ArmadilhA | MileApo BibleBuild

Capítulo 6

6

Apo POV

Acordo e a ressaca moral me atinge, por sorte é sábado e estou de folga. Ainda não acredito que escutei Bible e que vou me envolver com um mafioso. Falando em Bible, assim que pego o telefone vejo que tem várias ligações dele e logo retorno, ele atende rapidamente, como se estivesse esperando por isso.

- Apo, estou indo na sua casa.

Ele não me dá sequer chance de responder e desliga. Não demora muito e escuto minha campainha.

- O que houve? – pergunto assim que abro a porta.

- Você tem o número do Mile, não tem? Ligue para ele e coloque no viva voz.

- Bible, que merda aconteceu?

- Fuck. – ele começa a andar de um lado para o outro – O Build, aquela putinha, esteve na minha casa ontem a noite. Quando cheguei do bar ele já estava lá, ele tem homens seguindo o Mile e sabia que vocês se encontraram. Queria saber o que estava rolando e ele apontou uma arma para minha cabeça. Tive que dizer que vocês estavam tendo um caso e eu acho que ele comprou, por enquanto.

- Como é? Ele teve a coragem de ir na sua casa, te ameaçar? Bible, nem entramos nisso direito e você já teve uma arma apontada na sua direção – minha cabeça lateja.

- Liga para o Mile – ele pede novamente.

Faço como ele diz, a primeira ligação acaba na caixa de mensagem mas da segunda vez ele atende.

- Bom dia, Apo. Já está tão ansioso para nosso próximo encontro que resolveu ligar primeiro?

- Babaca. Cala boca e me escuta, meu parceiro está aqui e tem algumas coisas para dizer – coloco no viva voz – Pode falar, Bible.

Meu amigo repete para Mile o que já havia me dito e o silencio se instaura na outra linha quando escuto o barulho de vidro se quebrando.

- Build está testando minha paciência – ele finalmente fala – Está ficando ousado, indo na casa de um polical para conseguir informações sobre mim. Vou reforçar meus seguranças e deixarei dois na esquina da casa um de vocês, se ele resolver dar as caras de novo vai receber o que merece.

- Somos policiais, Phakphum. Não precisamos da segurança de um mafioso – digo ríspido mas na verdade gosto do gesto de cuidado, mas que merda.

- Exatamente, vocês são policiais. Se um de vocês dois acabar matando ele, estarão assinando a própria sentença de morte também – ele pausa e consigo ouvir que está respirando fundo – Vocês não vão notar os seguranças, eles não vão interferir em nada que vocês façam, estarão apenas perto da casa observando.

Não parece que vai adiantar discutir nesse momento então tanto eu quanto Bible ficamos em silêncio.

- Phakphum – meu parceiro é quem fala – Você precisa saber quem está te observando, ou ele também saberá todos os seus passos... Se você tem uma pasta sobre ele, é possivel que ele tenha uma sobre você.

- Não se preocupe, policial Wichapas, você fez bem em dizer uma meia verdade a ele. Agora basta seu amigo aceitar o plano que tenho em mente e Build ficará convencido que só estamos juntos romanticamente e que não há mais nada de estranho nisso, será o tempo de organizarmos sua prisão. Apo, me encontre no lugar de sempre em algumas horas, pode ser?

- Na situação atual, não é como se eu tivesse opção – é tudo que digo e desligo o telefone. Bible está me encarando – O que foi? – pergunto sem entender.

- Ele parece gentil – diz sorrindo.

- Ele é um mafioso – rebato.

- Um mafioso que está preocupado com a segurança de dois policiais que nunca fez nada além de tentar prejudica-lo, think about that bro.

Ele tem razão mas eu não quero admitir, sou cabeça dura demais para isso.

Bible vai embora e me preparo para encontrar Mile no hotel, mais uma vez, a essa altura eu já deveria ganhar um cartão VIP para aquele lugar. Quando chego descubro que ele ainda não está lá mas que o quarto está a minha disposição, subo e pela primeira vez não encontro Nodt na porta.

Agora que estou só consigo bisbilhotar o local, a suíte se divide em uma grande sala, uma sala de jantar e um luxuoso quarto com uma cama gigantesca que eu sequer sabia que existia, o banheiro é equipado com uma banheira que cabe pelo menos umas três pessoas. Após terminar a tour vou para a varanda e fico observando a vista da cidade, pelo menos meia hora se passa e nada de Mile chegar por isso dobro a bainha da calça e coloco os pés dentro da piscina, o dia está quente e a sensação é boa, refrescante.

Enquanto estou ali tento desligar meu cérebro um pouco mas é impossível, o estresse dos últimos dias está prestes a me consumir, não sei como tudo tomou esse rumo em tão pouco tempo. Fecho os olhos sentindo os raios de sol tocando minha pele, controlo minha respiração e finalmente parece que o tempo para, até que sinto um beijo em meu pescoço e todo meu corpo se arrepia.

- Você parece relaxado – a voz de Mile sussura em meu ouvido.

- Estava, até um segundo atrás – começo a acreditar que a meta de vida dele é me provocar. Tiro os pés da água e levanto.

- Você não precisa ficar sempre na defensiva, sabe? – ele fala rindo – Você vai ter que se acostumar com nossa proximidade, não esqueça.

- Como posso esquecer se você faz questão de me relembrar em toda oportunidade que tem?

- Hoje teremos nosso primeiro encontro romântico – Mile diz sem tirar o sorriso do rosto.

- Como é que é? – a informação me pega desprevenido – Primeiro, não assinamos ainda nosso acordo e eu não dei meus termos, segundo, isso nunca vai ser algo romântico, eu estou praticamente me prostituindo aqui.

Meu acesso de raiva apenas para deixar Mile ainda mais animada, seu sorriso é largo e me faz querer socá-lo. Encontro romântico? O que esse mafioso tem na cabeça? A resposta é óbvia, merda e uns parafusos a menos.

- Calma, detetive. O encontro é meramente uma encenação para nosso amigo em comum, Build. Queremos que ele compre nosso romance, certo? Para isso temos que fazer certo. Não podemos continuar nos encontrando apenas aqui no hotel ou ele irá desconfiar. Enquanto fazemos alguns programas de casal também teremos a oportunidade de conversar sobre o caso e como prosseguiremos com os próximos passos.

E mais uma vez odeio admitir que ele tem razão. Me preocupo com Bible, se Build desconfiar que está sendo enganado é possível que meu amigo seja sua primeira vitima e para que isso não aconteça preciso me esforçar.

- E por favor, não diga que está se prostituindo– ele volta a falar se aproximando e envolvendo minha cintura, tento afasta-lomas apenas sou puxado para mais perto – Eu sei que você também quer, seu corpo me diz isso com todas as palavras, estou apenas facilitando para você aceitar isso.

Nota: Obrigada a todos que estão lendo e aos que tiram um tempinho para me deixar um comentário, significa demais para mim. A partir de hoje a história será atualizada toda Segunda, Quarta e Sexta entre 21h e 22h.