Tastes like strawberries [seongjoong]

Capítulo II

Acerto de Contas

Seonghwa acordou dolorido. Muito dolorido e em regiões muito específicas.

Revirou-se cheio de manha pela cama espaçosa, percebendo a claridade que adentrava pela enorme janela de vidro no lado oposto. Mesmo com as cortinas grossas, sabia que já era tarde.

Bocejou tomado pela preguiça, ajeitando melhor os cobertores sobre o corpo que ainda estava nu. Puxou nas memórias como havia terminado a noite passada e percebeu constrangido que tinha adormecido nos braços do alfa sem se dar ao menos a dignidade de um banho.

Hongjoong não estava ali. Esticou os braços debaixo dos cobertores e tudo o que encontrou foram os travesseiros; trouxe um para perto e enfiou o rosto ali, sentindo o cheiro gostoso do empresário.

Nunca soube definir exatamente como ele cheirava. Era, evidentemente, amadeirado como alfas costumavam cheirar, mas com um fundo reconfortante. Lembrava grãos frescos de café, cheirinho de estar numa manhã aconchegante em uma cabaninha no meio do mato, deitado num tapete macio de frente para a lareira. Havia estado em um lugar assim? Sinceramente, não. Mas o cheiro de Hongjoong o lembrava cenas românticas e clichês que assistia em doramas, aquelas que causavam um friozinho gostoso na barriga. Sentiu-se bobo por pensar naquele tipo de coisa.

Ainda estava no quarto dele, percebeu quando se virou de barriga para cima e encarou o teto. Não poderia ser deslumbrado e dizer que nunca tinha dormido com ele. Acontecia às vezes, quando estava muito cansado ou quando queriam transar de novo durante a madrugada. Seonghwa adorava fazer sexo enquanto estava sonolento e Hongjoong nunca o deixava passar vontade.

Já não estava mais com a coleira e deduziu que o Kim havia a tirado para que não ficasse desconfortável. Ele era sempre tão cuidadoso que Seonghwa nem percebeu que estava sorrindo, de olhos fechados enquanto pensava no toque dele e, por mais estranho que parecesse, não de forma sexual.

Poderia enganar a todos, mas o lobo interior conhecia seu segredo. Gostava daquele homem mais do que deveria, seus genes de ômega sentiam a segurança e a proteção que os de alfa dele ofereciam, aquela sensação de pertencimento primitiva. Sentiu vontade de chorar quando se deu conta de que era apenas um conto de fadas que havia criado na própria mente. Mesmo que Hongjoong fosse amoroso consigo, não significava nada além de que ele era um cavalheiro. Tratá-lo bem poderia ser apenas uma parte do negócio que tinham. 

Era bonito e atraente, sabia disso, mas o que mais tinha a oferecer? O moreno poderia escolher qualquer ômega para ser seu. Absolutamente qualquer um se sentiria honrado por estar ao lado daquele homem. Não era apenas sobre o dinheiro, o de cabelos rosados logo percebeu que realmente era ambicioso, também queria o coração.

Encolheu-se na cama, de repente se sentindo muito pequeno. Estava muito sensível por aqueles dias e odiava se sentir assim. Abraçou o travesseiro do alfa e ficou daquele jeito, escondido com o rosto ali até que ouviu alguma movimentação.

Percebeu quando a cama se moveu bem ao seu lado, indicando que Hongjoong estava ali. Fez um bico nos lábios e não levantou o rosto ainda, envergonhado por estar com aquela cara de quem estava prestes a chorar sem nenhum motivo coerente.

Hongjoong adorava ver Seonghwa acordando pela manhã. Diferente da maioria das vezes, era quando o via sem maquiagem alguma. O ômega era extremamente bonito de forma natural. Gostava quando os cabelos dele não estavam milimetricamente penteados para trás, como agora. Aquele amontoado de fiozinhos rosados, que mais pareciam algodão doce, caía sobre a testa, formando pequenas ondas nas pontas, dando a ele uma aparência adorável e angelical, mas sabia que ele ficava inseguro.

— Hwa… meu amor — chamou baixinho, acariciando os cabelos com as pontas dos dedos. — Trouxe café.

O ômega levantou o rostinho amassado que escondia nos travesseiros e Hongjoong se sentiu preocupado com a expressão que encontrou ali.