Me levanto do chão e ligo o abajur em cima da cômoda. O quarto se ilumina e eu passo meus olhos por ele, à procura do que me tocou.
Nada.
Não tem ninguém aqui.
Pisco três vezes, tentando enxergar melhor. Eu poderia jurar que algo me tocou. Não é possível que eu tenha imaginado aquilo. Me sento na cama e coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Surpreendentemente, o calor que eu sentia antes havia desaparecido. Respiro fundo e tento me acalmar.
Fechos os olhos por alguns segundos e, quando os abro, vejo o homem de antes escorado na parede perto da janela do quarto.
Grito assim que noto o tamanho do homem sem camisa, escorado tranquilamente na minha parede. Agarro a primeira coisa que a minha mão alcança - meu travesseiro - e atiro na direção dele. O travesseiro voa na direção dele, mas antes de acerta-lo, ele o agarra no ar e me olha com uma expressão não muito amigável.
Sem pensar muito, pego um dos pares do meu chinelo no chão e atiro nele. O homem solta o travesseiro a tempo para pegar o chinelo no ar. Levanto da cama e dou três passos para trás, assustada com o cara gigante - e com ótimos reflexos - dentro da minha casa.
Tento pensar em mais alguma coisa para jogar nele, e, como se uma lâmpada se iluminasse na minha cabeça, eu lembro do abajur ao lado da cama. Corro até a cômoda e agarro o abajur, e quando estou prestes a levá-lo para trás e atira-lo em direção ao homem, ele diz:
— Nem pense nisso.
Meu corpo todo gela ao ouvir a voz grossa e autoritária dele.
— O que você quer comigo?! Quem é você?! — grito. — Eu vou chamar a polícia.
Solto o abajur e dou mais dois passos para trás, pensando em qual seria a maneira mais fácil de fugir.
E se ele for um estuprador? Ou um traficante de órgãos? Ou, talvez, um daqueles serial killers que eu vejo naqueles vídeos de casos criminais do Tiktok.
Olho para a cômoda, tentando encontrar o meu celular. Ele não está mais lá. Eu tinha certeza que tinha posto ele ali.
Como eu perco o meu celular justo numa hora dessa?
— É isso aqui que você está procurando? — o homem diz, com um tom de divertimento na voz.
Olho de volta para ele e, com uma mão, ele balança o celular de um lado para outro, mostrando que ele o pegou.
Desgraçado.
Sem outra alternativa, eu corro até a porta e giro a maçaneta. Trancada.
Como essa merda está trancada? Eu nem tenho a chave pra trancar o quarto.
Meu coração se acelera e eu começo a ser tomada pelo pânico. Eu o olho nos olhos, tentando descobrir quais eram sua intenções. Dou um pulo para trás quando reparo na auréola vermelha rodando envolta da sua pupila. Sua pupila em si, era preta, mas uma luzinha vermelha vibrante rodava em volta dela.
Que porra...?
— O que você quer comigo?! — grito, apavorada.
— Eu quero várias coisas de você, mas tem uma, em específico, que eu preciso— ele diz, e um sorriso ladino enfeita o seu rosto.
Um estuprador, porra. Ele é a porra de um estuprador.
Sinto uma lágrima descer pelo meu rosto. Todos os anos que eu tive que fazer coisas que eu não queria para agradar James foram os piores momentos da minha vida. Mas todas às vezes com James, mesmo não querendo, eu cedi, agora, com esse homem, eu não teria nem um milésimo de escolha. Não acho que se eu fosse estuprada, eu iria aguentar. A minha última tentativa de suicídio me assombrava todas as noites. Diversas vezes, eu pensava se seria muito ruim se eu tivesse ido até o fim.
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DEMON HEART - Vinnie Hacker
ParanormalPenélope acaba de se mudar para Nova York quando se depara com um homem sem camisa andando pelo seu apartamento. Mas por algum motivo, só ela conseguia vê-lo. Só podia ser a cabeça dela pregando peças. Ela não podia estar mesmo vendo um... "- O que...