la signifique andar no fogo e saber exatamente como vou queimar. E por um momento, isso não importa. Apenas um momento. Um segundo no tempo. As consequências se confundem e meu instinto selvagem assume o controle.
Quando eu era mais jovem, confiava nesse instinto para marcar clientes, ganhar casos e chegar ao topo. Meu instinto é um dos meus bens mais valiosos. Ele não conta mentiras e sempre enxerga o futuro antes que minha mente possa alcançá-lo. Mas agora, é impulsivo, sem sua frieza usual. Porque, porra, não, não devo ignorar as consequências. Não devo ceder a qualquer demônio que está levantando sua cabeça das profundezas da minha alma. E, no entanto, estou. Estou deixando isso guiar minhas ações.
Um toque. Um segundo. Um...