Cigarettes, books, and rock' and roll

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Sábado - 9 de julho de 1990
Você vai morrer por isso um dia, sabia? KJ diz olhando para Mac que estava tragando seu segundo cigarro.

Todo mundo vai morrer um dia, querida.

As duas estavam sentadas em uma barreira alta, que dava para o lago.

KJ segurava o livro de Hamlet, mas já havia desistido de ler, pois Mac insistia em lhe mostrar todas as músicas que "KJ estava perdendo", no Walkman de Dylan — de maior parte sendo rock puxado para metal, já que ela compartillhava o mesmo gosto musical com seu irmão — mas KJ continuava dizendo que achava um pouco barulhento demais para ela.

De vez em quando KJ olhava para a menor, conseguindo reparar nas sardas de Mac, que para ela, pareciam estrelinhas em uma noite escura.

Não era de agora que a de cabelos enrolados percebera que sentia algo por Mac. Era comum ela se pegar observando - a demais, ficando muito mais animada ao saber que Mac estaria no mesmo lugar que ela, ou até mesmo sentir uma sensação estranha quando a menina soltava alguma de suas frases sarcásticas para ela.

Mas era difícil saber disso.

KJ foi criada para ser a filha perfeita dos Brandman, que tem as melhores notas, não faz nada de errado, e tem um futuro brilhante à espera dela.

Se formaria em administração, casaria com um homem amigo da família — igualmente rico — teria filhos que cresceriam como ela, e viveria o resto da sua vida triste e patética.

Mas não era assim que KJ queria viver, ela queria poder não ter que se importar com os vestidos idiotas, que usaria nas festas idiotas, que seus pais apresentariam para ela meninos idiotas, ela apenas desejava se sentir mais livre.

E Mac fazia ela se sentir assim, livre e mais leve.

Mas tinha medo.

Aquilo era errado, e o que as pessoas pensariam, o que os seus pais pensariam quando ela dissesse que era a palavra com L ?

Era horrível se sentir assim, KJ não entendia porque o mundo era tão cruel.

Mas ela não desejava não sentir o que sentia por Mac, porque era incrível, mas era assustador também...

— KJ! KJ! KJ?? — KJ acorda de seu transe quando percebe que Mac gritava seu nome.

— O- oi, oi, o que foi?

— O que foi? tô' te chamando a cinco minutos, garota.

— Ah...tá, foi mal.

— Acho melhor a gente ir, está ficando tarde, e meus pais vão me matar. — Diz KJ descendo — apressadamente — da barreira em um pulo.

— Então tá, quer que eu vá com você até sua casa?

— Não precisa, obrigada. — KJ pega sua bicicleta e pedala até sua casa, deixando uma Mac confusa — e triste — achando que fez algo de errado.

Diálogos são tão importantes quanto cigarros.|| KajemacOnde histórias criam vida. Descubra agora