Capítulo dois: O advogado do diabo

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— Atrasos me deixam radiante — o homem se locomoveu para o meio da sala e cruzou os braços, esbanjando um sorriso de orelha à orelha. — Que maravilha... Eu terei uma diversãozinha logo cedo. É uma ótima forma de começar o dia, não acham?

Jo Jaeyoon; o advogado do diabo. O braço direito da pessoa responsável pelo sequestro de 10 jovens na Coréia do Sul. Estava à frente de tudo, visto que o mandante não se mostrava. A identidade real dessa pessoa era um tanto intrigante. Jamais dava as caras. Se escondia atrás de um megafone, com uma voz indecifrável. Homem ou mulher? Eles se interpelavam constantemente a respeito disso; uma pergunta sem respostas, entre tantas outras que ficavam vagas pelo meio do caminho. Quem quer que fosse, era genuinamente perverso. De uma natureza abominável. Pensar que existia alguém mais maldoso que a erva daninha do Jaeyoon, causava-lhe sensações nada boas.

Os monstros existiam. Sim, eles existiam.

E o pior deles, ocultava sua face, por um motivo desconhecido.

— Chegou atrasadinho, cabelo queimado — Namjoon bagunçou os fios de cabelo do garoto, sorrindo maldosamente. O capanga que participou do sequestro de Jennie era atrevido e abusava do poder que tinha sobre os outros. — Pensando bem, você ficaria melhor careca. O que vocês acham, meninos? Ele não ficaria bonitão careca?

— Ficaria nada — começou Taecyeon, chegando bem perto de Jimin, fazendo-o se encolher um pouco. — Com esse cabeção... — gargalhou alto, dando um tapa na lateral da cabeça dele. — Vai ficar muito feio.

— É verdade, cara. A cabeça dele parece uma bola de basquete — Namjoon exercia esse papel grostesco com tamanho fervor, como se quisesse ganhar um prêmio por isso. Sem dúvidas seria o prêmio do cara mais idiota do mundo. — Cabeça grande da porra.

— Cabeçudo — Taecyeon continuou rindo feito uma hiena.

Os capangas de Jaeyoon tinham uma estatura física invejável. Eram altos e musculosos. E intimidantes. Bater de frente com eles era uma grande tolice, pois suas habilidades marciais eram impecáveis, sem contar que adoravam se exibir com armas de choque. Eram bonitos também. Entretanto, quando não se tem conteúdo, a beleza não serve pra nada. Era preciso bem mais que um rostinho bonito para chamar a atenção de Jennie Kim.

— Dá pra jogar futebol com a cabeça dele — Namjoon agitou Jimin pelos ombros, enquanto ele mantinha sua visão cravada no piso velho e gasto.

Jennie entreabriu a boca, pasma.

— Isso foi macabro.

— Sério? — com o cenho franzido, Namjoon olhou cheio de curiosidade para Taecyeon.

— Não — o riso espalhafatoso do capanga preencheu a sala. — Foi bom. Foi bom. Eu gostei, parceiro. Eu adoro seu humor negro — ergueu a mão no ar, dando um high-five com Namjoon.

O cérebro dos babacas era do tamanho de uma ervilha, ou na melhor das hipóteses, nem tinham um. Embora examinando minuciosamente, não encontrava outra explicação palpável para mostruosa atrocidade.

Seus companheiros (sem excessão) testemunhavam aquela cena inóspita soltando faíscas pelos olhos. O sono que consumia seus corpos por ainda ser bem cedo, havia sido despertado mediante àquele teatro dos horrores. Um desejo de retrucar cresceu em seu peito, porém seu subconsciente ajudou-a a se conter. Era meramente inútil. Se bancasse a durona, sofreria as consequências e acabaria arrastando suas amigas. Nada além de colocar gasolina no fogo, isso que seu ato acarretaria. Suas palavras não teriam relevância alguma para eles. Debater ou tentar colocar bom senso na cabeça dos cretinos, seria como dar murro em ponta de faca.

— Gente, coitado do Jimin. Estou com dó dele — articulou Rosé.

Suas atenções estavam fixas no garoto de cabelos loiros, que, no momento, era alvo de chacota dos capangas.

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