After/ The End

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Sem Personagem Intersexual

- Eu juro que não entendo Chee. - Falei aos prantos enfiando outra colherada de sorvete na boca vendo o olhar de pena da minha melhor amiga em mim.

- Chan, você não pode achar que tudo está ao seu alcance. Você não controla tudo. - Ela falou e eu coloquei outra colher cheia do sorvete de chocolate na boca sentindo o gelado descer de uma vez pela minha garganta.

- Eu faço de tudo desde que ele se foi, a única coisa boa que Danilo me deixou foi a Yas e agora.. agora... - Eu não consegui completar a frase e comecei a chorar novamente colocando o pote de sorvete de lado, usando a manga da blusa para secar inutilmente meu rosto que voltava a ficar molhado devido às lágrimas.

- Você já tentou deixá-la em aulas de reforço na escola? - Maiara perguntou e eu concordei.

- Ela foi expulsa.

- E professor particular?

Eu olhei para ela e passei a blusa pelo meu nariz tentando não deixá-lo escorrer.

- Professor particular não. - Falei pensativa. - Você conhece alguém? - Perguntei e a vi se levantar e depois voltar com uma agenda na mão.

- Quando Alicia ficou com nota baixa na escola depois da mudança, Luísa me fez procurar várias professoras e eu encontrei essa aqui. Ela é maravilhosa Chan, é paciente, pontual e tem bastante experiência. - Ela falava sem me olhar passando as folhas rabiscadas. - Aqui. Marilia, Marilia Mendonça. - Ela falou e destacou um pedaço de folha anotando o número da tal Marilia para mim. - Espero que ela te ajude Chan.

- Obrigada Cheechee, vou ligar pra ela hoje mesmo. - Eu falei e abracei minha amiga em agradecimento.

Assim que cheguei em casa pude ouvir o som alto vindo do quarto. Minha cabeça latejou e eu subi as escadas ouvindo o barulho aumentar a cada passo que eu dava.

- Yasmim.. Abaixa o som filha. - Falei alto tentando fazer com que o barulho diminuísse mas nada aconteceu.

- YASMIM! - Chamei seu nome e nada.

Desci irritada e peguei o papel de dentro da bolsa com o telefone da professora e digitei o número no celular.

- Alô?

-

Oi, eu falo com a professora Marilia nesse número?

- Sim, sou eu. Em que posso ajudar?

- Marilia, eu me chamo Carla Maraisa Pereira.

Eu tentei abafar o barulho colocando a mão no telefone.

- Não, desculpa... Eu não tenho interesse em Capivaras.

- Não, eu me chamo CARLA Maraisa Pereira.

Falei meu nome alto e escutei um murmúrio do outro lado.

- Eu gostaria de aulas particulares para minha filha.

- Me desculpa senhora Pereira, é que o barulho está muito alto.

Eu soltei um palavrão mudo e abri a porta dos fundos indo para o quintal.

- Melhorou?

Perguntei recebendo uma afirmativa.

- É meu vizinho, ele é... an.. está dando uma festa... Então, eu gostaria de saber se você está livre para aulas particulares, eu preciso de uma professora para minha filha.

One Shot's / Version MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora