Capítulo seis: Porão?

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Os dias seguiam e Jennie Kim apenas reafirmava que suas amigas eram a força vital que impedia sua sanidade de ir direto pro fundo do poço...

— Ai, gente... Que tédio mais entediante — bocejou Lisa, espreguiçando-se no pedaço de concreto, ou seja, na cama. Era tão dura que as garotas se queixavam de dores constantes nas costas. — Que saudade de ir relaxar numa sauna com a Yoojung e a Sohee.

— Eu prefiro o tédio do que lidar com aqueles grosseirões — Rosé observava com desgosto as pontas do seu cabelo visivelmente ressecado enquanto mantinha as pernas de Jennie como um travesseiro super confortável.

Rosé não era a única insatisfeita com seu cabelo. E além do cabelo, Jennie sentia uma necessidade gritante de ir pra universidade, estúdio de pilates e manter sua rotina de autocuidado.

Era deveras estressante e sufocante se limitar a um lugar quando tinha outros no qual queria realmente estar.

O lugar que ela mais guardava doces recordações era do sítio dos seus avós em Incheon (sua antiga cidade antes de mudar-se para Seul). Lá o dia era promissor do alvorecer ao anoitecer. O pôr do sol era deslumbrante, o mais bonito que presenciou em sua vida, nenhum outro conseguiu superar. Ela amava o pomar de maçã, onde se divertia horrores com seus primos quando eram crianças.

Mas existia uma enorme probabilidade de nunca mais voltar naquele lugarzinho...

E se ela envelhecesse naquela prisão?

Ou pior... se morresse?

Ela sentiu uma sensação de aperto no peito.

Ainda bem que tinha suas companheiras de quarto para desanuviar sua mente, porque ficar guardando tudo para si era uma considerável carga de estresse.

— Tenho medo deles estarem usando esse tempo tramando algo grande — o estado de espírito de Jennie estava caótico nos últimos dias, o choque de realidade a atingira e os efeitos colaterais eram mergulhar em pensamentos insanos.

Ela brincava com uma mecha loira de Rosé, enrolando entre os dedos.

— Tipo o quê? — indagou Lisa, de cabeça baixa, inspeccionando suas unhas.

— Aquilo que o Kook falou...

— Qual das bobagens daquele cabeça-de-vento você levou em consideração? — Lisa riu anasalado, guiando sua atenção para Jennie por alguns segundos.

— E se realmente eles fizeram algo pra saber quem vai ser o último a ficar vivo?

— Misericórdia — Lisa gargalhou algo, jogando a cabeça para trás.

— Lalisa Manoban...

— Desculpa, amiga — pigarreou e se recompôs quando notou a cara de poucos amigos de Jennie. — Ligou mesmo pra isso?

— Pode até parecer patético, mas pra mim tem total coerência. Olha onde estamos... Essas pessoas são completamente doidas — o semblante de Jennie pesou quando um vinco de preocupação apareceu em sua testa. — Somos um tipo de divertimento pro desconhecido, e... não sabemos quando ele chegará ao extremo.

— Em parte, você tem razão, Jen — Rosé ergueu o olhar pra ela. — Mas considerar o que o Kook fala... — ela tampou a boca pra abafar o riso, contagiando-se com o momento risonho de Lisa. — Você é tão bobona.

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