Capítulo oito: Companhia inesperada

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O episódio traumático com os garotos novos grudou em sua cabeça como um chichete.

Dois dias e a garota ainda encontrava-se em profundo desespero. Ninguém conseguia contê-la, nem sequer o amigo (ou namorado) dela. Os choros e esperneios penetravam sua mente tão profundamente, provocando até pesadelos durante a noite.

O tempo que passavam no refeitório estava sendo bem longo e agitado.

Era uma tarefa tremendamente custosa tentar manter seus pensamentos afastados daquela balbúrdia desesperadora.

Embora se empenhasse para pensar em outras coisas, seu cérebro se recusava rigorosamente a cooperar, arrastando-a para as mesmas cenas.

Como nunca testemunhou a chegada de sequestrados (até então era a última), a pobrezinha estava estarrecida. Se o intuito era que ela tivesse um choque emocional, funcionou perfeitamente...

Isso significava uma coisa: logo outras pessoas estariam na mesma situação.

Situação pesada demais para suportar.

Com essa sensação incômoda martirizando-a, não conseguia se concentrar e se manter relaxada, passando a maior parte do tempo perambulando ao redor do quarto. Ela começou a crê ser impossível escapar, mas como Lisa mencionou, não podia mais se acomodar e aguardar as coisas se agravarem mais.

Se realmemte houvesse uma escapatória, salvaria a si mesma e seus colegas. Sem exclusão. Afinal de contas, todos tinham o direito de meter o pé daquele inferno.

Depois de refletir muito, acendeu-se dentro dela uma fagulha de esperança. O porão! Quem sabe através do porão encontrariam a rota de fuga deles.

Logo depois que a raiva passou, pôde pensar com mais clareza e reconhecer que o ponto de vista de Lisa tinha coerência. Envergonhada por ter feito um dramalhão e ter dito que suas esperanças foram massacradas, mesmo assim tocou neste assunto.

Então, movida pela ânsia de se vê longe daquele tormento, sugestionou que elas fossêm no porão... quantas noites precisassem até que descobrissem uma saída...

Jennie, Rosé e Lisa avançavam sorrateiramente mas com passos avexados ao mesmo tempo pelos corredores...

O lugar com as paredes envelhecidas, pouca iluminação e, ainda por cima, as luzes oscilantes, parecia uma clássica cena de filme de terror.

Nossa mente cria um domínio próprio pra distinguir tanto o quê pode dar certo como o quê pode dar errado. Se manter fora da vista dos capangas era algo incerto nessa circunstância; assim como poderiam chegar em seu destino sem contratempos, existia a possibilidade de ficar cara a cara com eles.

Seria trágico.

O fim de tudo.

Matariam o único meio que suas amigas acharam de procurar o portão de saída.

— Credo, eu não sabia que esse lugar tinha a capacidade de se tornar mais sinistro — proferiu Jennie enquanto caminhava com uma pitada de apreensão.

— Madrugada é o horário das almas penadas vagarem — mencionou Lisa, focando a claridade da laterna pra guiar o caminho. — É natural que esteja com esse clima fúnebre.

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