Devil in me | 544º dia

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Hoje é o quinquagésimo quadragésimo quarto dia.

Quando eu estava me sentindo melhor das fortes dores de cabeça que me atormentaram durante esse mês, algo bizarro aconteceu.

Acordei em outro lugar e senti que eu tinha descansado mais do que eu devia, de início eu achei que estava sonhando, mas depois me desesperei quando percebi que havia uma energia amedrontadora e muito presente próximo a mim, apesar de eu não conseguir enxergar ninguém.

Foi quando meu corpo começou a se dividir em duas partes, a dor que eu senti foi intensa, mas foi cessada assim que o meu "outro eu" se desprendeu de mim.

O lugar era completamente vazio, e é tudo que eu sei.

O meu outro corpo estava coberto por sangue, por completo, e fedia um pouco também.

Eu fiquei paralisada, ainda não sabia o que estava acontecendo, mas a outra Hioka se levantou e se apresentou.

Ela na verdade não se chamava Hioka, na verdade eu nem entendi seu nome, era incompreensível e eu não sei como escrevê-lo.

Esse ser disse que limitava meu ganho de poder e que vivia em minha mente.

Então o lugar que eu estava era provavelmente meu subconsciente.

Achava que os outros lugares que eu já estive e que tinha aquelas visões e contato com os demônios já fosse minha mente, mas na verdade são lugares diferentes.

E algo me dizia que eu tinha que matar aquela coisa, afinal aquilo me olhava de forma estranha.

Eu comecei a entender o que estava acontecendo. Aquela coisa era um Assassino de mentes.

Já tinha ouvido falar, é como uma síndrome, uma doença que cresce e se desenvolve dentro de você, fazendo com que você perca a noção de algumas coisas e agisse de forma irracional.

E aquilo era eu, agindo dessa maneira.

Naquele instante eu percebi que eu precisava voltar.

Mas antes eu precisava acabar com aquilo de uma vez por todas.

A briga foi intensa, ela tinha a mesma força que eu, mesma inteligência, mesmos instintos, reação, percepção, resistência, parecia que a luta iria durar para sempre.

Quando finalmente consegui penetrar minha lâmina escarlate no crânio da criatura, senti uma leveza em meus ombros e partes do meu corpo, que eu nem havia percebido, se distensionaram.

O corpo começou a soltar um fluído negro, parecido com sangue, pelos olhos, boca, nariz, até se desfazer por inteiro. Minha cara ficou coberta por aquela coisa nojenta e fedorenta por um certo tempo, até que eu acordei novamente.

Depois disso eu acordei novamente, mas agora havia sido mais tranquilamente, e não ofegante como em pesadelos, por exemplo.

Minha cabeça parecia iluminada e agora eu tinha um novo objetivo.

Kvir e Arkie estavam ao meu lado naquele momento, mas eu sabia que eu precisava de mais que isso.

Algo muito grande está por vir.

Algo complexo e nada fácil de se resolver.

O medo da guerra me assombrava, mas depois do Despertar eu não o sentia mais.

Olhei para minha mão direita e fechei meu punho.

Guardei minhas poucas coisas e agora estou aqui.

Finalmente esperava por esse dia, durante esse tempo senti que ficaria sozinha para sempre.

Eu estou chorando de alegria.

Sei que vou conseguir realizar.

A minha justiça tomará conta desse mundo.

. . .

Nota de ???: Hioka se isolou por 544 dias, 12 horas, 26 minutos e 43 segundos; dizimou toda a vida animal em um raio de 13km sem perceber; a vida vegetal que estava por perto veio a morrer depois de alguns dias; seu diário caiu de sua pequena bolsa em um riacho que passava por perto e nunca mais foi visto por um humano... Por um humano.

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