Prólogo

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Quanto mais seus pés se movimentavam mais parecia que ela não chegaria a lugar nenhum. Os corredores daquele lugar pareciam infindados. O temor havia penetrado em cada fibra do seu corpo, deixando sua respiração extremamente pesada; prestes a hiperventilar. Uma atmosfera tenebrosa e sórdida era predominante naquele momento, gerando uma onda de calafrios na pobre garota. Sua cabeça começou a girar em torno daquelas descobertas e das milhares de perguntas relacionadas à elas. Eram tantas... rodopiando em sua mente como um furacão descontrolado ao ponto de deixá-la meio atordoada.

Suas passadas foram cessando pouco a pouco, logo findando seu percurso em frente à uma das diversas salas da "fortaleza". Então, a garota colocou as mãos nos joelhos e fitou seus pés, respirando com uma certa dificuldade. Ela grudou suas costas na parede e deixou seu corpo escorregar vagarosamente, encontrando o chão. Sentada e suspirando fundo algumas vezes, ela segurou firmemente para não deixar que as lágrimas insistentes caíssem.

"Meu Deus"

"Meu Deus"

"Meu Deus, me ajuda"

Embora essas palavras tenham deixado seus lábios como um sussurro, sua vontade era de gritar. Gritar alto. Bem alto, até arrebentar suas cordas vocais. Tudo aquilo parecia um pesadelo; um verdadeiro inferno.

"Onde vocês se meteram?"

Ela precisava achar seus amigos. No entanto, sabia que seria uma tremenda burrice chamar a mínima atenção possível naquele momento. Naquela situação. Nada estava saíndo como o planejado, e parecia que todos acabariam numa pior.

Jennie sabia que ficar ali se lamentando e desejando que tudo se desfizesse num passe de mágica era uma total perda de tempo. E, com esse pensamento, a garota ergueu-se e tornou a caminhar. Ligeiramente e olhando a todo instante para trás, certificava-se de que nenhum daqueles ogros malditos estariam na sua cola.

O coração dela batia desenfreadamente, na mesma proporção que corria numa direção imprecisa. Manter a calma era necessário, bem como quase impossível naquele ambiente e nas circunstâncias em que se encontravam...

Ratos.

Ratos que estavam prestes a cair novamente na ratoeira.

Ela não conseguia assimilar como as coisas aconteceram tão rápido ao ponto de se distanciar dos seus companheiros, mas sabia exatamente que a qualquer momento o medo e a ansiedade consumiria todo o ar existente em seus pulmões.

Os passos da garota travaram abruptamente, deixando-a estática por uma fração de segundos. Seus olhos se arregalaram e um arrepio gélido percorreu todo seu corpo como uma corrente elétrica. Uma silhueta. Uma figura totalmente indecifrável se aproximava, virando o corredor. Então... quando ela achava que seria o fim da linha, um sorriso involuntário brotou em seu rosto e seus batimentos cardíacos começaram a atenuar.

Céus! — Jennie soltou as palavras repleta de euforia, abrindo os braços e agarrando-se à garota num abraço apertado.

Calma, Jennie — numa tentativa inútil, ela tentou desfazer o aperto feito pela garota de cabelos castanhos.

Ainda bem que eu encontrei você, amiga — sua voz saiu embargada enquanto foi segurada pelos ombros e empurrada levemente para trás.

Ei... Não vai ativar o modo chorona agora einh, Nini — riu anasalado, bagunçando um pouco o cabelo dela.

É que...

Jennie!

Você nem imagina a agonia que eu estou sentindo por andar sozinha por esses corredores horrorosos — não conseguindo mais conter, lágrimas rolaram por sua face.

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