Empire Of Desire || Shawn Mendes

Capítulo Nove

Krystal On:

Não dormi a noite toda. E isso é meio que um problema porque fico nervosa e um pouco neurótica quando não durmo. Insônia e eu não somos estranhos, especialmente porque não consegui me dessensibilizar completamente a essa palavra. Pode ser escrito com um marcador vermelho porque é uma das palavras com que mais me esforço. Junto com a morte. Acho que também preciso adicionar a mudança para a lista vermelha, porque não posso fazer isso. Eu deveria, tenho que fazer, mas minha mente está presa em um tipo diferente de repetição do qual não posso escapar.

Então, passei a noite no armário. Queria ficar com papai, mas Shawn disse com aquela voz severa para 'ir para casa e dormir um pouco' porque amanhã 'hoje' é um grande dia. Ele não disse a última parte, mas descobri por conta própria.
No entanto, eu não conseguia apenas dormir um pouco. Nem mesmo depois de eu explodir Twenty One Pilots em meus fones de ouvido e me exaurir dançando. Nem mesmo quando engoli três comprimidos para dormir. Ou talvez fossem cinco. Perdi a conta em algum lugar. Minha mente definitivamente não estava desligando. Normalmente, papai me faz um chá de ervas, com sabor de baunilha e lê uma história para mim como se eu fosse uma garotinha. Ele põe uma música suave e fica ao meu lado até eu adormecer.  Mas ele não estava na casa fantasmagórica que, com a falta de sua presença, parecia o cenário de um filme de terror. E talvez seja por isso que eu não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar no que faria se algo acontecesse com ele enquanto eu estivesse embaixo da cama. E se não pudesse chegar até ele a tempo? E se a morte o atingir como fez o vovô? Então, me apressei para chegar aqui esta manhã. Eu tinha que ver ele por mim mesma e me certificar de que as máquinas estúpidas estavam apitando. Que ele está vivo e não me deixou. Eles o tiraram da UTI porque ele consegue respirar sozinho e o inchaço quase desapareceu. No entanto, eles precisam ficar de olho nele, então ele está agora em uma ala particular do hospital, onde tem uma enfermeira especial, uma sala especial e tudo. Mas nada é especial o suficiente para curar os hematomas em seu rosto ou dar vida a seu corpo imóvel. Caio de joelhos ao lado da cama e seguro sua mão. Está arranhada e parece sem vida como o resto dele.
Quando tento falar, uma onda esmagadora de emoções bloqueia minha garganta, fazendo com que as palavras sejam estranguladas, fechadas. — Pai... você sempre diz para te contar tudo porque você é meu melhor amigo, certo? Você é o único amigo em quem confio o suficiente para abrir meu coração, sem me preocupar se serei usada no futuro. O único amigo que não vai me julgar, mesmo que eu seja um pouco estranha e tenha uma estranha fobia de palavras e pessoas e às vezes posso ser vazia. Me sinto assim de novo, pai. Vazia. E ao contrário das outras vezes, não consigo encontrar uma fresta de esperança. É apenas errado e estranho e muitas outras palavras negativas. Pensei sobre isso na noite passada, como você me diz, sempre que estou presa. Você disse que eu deveria respirar fundo e pensar sobre a raiz do problema, porque uma vez que isso for resolvido, todo o resto ficará bem. Acho que encontrei, pai. A fonte. É concordar em casar com Shawn. Eu não deveria fazer isso, certo? Mesmo que isso signifique proteger seu legado e o que você me deixou. Não devo me agarrar a ele como uma praga. Não quero ser um fardo, pai. Não quero que Shawn me trate como um bebê ou me trate como uma flor delicada só porque sou sua filha. Lambo meus lábios, sentindo o gosto salgado que se infiltra em minha boca.

—Então, por favor, acorde. Se você fizer isso, não terei que me sentir mal porque estou usando ele. E não terei que forçar sua mão e fazer isso, fazer algo que ele não gosta. Eu fiz isso antes e ele reagiu mal a isso. Não acho que você percebeu, mas ele estava me evitando, me colocando no fundo como se eu nunca tivesse existido. E isso dói, mas está tudo bem porque o superei agora. Acho que sim. Então, por favor, abra seus olhos e volte. Por favor, não me deixe ser um fardo, pai.

Coloco minha cabeça em sua mão como se isso fosse fazer ele se mover ou me reconhecer. Como se isso fosse acelerar o processo de trazer ele de volta. Porque o que eu disse? Sim, estive pensando sobre isso por cinco dias, deixando isso apodrecer dentro de mim até que matou todas as palavras boas e deixou apenas as negativas. Como a lista vermelha com a qual tenho problemas. Estou dividida entre o senso de dever e o bom senso, que inclui não ser um pé no saco.
—Quem disse que você é um fardo?
Minha cabeça levanta rapidamente. Tão rápido que fico um pouco desorientada e um som repentino sai dos meus lábios. É pequeno, mas está lá, como um guincho.
É ele.
O melhor amigo do meu pai e meu futuro marido. O homem por quem eu tinha uma queda desesperada por anos antes de destruir tudo no meu aniversário e depois superá-lo porque meu orgulho é uma coisa. Eu definitivamente superei ele. E, no entanto, não posso deixar de notar a forma como seu peito musculoso estica o paletó de seu terno ou como seus olhos escurecem a cada segundo que ele me olha. Não consigo parar de olhar para aquela mandíbula teimosa dele e a forma como ela está apertando até um tique muscular. Ou a forma como suas longas pernas corroem a distância entre nós em um momento, injetando algum tipo de poção emocionante na minha corrente sanguínea a cada passo poderoso. Quando ele para ao meu