Nunca Te Esqueci

Prólogo

Mirella, ao fechar a porta de casa, sentiu uma pontada de culpa por ter deixado as crianças com sua mãe. Embora sua mãe fosse a pessoa mais confiável que ela conhecia, Mirella sempre se preocupava em não sobrecarregá-la. Mesmo assim, sabia que precisava dessa oportunidade. O futuro de seus filhos dependia disso. Pegou dois ônibus até o Recreio, uma viagem longa e desconfortável, mas ela estava acostumada a esses sacrifícios. A paisagem urbana, que normalmente lhe parecia cinza e sem vida, começou a trazer uma sensação estranha, como se aqueles prédios e ruas guardassem um segredo que sua mente ainda não conseguia decifrar. Ela sacudiu a cabeça, afastando o pensamento. Havia coisas mais importantes em jogo.

Ao chegar ao prédio, a recepção calorosa do porteiro, Caio, foi uma surpresa agradável. Ele era um homem simpático, de olhar cansado, mas com um sorriso acolhedor. Durante a breve conversa, Mirella sentiu uma conexão inexplicável com ele, como se fosse alguém que ela conhecia há anos. Quando ele mencionou que trabalhava ali há mais de quinze anos, uma pequena parte de sua memória tentou emergir, mas ela a reprimiu rapidamente, focando na entrevista.

Enquanto isso no andar mais alto do edifício, Bryan estava em seu escritório, lutando para manter a compostura. Por fora, ele era o retrato do empresário confiante e bem-sucedido, mas por dentro, cada minuto que passava aumentava sua ansiedade. Rosa, sua fiel cozinheira e confidente, observava-o com um misto de carinho e preocupação. Ela sabia que aquele reencontro significava muito para Bryan, que nunca a tinha visto tão determinado. Mas Rosa também sabia que estava correndo um risco ao ajudar Bryan a arquitetar aquele plano. 

— Rosa, já liberei a subida dela, por favor encontrei-a lá na sala e mostre tudo como se fosse uma entrevista mesmo, e depois traga ela até aqui. – falei com a minha voz mais neutra pra não transparecer emoção e nem nervosismo.

— Sim, senhor Cardoso. – Rosa fala e sai.

Bryan faz cara feia, pensando “Rosa sabe que não gosto quando me chamam pelo sobrenome da minha mãe, ela faz de propósito quando quer chamar minha atenção de alguma coisa. Sei que não tá certo isso o que vou fazer, mas quero saber como ela passou esse tempo separada de mim, e as suas intenções. Aos poucos irei dando dicas e ela irá lembrar quem eu sou, e que eu sou o único amor de verdade da vida dela, isso se ele não lembrar de mim assim que me ver.

Quando mirela é liberada e sobe no elevador, ele pedi que ela conduzisse Mirella e a orienta-se, ela concordou, mas no fundo, rezava para que tudo desse certo. Assim que o elevador abre e ela entra, Rosa vem andando até ela para cumprimentá-la.

— Olá, me chamo Rosa, vou lhe mostrar a casa e depois te levarei  até o senhor Cardoso. – Rosa fala para Mirella e depois a conduz para lhe mostrar toda a cobertura.

— Olá Rosa, eu sou Mirella, mas a senhora já deve saber. – Mirella fala meio envergonhada, por estar nervosa.

— Sim eu sei, Está nervosa né, mas não precisa e só ser você e responder tudo que for lhe perguntado.

— Ok.

Rosa tentou ao máximo acalmar os nervos da jovem, guiando-a pela luxuosa cobertura. Mirella, por sua vez, tentava absorver cada detalhe, sem perceber que a familiaridade do local estava lentamente despertando memórias antigas. Ela tentava se concentrar nas perguntas de Rosa, mas a ansiedade crescia, como se algo estivesse prestes a explodir dentro dela.

Enquanto isso, Bryan caminhava de um lado para o outro em seu escritório, tentando se convencer de que aquilo era o certo a fazer. Ele tinha planejado cada detalhe, mas agora que o momento estava tão próximo, ele não tinha certeza se estava preparado para o que estava por vir. Ele se obrigou a focar nos papéis em sua mesa, mas nada conseguia afastar a imagem de Mirella de sua mente. E em seus pensamentos estava. “Será que ela irá me reconhecer? Ou será que não?”.