Célia, 69 anos

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"Então teve só mais alguém antes de mim?" Perguntei.

"Sim. Teve, mas não é da forma como você está pensando. Não namorei com ninguém depois da Regina." Ele respondeu e entramos no carro dele estacionado no início da trilha.

O carro deu partida e seguimos em silêncio.

"Não sei se foi uma coisa boa, você me pedir mais uma chance. Eu ainda não entendi o que aconteceu lá na trilha."

"Bem, eu basicamente disse que estava apaixonado por você depois de dizer uma dúzia de vezes que não me apaixonaria..." Ele respondeu rindo. "Acho que me expressei errado!"

"Estou com medo." Admiti.

"Medo de que, Sara?"

"Não sei. De escutar a sua última história ou de eu não ser a última história."

Ele sorriu.

"Não se preocupe com isso por enquanto."

"Você vai tentar me ensinar como um relacionamento pode ser bom e simples e eu te mostro como nem sempre coisas intensas e inesperadas são ruins?" Sugeri.

"Seria possível?" Ele questionou.

Dei de ombros.

"Eu não sei, mas eu queria que fosse."

"Sara, você está se declarando?"

"Era você quem disse que não iria se apaixonar. Eu já estava na beira do precipício desde que começamos a trocar mensagens."

Ele balançou a cabeça.

"Muito precipitada."

"Você não?"

"Talvez. Quando a Sônia me falou de você, eu pensei 'Ok, talvez eu consiga o que eu quero agora. Um relacionamento tranquilo e etc'. Começamos a conversar e no fundo eu já alimentava certas esperanças. Você parecia tão..."

"Prática?" Respondi arqueando as sobrancelhas.

"Diferente. Eu também sou diferente."

"Diferente como?"

"Você vai entender depois, Sara. Na verdade, eu espero que entenda."

"Vou tentar."

"Você é tão…"

"Tão..?"

"Fácil de gostar." Ele disse.

"Eu sou?"

"Sim. Fácil demais. Esse é o problema." Ele respondeu.

"É ruim gostar de mim?"

"Não. É ruim porque eu sabia que não conseguiria algo simplesmente pragmático, por mais que eu tentasse." Roberto admitiu. "Você disse que seria nosso último encontro e a ideia de não ter mais você me apavorou. Aí eu vi que meus planos já tinham ido por água abaixo."

"Eu vou tentar, Roberto."

"Tentar o que?"

"Ser a última. Se isso der certo, é claro. Não posso garantir, mas por favor, aja como se realmente quisesse isso, porque eu quero."

"Eu quero."

"Ótimo!" Respondi e toquei na mão dele. "Podemos começar a sua última história de amor."

"Não podemos esperar o próximo encontro. Assim pelo menos eu tenho esperança de te ver de novo."

"Eu prometi te escutar. Não vai me enrolar, vai?"

O Último Caso de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora