Capítulo 4

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ARQUIVO ORIGINAL/ LIVRO REVISADO E DISPONÍVEL NA AMAZON

William Cooper

Eu nunca fui o tipo de pessoa que sabe lidar com várias coisas ao mesmo tempo, não relacionada a minha vida pessoal. Seguir uma linha reta em minha vida profissional é fácil, difícil é quando encontro curvas que mal sei onde me levaria se por ventura me jogasse. Nunca gostei de coisas incertas, muito menos ter alguém alinhando meus passos como Guilherme faz. Compreendo que em sua perspectiva eu poderia levar isso como um ato racional, mas não é bem assim que acontece. Sinto que estou indo de encontro com o desconhecido. E talvez seja exatamente assim.

A deficiência de Andy, está longe de ser o motivo pelo qual dá casa de Guilherme sai. Fui embora por ter a plena consciência de que não sei lidar com tudo aquilo. Até alguns dias atrás eu era um homem de trinta e três anos que mal tinha horário pra retornar para casa. Era um homem que mal fazia questão de lembrar o nome da mulher que ao meu lado dormiu.

E agora me vejo numa sinuca de bico que está ao tempo todo correndo contra o tempo. Poderia eu entrar na vida daquele garoto sem algo além do meu dinheiro para oferecer? Pois eu de fato não tenho nada além disso pra entregar, pois mal sei de mim cuidar. Quem dirá de uma criança que necessita de cuidados diários bem mais específicos.

Percebo agora o quanto deixei Guilherme frustrado. Sair da casa dele daquela maneira só o deixou confirmar todos pensamentos negativos que tem sobre mim. Sinto-me agora um pouco egoísta por surgir na vida deles desse maneira, ainda que mal tenha sido escolha minha fazer. Mas não deixo de me sentir a todo tempo um intruso, já que Guilherme deixa claro não me querer ali. E depois do que fiz mal tiro sua razão.

Estaria eu somente sendo o babaca que ele idealiza? Ou somente um medroso pelo desconhecido? Existe várias perguntas presas em mim, vários caminhos que eu poderia seguir para lidar melhor com a situação em si. Porém permaneço sentado na cadeira do meu escritório fingindo que nada de diferente anda acontecendo. Mas também ficar aqui sentado olhando as horas passando mal me ajudaria em algo.

Eu tenho coisas para resolver, e refletindo sobre isso finalmente resolvo me levantar. Ajeito minha camisa social catando minhas coisas pelo caminho saindo logo em seguida da minha sala.

— Avise a Apolo que estarei ausente por hoje — falo para minha secretária que mal sei o nome.

Sigo meu caminho para fora do meu escritório de advocacia. Que juntamente de meu irmão abrimos. Eu lido mais com processos empresariais, enquanto Apolo, lida com de tudo um pouco, porém seu foco é criminalista. Caminho calmamente até meu carro sem demora saio com o mesmo. Percorro as ruas de Chicago me preparando para encontrar com o próprio cão. E comparar Guilherme assim é até uma humilhação pro rabudo.

Estaciono o carro na porta da academia forçando meu corpo a descer do mesmo. Em passos leves sigo até a sala de aula dele. Eu não deveria estar sendo tão cuzão, mas também nunca sei qual será o momento em que Guilherme metera uma porrada em mim. O cara é deveras estressado. Sua antipatia por mim é deixada de maneira bem clara.

Forço um sorriso quando ele trás seus olhos para mim. Sua expressão séria e irritada me confirma tudo que eu já sabia. Ainda continuo a dizer que deveria ser crime ele usar calças tão colocadas assim. Entro na sala e permaneço no meu canto o olhando dançar. Não posso negar que ele tem propriedade de seu corpo pra fazer tão bonito assim.

Passo meus olhos pelos alunos percebendo agora com mais clareza a forma que os rapazes olham para Guilherme. Lembrei-me da pergunta de Andy, William é seu novo namorado? Porra de inferno congelante, Guilherme é gay?! Mas se for, boa sorte pra ele. Não sendo minha bunda em jogo, tudo é válido pelo caminho.  

— William — a voz dele chega em mim com um leve rosnado.

Fuck it, (Foda-se) eu mal tinha notado que a aula chegou ao fim de tão imerso que fiquei pensando na bunda de Guilherme.

— Eu vim em paz — deixo claro levantando minhas mãos em sinal de rendição.

— Eu também estou bem em paz — disse e eu desejei rir. Acho que esse branquelo arrogante mal sabe oque a palavra paz significa.

— Também quero me desculpar pela forma como sai de sua casa — isso o deixou surpreso mas notei que ele ainda tentou disfarçar. — O fato de Andy ter uma deficiência não me importa. Fui embora por ter a plena consciência de que não sei lidar com ele, e isso foi o que me deixou inseguro.

— É normal ter esse primeiro pensamento, William — suspirou. — Mas Andy, é uma criança normal como qualquer outra.

— Eu sei que sim — afirmei.

— Olha, eu entendo sua insegurança, também me senti assim, e ainda me sinto pois nunca sei se estou fazendo o certo por ele. — surpreendi-me, pois pelo pouco que vi, Guilherme, se sai muito bem.

— Então peço para que me dê uma nova chance. Me deixe mostrar que não sou tão babaca assim. Me conte sobre Andy, Guilherme. — pedi sincero tocando a mão dele.

Os olhos de Guilherme vão de nossas mãos unidas para meu rosto. Sinto algo estranho dentro de mim com esse ato, o dedo polegar dele se desliza pelo meu, imediatamente solto sua mão sentindo-me confuso. Guilherme arfa ajeitando sua roupa.

— Eu juro que se você machucar Andy com suas confusões, eu acerto seu nariz perfeito — sorri levando minhas mãos ao bolso.

— Prometo que não farei, pois desejo que meu nariz permaneça perfeito — ele revirou seus olhos me fazendo rir.

— Agora vá, William, vá que preciso dar minha aula.

— Para de querer mandar em mim — falei e ele levantou uma sobrancelha.

— Só vai, e esteja na minha casa amanhã as 18:00 — dizendo isso ele me deu as costas indo embora.

Ainda fiquei parado olhando como sua pequena bunda redondinha se movimentava  conforme ele caminhava.

— É, meu pau nunca entrou em um buraco assim! — divaguei sozinho.

Achando graça resolvi ir embora para me concentrar em uma única missão. E Andy é ela.

[DEGUSTAÇÃO] O outro pai do meu filhoOnde histórias criam vida. Descubra agora