One Shot's / Version Malila

Querido Diário...

Não contém personagem Intersexual

Faltava um andar até meu apartamento e mesmo dentro da caixa metálica era possível escutar My Boo do Usher tocando.

Era sempre a mesma coisa quando Maraisa terminava algum namoro.

O elevador chegou ao meu andar e eu enfiei a mão dentro da bolsa para retirar a chave. Respirei fundo antes de colocá-la no trinco e empurrei a porta vendo uma Maraisa descabelada, sentada com um pote de sorvete na mão.

Os olhos estavam vermelhos, a boca mesma cheia de sorvete cantava o refrão que tocava no clipe de forma sôfrega enquanto segurava a colher como microfone.

🎶 There's always that one person

That will always have your heart

You'll never see it coming

Cause you're blinded from the start

Know that you're that one for me

It's clear for everyone to see

Ooh baby ooh you'll always be my boo 🎶

- Cheguei. - Falei encostando a porta, jogando a bolsa na mesa de canto e retirando meus sapatos para me sentar com minha amiga.

Ouvi Maraisa fungar se ajeitando no sofá.

- Desculpa a bagunça, eu arrumo depois. - Ela falou enquanto colocava uma colher cheia de sorvete na boca. - Quer? - Me ofereceu com a boca cheia e eu neguei.

- Não se preocupa, damos um jeito na casa depois. Quer conversar? - Perguntei dando tapinhas no ombro e ela prontamente se aconchegou tombando com a cabeça.

- Ele estava beijando a secretária! Dessa vez não foi ninguém que me disse, eu mesma vi Lila. Ele estava praticamente engolindo ela na mesa. Que ódio, como pude ser tão burra?!

Eu escutava o desabafo e mexia em seu cabelo.

- Você estava em negação. - Falei enquanto lembrava de algumas vezes em que o vi chegar no apartamento com marca de batom na camisa.

- Agora eu sei.. - Ela se encolhia mais em meu ombro. - Mas dói assimilar tudo, por mais que tivesse estampado na cara do Fabricio, era sempre melhor acreditar nas palavras dele. - Eu não tenho sorte com homens.

- E por que não tenta ir com calma? Na próxima tenta conhecer mais a pessoa antes de sair aceitando pedidos de namoro Isa.

Ela agora me encarava e assentiu. Uma mexa caiu em seus olhos e eu a retirei colocando atrás da orelha e a puxei para mais perto, dando um beijo no topo de sua cabeça.

- Independente de qualquer coisa, eu sempre estarei aqui para te comprar potes de sorvete. - Tentei fazer graça e movi as sobrancelhas de forma rápida.

Ela gargalhou e voltamos a atenção para a televisão vendo mais clipes aleatórios.

°

Três dias se passaram e Maraisa não havia voltado ao trabalho. Nós trabalhávamos no escritório do Senhor Azevedo, pai de Naiara, uma amiga que tínhamos comum.

- Isa, não quero ser chata, mas a Nai não vai mais segurar a barra. - Falei alto da cozinha enquanto terminava o jantar.

- Eu volto amanhã. - Ela respondeu se aproximando, encostando na mesa de mármore que dividia os cômodos. - Não dá pra adiar ver a cara daquele cretino e também não posso ser demitida.

- Não mesmo! - Concordei desligando a última panela. - Se precisar estaremos lá para te dar cobertura. - Falei sorrindo entregando o prato para Maraisa se servir.