Diálogos são tão importantes quanto cigarros.|| Kajemac

Problems

Quarta-feira - 6 de julho de 1990
Mac acorda com os gritos de seu pai.
Era normal a menina escutar gritos e reclamações do mais velho logo de manhã, pois era quando ele chegava das noites de bebedeira.

— Eu chego nessa casa e não tem uma comida pronta para mim, são um bando de emprestáveis mesmo! — diz gritando, com uma voz embriagada.

Depois de mais alguns gritos Mac saiu de seu quarto, mas se arrependeu imediatamente quando seu pai começou a arremessar copos de vidro, e a menina saiu correndo pela porta pegando sua bicicleta.

Era comum seu pai ser descontrolado, mas hoje parecia estar mais nervoso, e Mac suspeitou que fosse porque Alice havia sumido a dois dias.

Aos prantos a garota pedalou o mais rápido que podia, queria ir para qualquer lugar longe dali.

Se viu em frente à casa de KJ e bateu na porta, com receio de que Nora atendesse.

— Meu Deus Mac, o que aconteceu? — KJ pergunta assustada, vendo a menina cheia de lágrimas escorrendo pelo rosto.

Mac apenas caiu nos braços de KJ e as duas entraram na casa.

— Sério, o que aconteceu? — KJ perguntou depois da mais baixa se acalmar, estava claramente preocupada.

— Desculpa KJ, me desculpa, eu vim aqui com meus problemas e estou jogando todos eles em você.

— Não! você não 'tá jogando seus problemas em mim, me conta o que aconteceu.

— Meu pai...ele estava...descontrolado hoje, tinha que sair de lá.

— Ah Mac, sinto muito mesmo.

— Não sinta, a culpa não é sua, me desculpa — Mac fala se levantando para ir embora.

— Espera! Pode ficar aqui se quiser. — Diz coçando a nuca envergonhada. — Quer dizer, não quer voltar para lá agora, quer? — Para infelicidade de KJ ela gagueja.

— Ah, tá...tudo bem então. — Mac volta para o sofá onde estavam conversando.

E assim passaram o resto da manhã, com Mac fazendo piadinhas com KJ por causa de sua casa e dizendo o quanto estava indignada por ela não ter rock em sua coleção de fitas cassete.

Mac sabia que sempre procurava KJ nesses momentos, era como se a menina fosse seu porto seguro, e ela sabia o porque, só não queria aceitar isso.